Nunca trabalhei “fora”, o máximo que fiz foi pegar os famosos “bicos”. O conhecimento que tive sobre essa parte da vida foi com Marx, infelizmente, com essas malditas ideologias enraizadas nas escolas e universidades. Então sim, esse texto é para mim primeiro.
A visão que o patrão sempre oprime o empregado, o humilha e algo precisa ser feito para mudar isso é a visão de muitos dos nossos jovens. Dentro e fora da Igreja, com consciência ou não. Por isso que a relação de superior com vocacionado, madre com as irmãs, bispo com padres, padres com leigos, e assim por diante é encarado como opressora, em muitos casos.
Prefiro a relação dos santos
Josefina Bakhita foi escrava, e sofreu tudo que vem em nossa cabeça quando lemos essa palavra. Foi tratada como mercadoria, insignificante, verme e sem alma. Passava de mão em mão no mercado dos escravos. Um dia, enquanto servia um general turco, lhe é gravada com faca uma “tatuagem” no corpo, 114 cortes e as feridas cobertas de sal para permanecerem evidentes.
Com um de seus patrões, teve a oportunidade de passar alguns meses em um convento, onde conheceu Jesus e enfim recebeu os sacramentos. Não preciso dizer que mesmo diante de tantos sofrimentos, ela suportava tudo com alegria, isso é característica de santo.
A primeira santa africana proclamada pela Igreja, Bakhita chamava Deus carinhosamente de o meu Patrão, não como os patrões desse mundo, mas um Bom Patrão. Aqui já fica a indicação desse filme maravilhoso, a vida dessa mulher é extraordinária, me escandalizou.
O amor tudo suporta
Como já pude testemunhar, o trabalho na comunidade de vida é constante, temos escalas, uma organização a ser seguida, coordenadores, férias, aprendemos habilidades novas, contas a serem pagas, até alguns “estagiários” (restituintes) de vez em quando, horário pra começar e terminar. Dado as devidas comparações, só não temos o salário na conta no final do mês.
Então qual é nossa recompensa? Qual é o nosso décimo terceiro? Qual o valor do PIX? Qual é nosso salário?
Uma querida irmã, veio passar alguns dias em nossa casa aqui na cv e ao final ela pode testemunhar uma reflexão que ficou muito marcada em meu coração, disse para nós que nossa recompensa é o próprio Deus. Nosso pagamento não é só no final ou começo do mês, é diário.
Meu salário é Deus! Minha recompensa é Ele! E quando “não recebo o combinado”, é por falha minha e não do Divino Patrão. É porque não fiz o meu trabalho como deveria, porque só é exigido duas condições: amor e alegria.
Suportamos humilhações, desaforo com nossa fé, falta de respeito por qualquer empreguinho para ter o dinheiro no final do mês, mas quando precisamos suportar certos pesos na “empresa do Reino”, logo nos revoltamos. Mas nos lembremos, o amor TUDO suporta e TUDO é TUDO.
É muito melhor
Claro que todas essas relações são utilizadas pelo Espírito para nos fazer entender algumas coisas, porque servir ao Reino de Deus através de um carisma é muito maior e mais prazeroso do que qualquer outro trabalho, porque os serviços externos são o meio para chegarmos na santificação.
Por isso, meus irmãos, eu não vejo a hora da recompensa eterna. Não vejo a hora de ouvir que fiz aquilo que deveria fazer, apenas uma serva e nada mais. Do salário que não se perde com o tempo, mas de ter Deus por completo e Nele ser inserida. Eu não vejo a hora.
Santa Teresa de Calcutá vai nos dizer que: “O Senhor nunca se esquece daqueles que trabalham para Ele.” Contemos com isso então, de que o Bom Patrão nunca se esquecerá de nós, pois estamos trabalhando para que o seu Reino seja propagado e seu nome conhecido, mesmo que estejamos vivendo um tempo de poda e permanência silenciosa.
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