O Rei do Show: O que Deus me falou!

Ei deixa eu te perguntar, você já assistiu a um filme que não só te impactou com a produção e história que foi apresentada, mas também te levou a grandes reflexões sobre sua vida e até mesmo a sua vocação? Recentemente assisti o filme “O Rei do Show” um musical que conta a história de Barnum, um jovem de origem humilde que desde a infância sonhava com um mundo mágico.

Ele, então, desafia as barreiras sociais se casando com a filha do patrão do seu pai e dá o pontapé inicial na realização de seu maior desejo, abrindo uma espécie de museu de curiosidades.

O empreendimento fracassa, mas ele logo vislumbra uma outra saída, produzir um grande show estrelado por pessoas diferentes, cheias de talentos, mas rejeitadas pela sociedade.

 

Dê vida ao que está morto

Um dos trechos do filme que mais me chamou a atenção é quando Barnum começa a refletir sobre uma observação que suas filhas fizeram para ele de que tinha muita coisa morta dentro do museu, e que ele precisava dar vida aquele lugar.

A palavra de Deus vai nos dizer que o salário do pecado é a morte. E fazer esse movimento de dar vida ao que está morto é mudar de direção, buscar uma conversão diária e não se conformar com o seu pecado, mudar todo o itinerário que te leva ao pecado, mesmo que isso te custe amizades, relacionamentos ou até mesmo a vida.

É o momento propício de nós pedirmos ao Espírito Santo o consolador e paráclito para que com o sopro de vida d’Ele dê vida ao que está morto em nós.

Isso pode até parecer fácil, porém algumas vezes estamos tão acostumados com nossa zona de conforto que tudo parece estar bem, mas é claro que vai parecer estar bem mesmo, o que está morto não vai te gerar incomodo algum, não vai te dar trabalho, pelo contrário vai te iludir com um sentimento de uma falsa paz e tranquilidade.

 

Missionar para levar vida

Na JMJ (Jornada Mundial da Juventude) de 2013 o Papa Francisco nos deixou bem claro que não queria uma Igreja tranquila, mas sim uma Igreja missionária.

“Isac nesse tempo de pandemia não dá para sair de casa para missionar?”

Ei veja, a sua casa deveria ser o seu primeiro campo de missão! Testemunhe com a sua vida e ajude os seus a também dar vida ao que está morto aí na sua casa.

E não poderia deixar passar também uma breve reflexão sobre a tão conhecida parábola dos talentos (Mt 25, 14-30).

Se você é aquele que escolheu enterrar seu talento, como é que você ainda quer que ele dê frutos para o Reino de Deus se você mesmo já declarou morte dele?

 

O seu talento está à disposição do Reino?

Mais um trecho incrível que me impactou foi quando Barnum começou a selecionar as pessoas que iriam compor o show dele, e no filme se você deixar ser levado pela primeira impressão com certeza vai falar ou pensar, poxa o cara quer fazer um show ou uma palhaçada com essas pessoas estranhas e bizarras!?

Nós somos esses que fomos escolhidos pelo nosso criador para sermos anunciadores da boa nova e colocar os nossos talentos à disposição do Reino. Mesmo com algumas deformidades e marcas que o pecado já causou em nossas vidas.

Precisamos ser estes que correspondem ao projeto de Deus com todo amor e fidelidade ofertando nossas vidas, para que assim outros possam ter vida.

Por diversas vezes eu já desprezei os talentos que o Senhor me confiou pelo fato de invejar o talento do meu irmão, como diz aquele velho ditado “A grama do vizinho e mais verde que a minha”.

 

Desejar os meus talentos

Durante a homilia desse domingo o Padre Maycon (Vigário da Paroquia N.S. de Fátima) dizia que devemos buscar ter intimidade com o Senhor através da experiência que eu fiz e não através da experiência que o meu irmão fez.

Trazendo essa reflexão para esse cenário dos talentos é importantíssimo nós reconhecermos o valor que o nosso talento tem aqui nessa terra de maneira especial na contribuição para a expansão do projeto de Deus.

