A Escolha de um Diretor Espiritual

A primeira dúvida que costuma surgir quando se decide escolher um diretor espiritual, é se ele deve ser sacerdote. Não se pode estabelecer uma lei absoluta e universal, mas podemos dizer que é preferível, muito conveniente que sim, por três razões:

 

  1. Pela economia geral de ordem sobrenatural, que reservou ao sacerdote o papel de mestre;
  2. Pela íntima conexão – às vezes fusão – com o ofício de confessor;
  3. Pela graça do estado sacerdotal, da qual carecem os não sacerdotes.

 

Todavia, não inconveniente se escolher um religioso não sacerdote, ou um leigo, que seja uma pessoa prudente, experimentada e escolhida voluntariamente. O fato que mais pesa para mim é a facilidade de unir a direção com a confissão.

Se escolhermos um sacerdote, que este seja nosso confessor.

 

Algumas qualidades essenciais de um diretor espiritual

 

Qualidades técnicas, que se referem especificamente à direção em si:

Ciência à Os principais conhecimentos que deve possuir se referem à Teologia dogmática e moral, acética e mística, princípios fundamentais da vida espiritual, a oração e seus graus, ilusões que deve evitar, casos patológicos (doenças mentais e nervosas mais frequentes), fenômenos extraordinários, graças gratuitamente dadas etc.

 

Discrição à A palavra discrição vem do verbo latino discernere que significa discernir, separar, dividir. Esta qualidade não se trata apenas de saber guardar segredo, mas ter uma prudência sobrenatural nas decisões, clareza nos conselhos, firmeza e energia em exigir seu cumprimento.

 

Experiência à Experiência própria do diretor com Deus, para que possa apresentar com firmeza as certezas que já vivenciou muitas vezes e a experiência alheia que é aprender com os erros e acertos de outros homens e mulheres santos;

 

Cinco são as características morais que deve reunir o diretor espiritual.

  1. Intensa piedade – Em outras palavras, intimidade e comunhão com Deus. A piedade do diretor deve ser profunda e equilibrada, cristocêntica e girar em torno da glória de Deus;

 

  1. Zelo ardente pela santificação das almas – consequência da anterior e dispensa explicação;

 

  1. Grande bondade e suavidade de caráter – O diretor deve estar animado pelos mesmos sentimentos de Jesus e não deve ser intransigente, legalista. A misericórdia é essencial para o diretor. Este deve estar adornado de sentimentos paternais, obcecado por formar as almas segundo o coração de Deus;

 

  1. Profunda humildade – Afinal: a) Deus resiste aos soberbos; b) Desconfiar de si e de suas luzes, não hesitando em consultar pessoas mais doutas do que si mesmo; c) A humildade atrai e cativa as almas;

 

  1. Profundo desinteresse e desprendimento – Ao bom diretor deve rezar a santa indiferença, sem buscar satisfação pessoal na direção e tão pouco se importar com quem vai embora ou se gabar de quantos atende;

 

Talvez você não saiba tudo isso de um sacerdote, ou um leigo antes de começar a ser dirigido por ele, mas após dois ou três encontros, fica fácil de separar o joio do trigo. Só tome cuidado para não manipular o processo segundo as facilidades pessoais, pois é Deus quem determina quem deve nos dirigir, escute-O.

 

Referência: SER SANTO OU NÃO SER EIS A QUESTÃO – Compêndio da obra: Teologia de la perfeccion Cristiana – Autor: Antônio Royo Marin. O.P. – Editora Ecclesiae.

 

 

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