A primeira sensação que eu tive quando assisti o Coringa e vi o Arthur Fleck, é que “já vi essa história antes”.
Toda semana estou dentro da Fundação CASA, e não é muito difícil encontrar histórias tão parecidas como a do Arthur.
{CONTÉM SPOILER}
Um rapaz que nunca teve uma família estruturada, uma mãe que ele precisa cuidar, e que no decorrer da trama, mostra o quanto possui problemas psíquicos.
Essa é a primeira característica em comum, dos jovens que encontramos cumprindo medida sócio educativa, não temo em dizer que 99% possui problemas familiares. Ou, é a falta da presença um pai, ou abusos psicológicos, físicos, sexuais e até mesmo, abusos sociais. Fora os pais envolvidos no mundo do crime que somam a estrutura familiar desses jovens.
Quando não, em algumas situações, possuem todos esses juntos, como é o caso do Coringa, e de muitos que conheço.
Em três anos de missão, em diferentes unidades, conhecendo inúmeras histórias, posso te afirmar que até hoje não conheci nenhuma que possuísse uma família estruturada e sólida. E, muito menos uma família cristã.
Eis o primeiro problema do Coringa, sua família.
Ninguém nasce sendo Coringa
Alguns psiquiatras defendem que alguns já nascem psicopatas, ainda com uma certa ignorância sobre o assunto, discordo.
O que podemos dizer é que alguns nascem com tendência psicopáticas, tanto pela genética, quanto por traumas desde sua concepção.
Porém, essa tendência pode ser controlada e cuidada. E assim, revertida. Nenhuma tendência, ainda que genética, pode nos condenar para o resto da vida. Até disso o Cristo quer nos libertar.
O problema em questão é, alguns nascem com tendências psicopáticas, ou sofrem alguns traumas que ocasionam a mesma. Só que não há estrutura social que cuide dessas pessoas, e a situação só piora.
Foi o caso do Arthur, sua mãe nunca contou a verdade sobre a sua história, e nem podia devidas as suas psicopatias, o que dificultou um tratamento adequado.
O acompanhamento que ele fazia com uma assistente social é cortado por falta de verba governamental, e ele fica sem seus remédios e sem nenhuma assistência. (Qualquer semelhança é mera coincidência, tá?)
A máscara da realidade
Um menino que foi abusado quando criança, apanhou do padrasto e em meio ao trauma foi estabelecida a sua missão de vida, ou melhor, a missão que sua mãe o deu. Que era dele estar sempre sorrindo.
Claramente isso não era verdade, e isso é ilustrado brilhantemente no começo do filme, com ele se maquiando em frente ao espelho, quando força um sorriso e ao mesmo tempo uma lágrima cai de seus olhos.
Um sorriso em meio a lágrimas, essa era a verdade daquele homem, mas ninguém estava olhando para aquilo. Apenas para a maquiagem ali colocada, que impedia os olhares rápidos de transcender a verdadeira realidade daquela pessoa.
Sim, o Coringa é uma pessoa. O óbvio parece ser esquecido, não? Mas, ele é uma pessoa.
Aquelas meninas que estão presas e encontro toda semana, são pessoas.
Só que quantas vezes deixamos de olhar para esses como pessoas?
E em sua reclusão tudo parece que é feito para que se esqueçam que são pessoas.
Aqui está a máscara da realidade, olhamos para um ato criminoso e condenamos por esse ato exclusivamente, esquecendo todo o resto que o fez chegar até ali.
A condenação é justa, mas sem um olhar para a história, a única coisa que será gerado quando esses saírem da reclusão, será reincidência, pois não foi olhado para a realidade de cada indivíduo. Apenas para o sorriso que estava no rosto, e não para a lágrima que caía.
O mal vence, o Coringa nasce
A minha maior dor nesse filme, é o seu final, e ver que dessa vez, o mal venceu. E o pior, por conta de sua história, justificamos esse mal e concordamos com ele. Afinal, faz sentido, olha tudo que o Coringa passou.
NÃO! Essa história não deve gerar conformismo em nós, deve gerar, na verdade, inquietação.
Na noite que assisti o filme, não consegui dormir direito, Deus estava me mostrando as nossas meninas, e em desespero dizia a Ele, nos ajude a cuidarmos delas para que não virem Coringas. Por favor Jesus!
E ao mesmo tempo, eu sentia a dor no coração de saber que muitas já são, e que agora só resta suplicar por misericórdia por elas.
Na nossa história, o mal não vence
Não acreditamos em “viverão felizes para sempre” como nos filmes encantados. Acreditamos em Jesus, que morreu na Cruz para nos salvar.
Jesus venceu a morte. Jesus venceu a Cruz. Ele venceu a desobediência. Selou a nossa alforria na Cruz. Venceu a tendência humana pecaminosa, pois Ele como Homem, viveu de maneira Santa!
Aqui está o nosso final feliz, é aqui que o bem vence o mal.
Ninguém apresentou saídas para o Coringa. Talvez, se uma pessoa tivesse feito a diferença na sua vida desgraçada, ele teria seguido um caminho diferente.
E hoje, me sinto agraciada, porque Deus me escolheu e me chamou para anunciar uma saída àquelas meninas da Fundação CASA, antes que se tornem novos Coringas.
A saída é o amor. E essa frase tão curta, tem tanto para dizer.
Apenas isso, a saída é o amor!
Encontramos meninas na Fundação CASA, e ainda que seja uma realidade ruim, acredite, é bem melhor do que no presídio. É aqui que o Senhor nos leva para que o mal não vença na história daquelas meninas. Chegamos antes delas adentrarem no presídio, e que nunca adentrem.
Eu sai desse filme angustiada, atemorizada, desesperada.
Mas o Jesus que me escolheu e que eu aceitei, o carisma que me possui, me faz olhar para essa realidade e ter esperança e inquietação no coração.
Não foi o primeiro Coringa que vi, e com certeza não será o último, mas diante dessas histórias, meu coração como um coração Cristo Libertador não fica conformado. Fica inquieto para anunciar a Salvação!
Nós, Comunidade de Aliança Cristo Libertador, somos esses que anunciam a salvação para esse povo. Uma saída para que o bem vença o mal.
O resultado será mais Santos, e menos Coringas.
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