Tem uma frase que escutei a um tempo atrás em uma homilia do Dom Devair (Bispo regional da Arquidiocese de São Paulo) em que ele dizia “Quando nós não atrapalhamos, o Senhor faz um grande trabalho em nós e através de nós”.

E posso testemunhar com propriedade essa frase quando olho para minha vida e para os ministérios que o Senhor me confiou hoje, e o quanto Ele já fez em mim e através de mim, nunca por mérito meu, mas sempre por graça d’Ele.

A grande chave para não atrapalhar a Deus é encontrar onde é o meu devido lugar, e uma vez encontrado esse lugar permanecer independente do que aconteça.

Corremos um grande risco também de pegar os talentos que o Senhor nos confiou e usá-los somente para interesses pessoais, onde não agrega em momento algum o projeto de Deus.

 

O essencial permanece!

Cuidado para as luzes do palco não cegar os seus olhos.

Barnum encontra um novo talento e decide investir em uma turnê com Jenny Lind uma grande cantora, mesmo sua esposa dizendo que ele já tinha o essencial e não concordava com a turnê, Barnum segue em frente e com os olhos ofuscados pelas luzes do palco não enxerga mais nada além da sua reputação, do seu sucesso, e de seu desejo de vingança com o sogro.

E é nesse exato momento que sua carreira e sua vida começam a ir de mal a pior.

Quantas vezes nossos olhos se ofuscam com nossa soberba e autossuficiência?

Esquecemos do essencial de que não precisamos de muita coisa para sermos felizes e livres, mas com um coração ancorado no materialismo, cargos e poderes acabamos esquecendo o que realmente importa e com isso machucamos quem amamos.

Nossa comunidade tem a graça de missionar nas realidades carcerárias (fundação casa e presídio feminino) e quantas histórias nós já escutamos lá, de jovens e mulheres que perderam tudo em busca de poder, prazer, ter e tantas outras futilidades.

E, nosso papel primordial dessa missão chamada “Alabastro” (com referência na passagem de Lc 7, 37) é de trazer o resgate da essência desses jovens e dessas mulheres. E testemunhar com as nossas vidas que assim como dizia Santo Agostinho “Inquieto estará o nosso coração quando não repousar em ti Senhor”.

Não sei você mais essa luz da autossuficiência já me cegou diversas vezes por propostas, ilusões e ideias fantasiosas que me roubavam da realidade, mas é necessário sair de cena as vezes porque nenhum aplauso pode preencher o vazio do seu coração, só Deus pode saciar o anseio da tua alma e te preencher por completo.

 

O show tem que continuar

Independente das dificuldades que você esteja enfrentando hoje a tua vida precisa continuar, e como costuma dizer a Georgia Moura (Formadora Humana da CACL) “tudo isso faz parte do show da vida”.

O recomeço nunca é fácil, mas nunca esqueça disso sozinho você pode até ir mais rápido, mas com as pessoas certas do seu lado te ajudando e orientando nesse recomeço você chega mais longe e conquista o reino dos céus.

O filme traz alguns elementos também sobre a vida fraterna e é interessante você perceber que o quanto a força e o apoio de um com o outro fortalece ainda mais o grupo.

Então busque primeiramente encontrar onde é de fato o seu lugar, depois permaneça onde Deus quer que você esteja e muito cuidado com as luzes do palco para não cegar os teus olhos.

Segue uma dica feche os olhos e peça a intercessão de Santa Luzia, aqui na comunidade nos rezamos essa jaculatória “ Santa Luzia Rogai por nós e dai-nos olhos espirituais”.

E por fim se você não assistiu ainda o filme, apesar dos spoilers aqui no texto, assista! E faça as suas reflexões também.

 

 

Veja reflexões de outros filmes:

Qual o milagre na cela 7?

O filme do Coringa e a relação com nossa evangelização na Fundação CASA

O coringa existe, e eu o conheço