O cristão precisa ser militante

Ser ou não ser militante? Em tempos de guerra, de paz incerta ou relativa, é necessário nos posicionarmos claramente, e em alguns casos incisivamente, ainda que isto gere conflitos e pareça desarmonizar famílias, empresas, comunidades, instituições e sociedades inteiras. Nada vale mais do que a Verdade.

 

Etimologia e significado

A palavra militante deriva do latim “militans,antis”, derivada do verbo latino “militare”, que significa ser soldado, ser militar.

Ser militante é buscar defender uma causa de maneira ativa, lutar por ela, com ações e não com especulações. O dicionário também nos diz que militante é o nome que se dá a quem participa de alguma organização Católica.

 

Igreja militante

A Igreja Católica Apostólica Romana é subdividida em três grupos. A Igreja militante constituída por cada um de nós, aqui na Terra, que fomos batizados e professamos a fé em Jesus Cristo.

A padecente formada por aquelas almas que já estão salvas, porém, ainda não totalmente purificadas (as que estão no Purgatório). E a Igreja triunfante que é composta por todas as almas que já se encontram na glória de Deus (no céu).

Ser Igreja militante, portanto, consiste em lutar pela própria santificação e pela dos irmãos, de modo que o Reino de Deus se estabeleça já nesta Terra, ainda que com a ciência de que sua plenitude se dará somente no céu.

 

A militância dos santos

A militância dos santos (batizados) nesta vida se dá por amor a Deus, expressa através do amor aos irmãos e consiste na resposta concreta ao chamado de nosso Senhor. Não posso dizer que o sigo, se não caminho atrás Dele, se não o imito, se não me converto, não progrido na luta contra os pecados e no adquirir virtudes. Se não milito enquanto cristão não posso dizer que sou Igreja, e não serei contado no número dos filhos triunfantes, e talvez nem no dos padecentes.

A verdade é que se sou um bom militar do altíssimo nesta Terra, com o auxílio primaz da graça de Deus passarei para a outra vida minimamente chegando ao purgatório (Igreja padecente), e se morrer em combate, no martírio diário, ou até de sangue (quem dera) poderei subir para a Igreja Triunfante, sonho de todo autêntico cristão. Militar segundo a Verdade, para minimamente padecer na esperança de triunfar.

 

Militar nesta Terra

“Não pode haver, na sua vida, dois caminhos paralelos: de um lado, a chamada vida espiritual, com os seus valores e exigências, e, do outro, a chamada vida secular, ou seja, a vida de família, de trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura”. (Cardeal Joseph Ratzinger [Bento XVI])

Não somos daqui, mas estamos aqui. Somos seres complexos, e uma de nossas esferas constitutivas é a da relação. Ninguém vai para o céu sozinho. Frase clichê, mas verdadeira e irrefutável.

O Evangelista São João é claro ao afirmar em seus escritos, que quem diz que ama a Deus, mas não ama seu irmão, é um mentiroso (1Jo 4,20). Então, podemos concluir que os que vivem a verdade se relacionam, e não de qualquer forma, mas com amor.

A vida espiritual, esfera maior de nosso ser deve ordenar as demais, para que haja inteireza. E não há como negar a necessidade, portanto, de nós cristãos nos manifestarmos em cada ponto citado por Bento XVI acima. Se nós cristãos não falarmos, as rochas falarão. A criação geme em dores, como que de parto, ansiosa pela nossa manifestação.

 

Militar também é fazer política

“Quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas”. (Bento XVI)

O termo política refere-se aos assuntos da pólis, da cidade. Do lugar onde os cidadãos vivem. Segundo o Papa Francisco consiste-se em uma atividade nobre. É preciso valorizá-la, exercendo-a com vocação e uma dedicação que exige testemunho, martírio. Ou seja, morrer pelo bem comum.

Em resumo é serviço nobilíssimo, que não deveria ser sinônimo de corrupção e autopromoção, mas sim de entrega, doação, martírio. São João Paulo II afirma que a política deve ser realizada em profundo espírito de serviço, e serviço, bem sabemos, deve ser a principal linguagem de amor de uma comunidade cristã.

Além de tudo isso, soma se o tríplice munus batismal que todos recebemos ao entrarmos na conta dos filhos militantes de Deus: governo, profetismo e sacerdócio.

Governar é servir ao bem comum. Profetizar é ensinar e exortar para o bem comum. Ser sacerdote é se sacrificar para o bem comum.

Cristo não foi um Messias político, mas não se omitiu em questões políticas. Ele militou pela vida em abundância aqui nesta Terra, em vista da eternidade superiormente abundante e reservada a todos nós.

 

Ser cristão é ter partido

Sobre qual assunto o Senhor Jesus se omitiu? Qual ignorou? Humanidade, sociedade, religiosidade, espiritualidade, corporeidade, eternidade, Ele se posicionou sobre todos, e se posicionando nos deu uma posição para defender. Posições claras. Absolutas.

Somos chamados ao mesmo caminho de Cristo, o da Cruz, não tem jeito.

Ao nos posicionarmos seremos classificados como fundamentalistas, conservadores, ora reacionários, ora revolucionários, só não podemos por conta de nossos posicionamentos deixarmos de ser cristãos. Alguns dirão inclusive que somos pertencentes a partidos políticos, e estão certos, se somos cristãos somos desse partido e ponto.

Ser cristão é ser um ser de posição, nossa posição é a Cruz.

Cristão que foge da Cruz, está mais para Judas, ou talvez só esteja faltando Pentecostes. Sou militante, e minha bandeira é a Cruz do Senhor. Se algum partido político por aí, ou algum político em si defender está mesma bandeira e seus demais valores, sempre terá meu apoio e minha crítica construtiva.

“Tolerância se aplica sempre a pessoas, nunca a princípios. Intolerância se aplica sempre a princípios, nunca a pessoas” (Fulton Sheen).

 

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