Qual o gosto da morte?

Acabamos de viver o tempo quaresmal, paixão e morte de nosso Senhor Jesus Cristo, tempo em que somos convidados a meditar sobre a morte d’Aquele que se entregou em sacrifício por cada um de nós. Nos deparamos com ela, a morte, mas no final vêm o consolo, que nos é dado por Ele através da ressurreição, pois a promessa da vida eterna, feliz e abundante enche nossos corações, nos trazendo esperança.

 

Se faz necessário

Se faz necessário uma meditação mais profunda sobre a morte, de como precisamos nos preparar e é claro, aceitar que ela virá, sim ou sim, porém na prática não é tão fácil assim. Digo isso, porque ainda é recente, latente em meu peito, a morte do meu pai. Então meditando sobre a morte e sobre os ensinamentos dos Santos acerca disto, diariamente tenho refletido que:

 

  • A morte é certa e que se o desejo de céu for pequeno, será difícil aceitá-la;

 

“Quem não sentirá quando, enfim, recebe a notícia de sua morte próxima!” –  do livro Preparação para a Morte.

Quão importante é conhecer a vida dos Santos e entender o porquê que eles desejavam a morte. São Carlos Borromeu nos ensina que “a morte nos abre o céu e nos proporciona a visão de Deus”, ou então, Santa Catarina de Sena, “consolai-vos comigo, porque deixo este vale de lágrimas e vou para a pátria da paz”.

Os santos almejavam encontrar com o Santo dos Santos, não se esquivavam dos sofrimentos e muito bem viviam uma vida de sacrifícios, queriam encurtar o tempo disponível aqui na terra, pois a cada minuto aqui, a chance de pecar aumenta, o que causa o afastamento de Deus.

É preciso pensar, se preparar, buscar dia após dia uma vida reta, virtuosa, de relacionamento com Cristo, de profunda intimidade, para que a vontade de encontrar com Ele brote e cresça, tornando então o momento da morte menos penoso e mais satisfatório.

 

A solidão

  • A solidão é certa, no momento da morte estaremos sozinho;

 

Nosso Senhor estava sozinho na cruz. O sentimento de abandono também pairou em Seu coração naquele momento. Ele experimentou a solidão.

“Que mágoa terá ao saber que sua enfermidade é mortal, que é tempo de receber os sacramentos, de se unir com Deus e despedir-se do mundo! …Despedir-se do mundo!” – do livro Preparação para a Morte.

Estaremos sozinhos na nossa hora. Experimentaremos uma profunda solidão. Solidão essa que poderá nos levar ao desespero do deixar, ou que poderá nos unir mais ao Cristo, pois será Ele, a Sua presença a nos consolar.

 

O Amor nos espera

Me pego imaginando como seria chegar ao céu e poder abraçar Cristo. Acho que pediria a Ele para ver meu pai e poder abraça-lo. Mas, será que ele já chegou lá? Não sei … oro todos os dias para que ele se encontre com o Amor na eternidade. Infelizmente, só saberemos como isso acontece quando nosso dia chegar. Dia este que chegará, talvez logo ou não tão logo.

Assim como Cristo nos espera, também nós somos convidados diariamente a querermos encontrá-Lo. A nossa união com Cristo se dá na cruz, unimos nossos sofrimentos aos Dele. A certeza da vida eterna já foi nos dada, não fujamos da dor, do sofrimento, da angústia e da solidão, pois é isso que precede o céu.

Sejamos imitadores de Cristo!

 

 Saudade

A saudade sempre fica e muitas vezes nos entristece. Somente Cristo pode afagar nosso coração e nos ajudar no tempo de luto. Tempo esse que deve ser vivido e bem vivido. No entanto, é importante que esteamos atentos a saudades excessivas, a um exagero que nos leva a depressão.

Maria Santíssima teve uma lança transpassada em seu peito ao ver seu filho tão amado sofrendo e ser crucificado. Quanta saudade não sentiu ao ver os doze reunidos, sem Ele.

É preciso ter um coração esperançoso, que crê na vida eterna e abundante a ponto de desejar viver bem a morte. Maria não desejou que Ele morresse, mas aceitou, pois tinha a certeza que em breve O encontraria.

Que assim sejamos. Livres e disponíveis para quando a morte chegar.

 

LEIA MAIS:

 

Agir e Reagir como Cristo

 

O AGORA E O NA HORA DA NOSSA MORTE