O Planeta mais próximo dos 3 sols

 

Sendo a Prudência a mais elevada das virtudes cardeais, é ela quem prepara o filho de Deus para se abrir verdadeiramente às virtudes teologais santificantes. É preciso ficar claríssimo para todos nós que prudência não é covardia e nem desculpa para se evitar o combate ao mal em favor da santidade.

 

A definição que mais toca o meu coração é de que prudente é aquele que faz a vontade de Deus, uma vez que a Santa Vontade do Altíssimo é sempre perfeitíssima. Mas vamos para a definição deste planeta segundo nosso teólogo referência Antônio Royo Marin, O.P – “Uma virtude especial infundida por Deus no entendimento prático para o reto governo de nossas ações particulares ordenadas a um fim sobrenatural”[1].

 

Virtude especial, distinta de todas as outras, infundida em nós na prática da razão, que é a responsável pelos atos particulares ou concretos que deve realizar para que se alcance o fim sobrenatural, a santidade. Ou seja, ir ou não ir, fazer ou não, aceitar ou negar, tudo depende do bom arbítrio da razão conduzida pela virtude da prudência que ajuda a avaliar o que convém ou não para um filho ou uma filha amada de Deus.

 

Seis passos para se alcançar a prudência

 

1: Passo >>> Refletir >>> sempre pensar antes de fazer qualquer coisa, sem se deixar dominar pelo ímpeto e capricho das paixões;

2: Passo >>> Considerar >>> prós e contras, consequências boas e más resultantes de tal ação;

3: Passo >>> Perseverar >>> nos bons propósitos, sem se deixar levar pela inconstância ou negligência;

4: Passo >>> Vigiar >>> cuidadosamente a prudência da carne que busca a todo momento justificar o dever de se satisfazer as paixões desordenadas;

5: Passo >>> Proceder >>> com simplicidade e transparência, evitando todo tipo de simulação, astúcia ou engano;

6: Passo >>> Viver o dia >>> como nos aconselha o Senhor Jesus no Evangelho (Mt 6,34), sem nos preocuparmos demais com o dia de amanhã;

 

As virtudes derivadas

 

  1. Integrais à elementos que a integram ou a ajudam para seu perfeito exercício como tal virtude:

 

  • Memória do passado porque não há nada que oriente tanto para o que convém fazer como a recordação dos êxitos ou fracassos passados. A experiência é a mãe da ciência;
  • Inteligência do presente, para saber discernir, segundo a fé, se o que nos propomos a fazer é bom ou mau, lícito ou ilícito, conveniente ou inconveniente;
  • Docilidade, para pedir e aceitar o conselho dos Sábios e experimentados, já que ninguém é bom juiz em tudo e nem de si mesmo;
  • Sagacidade, é a prontidão de espírito para resolver com rapidez por si mesmo os casos urgentes, nos quais não é possível se deter e pedir conselho;
  • Razão, que produz o mesmo resultado da anterior nos casos urgentes e dão tempo ao homem para resolvê0los por si mesmo depois de madura reflexão e exame;
  • Providência, que consiste em concentrar-se bem no fim distante que se tenta para ordenar a ele os meios oportunos e prever consequências que podem se seguir por atuar daquela determinada maneira;
  • Circunspecção, que é a atenta consideração das circunstâncias para julgar em vista delas se é ou não conveniente realizar tal ou qual ato;
  • Cautela ou precaução, contra os impedimentos claros e eminentes que podem prejudicar o caminho que leva ao bem;

 

Para coisas importantes, cada uma dessas virtudes precisa ser ativada para que se faça um juízo de fato prudente. Coisas menores e de menor importância talvez dispensem parte destas virtudes derivadas.

 

  1. Subjetivas, ou seja, as diversas espécies em que a prudência de subdivide:

 

  • Prudência reinativa é a que necessita o príncipe, ou o governante para governar o povo com justas leis visando o bem comum;
  • Prudência política ou civil, que deve possuir o povo para submeter-se às ordens e decisões do governante;
  • Prudência econômica ou familiar, que deve brilhar no chefe de família para governar retamente seu lar;
  • Prudência militar, que deve ter o chefe de um exército para dirigi-lo em uma guerra justa em defesa do bem comum;

 

  • Potenciais, que são as virtudes derivadas ou anexas:

 

  • Eubulia ou bom conselho, que ajuda o homem a encontrar os melhores meios para o fim pretendido;
  • Synesis ou bom senso prático, que inclina a julgar retamente segundo as leis comuns e ordinárias;
  • Gnome ou juízo perspicaz, para julgar retamente segundo princípios mais elevados do que os comuns e ordinários;

 

Aproveite sua estadia nesse belíssimo planeta e fique atento pois a próxima parada é o sol da fé!

 

 

[1] MARÍN, Antônio Royo, O.P. Ser santo ou não ser… eis a questão – Compêndio da obra: Teologia de la perfeccion Cristiana. Ed. Ecclesiae, 2ª Edição – São Paulo, 2018 – pág. 178.

 

LEIA MAIS:

O Planeta Justiça e seus anéis de virtude!

O Planeta Fortaleza

O Planeta Temperança