O que nós temos é nossa miséria

Nada é tão nosso quanto a nossa miséria. Afinal o que fazemos de bom é de Deus, aquilo que fazemos de mau é nosso, em Deus não há nenhum mal.

 

A miséria de Maria Madalena

Era tesouro ou miséria o nardo de Santa Maria Madalena?

Aqui é que está, era uma miséria aquele nardo diante de quem ela estava. O problema é que muitas vezes achamos que aquele mísero nardo é um tesouro, e não é.

Maria Madalena derramou uma miséria diante dos pés de Jesus, podia ser sua, ou até mesmo valiosa para alguns, mas era sua miséria. Ela se derramou ali, e depois encontrou um grande tesouro, a comunhão com Jesus Cristo que lhe deu a misericórdia.

 

Gerando comunhão

Maria Madalena expôs para Jesus sua miséria, e não foi apenas uma vez, algumas vezes ela realizou essa exposição. Mas também, ao contemplar Jesus na Cruz, viu a miséria dos nossos pecados que maltrataram tanto Jesus.

Jesus na Cruz compartilha dessa miséria conosco, expondo a sua própria carne a pena do pecado.  Aqui, é gerada comunhão. Aqui está a verdade e exposição. Quando eu exponho a minha miséria diante de Cristo ou de irmãos caridosos, eu gero comunhão com esse Cristo nesse momento. Gero comunhão com o Cristo Libertador, exposto.

Foi assim também com Pedro. “Pedro, tu me amas?”, por 3 vezes ele responde, seu amor pequeno e seu ato miserável de ter de negá-lo vem em sua memória. Mas, logo em seguida, há uma profunda comunhão entre ele e Jesus.

Profundas comunhões começam assim, com a exposição de miséria.

Onde quero chegar com isso?

Se você deseja ter profunda comunhão com seu marido, amigos, ou até mesmo, comunidade, só será possível você partilhando aquilo que tem, sua miséria.

 

Guardar para que?

Santa Faustina relata em seu diário a sua luta para aceitar a sua própria miséria, que por muitas vezes ela rejeitava. A rejeição da nossa própria miséria, faz com que não transcendamos para a partir dela encontrarmos com a misericórdia.

Ou seja, guardar a miséria diante de tudo e todos não serve para nada, só piora. Ela continua existindo, porém só é algo para eu me envergonhar, chorar, me entristecer, paralisar.

 “Sei bem o que sou por mim mesma, por isso Jesus desvendou aos olhos da minha alma todo o abismo da miséria que eu sou, e por isso compreendo bem que tudo o que há de bom na minha alma é unicamente a Sua santa Graça. Esse reconhecimento da minha miséria me permite ao mesmo tempo conhecer o abismo da Vossa misericórdia. Na minha vida interior, olho com um dos olhos para o abismo da minha miséria e maldade, e com outro, para o abismo da Vossa Misericórdia, ó Deus”

(DSF 56)

Se libertar

Se você quer se libertar de suas misérias, preservá-las não é o melhor caminho. Maria Madalena podia ter se preservado, mas ela não fez assim e olha a santa mulher que foi.

Isso não quer dizer que você sairá postando no Facebook e Instagram uma lista miserável da sua vida. Não faça isso, pelo amor de Deus.

Mas, com as pessoas que você deseja verdadeiramente compartilhar a vida, é necessária essa partilha.

Se você deseja verdadeiramente ser um consagrado, você precisará compartilhar a sua miséria com seus irmãos. Se você deseja ter comunhão com sua esposa e esposo, você precisará partilhar com ele(a). Para ter amizades profundas, amigos íntimos, você precisará compartilhar com eles.

Afinal, se você não compartilhar isso, partilhará o que?

 

Não é saboroso, mas é libertador

De fato, não é a coisa mais gostosa para se fazer. Com certeza preferimos partilhar grandes feitos e vitórias nossas.

No momento que estamos partilhando aquela miséria, dói. Muitas vezes pensamos em desistir e o demônio até nos incentiva a “deixar para lá”.

Dói, sangra, é vergonhoso, não é bonito. Em Jesus na Cruz a miséria também doeu, sangrou, foi vergonhoso, não era bonito, Ele não tinha aparência humana.

Porém, é o único caminho da verdadeira libertação e comunhão.

Assuma suas misérias e partilhe com aqueles que Deus te confiou, assim você encontrará com uma imensa misericórdia e grandiosas relações.

As relações sobem de nível depois desse momento, são mais profundas, intensas. Profundíssimas, libertadoras, há uma verdadeira comunhão de VIDA. Agora é possível tocar em uma pessoa que é real, e não apenas em um ideal. Tocar na verdade e não na fantasia.

 

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