Índio tem que ser evangelizado

Muito se tem falado sobre o famigerado Sínodo da Pan Amazônia, acontecido em Roma no mês passado, e que trás questões polêmicas, uma delas a evangelização de índios.

Todavia, não quero cair no mesmo erro de muitos irmãos que admiro bastante e que possuem grande know how para falar profundamente dos assuntos teológicos lá debatidos, mas que ao expor suas ideias e reflexões visando defender a sã doutrina de nossa Igreja acabam faltando com o respeito com padres, cardeais e até mesmo para com o Papa Francisco.

Sei que às vezes a língua coça com algumas situações e declarações estapafúrdias de nossos pastores, mas não podemos nos esquecer de que são homens ungidos pelo Espírito Santo, a quem devemos respeito e obediência.

Louvo e agradeço a Deus, também, pela vida destes profetas que se colocam nas mídias e nos expõe os fatos de maneira honrosa e veemente, assim podemos orar de maneira eficaz e específica como bem nos ensina nosso baluarte Santo Elias.

Se não ficássemos sabendo dos fatos em tempo real e sem filtros, não poderíamos interceder pela nossa Igreja, e os estragos do relativismo e de tantos outros ismos que infelizmente seriam ainda mais avassaladores.

A missão

Vamos ao assunto!

Aqui em casa assinamos a Lumine TV, empresa que oferece um conteúdo cinematográfico de qualidade, e exclusivamente católico. Coisa boa mesmo, de raiz.

No último domingo assistimos ao filme A Missão” (1986) dirigido por Rolland Joffé, com roteiro de Robert Bolt, e atuação de Robert De Niro, trata sobre os conflitos que envolveram os jesuítas, as Coroas Ibéricas e com o Papa, culminando na expulsão dos primeiros em meados do século XVIII.

Além de toda a trama que você pode conferir assistindo o filme, é claro, ou lendo a resenhas muito bem escritas e disponíveis na web, quero me ater em uma reflexão que toca em uma das questões em pauta atualmente: a enculturação e a evangelização dos povos indígenas.

Embora tivessem como objetivo a difusão da fé e conversão dos nativos, as missões jesuítas se tornaram instrumentos do colonialismo, todavia, na análise do historiador Darcy Ribeiro em As Américas e a civilização, as missões caracterizaram-se como a tentativa mais bem sucedida da Igreja Católica para cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de absorção ou escravização pelos diversos núcleos descendentes de povoadores europeus que visavam expansão mercantilista.

Comunidades inteiras evangelizadas

No filme vemos comunidades indígenas inteiras evangelizadas, de forma autêntica sem perda de seus traços culturais originais. De fato, se vê claramente que os nativos das Américas estavam felizes e extremamente realizados com o encontro que tiveram com o próprio Cristo.

É bonito de se ver em uma visita do Cardeal Altamirano, a duas das missões o coro de indígenas cantando em latim para receber o epíscopo, e toda a organização, não apenas estrutural (arquitetura e afins), mas cristã que os jesuítas conseguiram promover em tais comunidades, desde a catequese até a liturgia.

O final do filme é épico, trágico e emocionante. Não vou dar spoiler, vale a pena assistir.

 Por que inventar moda?

Sem muitas delongas o questionamento que fiz a mim mesmo ao assistir esta obra de arte fora:

“No final do século XVIII dava para evangelizar com qualidade nossos irmãos indígenas, realizando a enculturação necessária, sem perder a preeminência e prevalência da cultura cristã, e agora no século XXI, quando temos mais recursos e facilidades não dá mais? Agora temos que nos converter à cultura indígena, ao invés de ajuda-los a se tornarem cristãos?”

Não dá para entender este discurso furado, e totalmente contra evangélico!

O Senhor nos enviou, dizendo:

Ide por todo mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura. Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado” (Mc 16,15-16);

“Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28,19-20).

Ele foi claro em seu mandato, não teve meias palavras. Falou de evangelização, batismo e salvação.

A Verdade do Evangelho prevalece

Não adianta criar palavras bonitas. É trágico replicar a reportagem de freiras que deixaram de ser freiras para serem um com os índios, perdendo completamente sua identidade.

Somos chamados a ser evangelizadores e não assistentes sociais, ou então, de flecha que atinge o alvo, nos transformarmos em alvo atingido por flechas.

Acho que se aparecermos de colar e cocar no dia do juízo, a não ser que sejamos índios cristãos e santos, vai dar ruim! Assim como se aparecermos de túnicas, hábitos e sacramentais e não formos cristãos e santos vai dar ruim igualmente.

“A alegria do Evangelho é para todo o povo, não se pode excluir ninguém; assim foi anunciada pelo anjo aos pastores de Belém:

«Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo» (Lc 2, 10)” (EG 23).

“Ao longo destes dois milênios de cristianismo, uma quantidade inumerável de povos recebeu a graça da fé, fê-la florir na sua vida diária e transmitiu-a segundo as próprias modalidades culturais.

Quando uma comunidade acolhe o anúncio da salvação, o Espírito Santo fecunda a sua cultura com a força transformadora do Evangelho.

E assim, como podemos ver na história da Igreja, o cristianismo não dispõe de um único modelo cultural, mas «permanecendo o que é, na fidelidade total ao anúncio evangélico e à tradição da Igreja, o cristianismo assumirá também o rosto das diversas culturas e dos vários povos onde for acolhido e se radicar.” (EG 116).

Referências:

http://m.vatican.va/content/francescomobile/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html

O CONSAGRADO CUIDA

Um profeta se sustenta na palavra