Espírito de rotina que destrói

O espírito de rotina tira o sabor de coisas tão sublimes, como a Eucaristia.

“Na Eucaristia nos é dada a graça nutritiva e unitiva, que alimenta e transforma o homem em Cristo pela caridade, com auxílios especiais contra o amor próprio, que o impede de perseverar no amor de Deus” (Marin, Antônio Royo).

A Eucaristia

Estamos realizando em nossa comunidade uma formação a respeito da engenharia necessária para se alcançar a santidade, e dentre os elementos fundamentais que estamos estudando está a Sagrada Eucaristia.

Sem uma participação frequente e piedosa ao banquete eucarístico não há como ser santo, esta é uma de nossas verdades de fé.

De maneira bem resumida, o corpo e o sangue de Cristo nos comunicam e nos fazem participar da vida de Deus.

Não somos nós que assimilamos a Cristo, é Ele quem nos diviniza e nos transforma em si mesmo. Na Eucaristia, o cristão alcança a máxima Cristificação, experimenta o céu aqui na terra e passa a experimentar da pericorese trinitária.

O espírito de rotina

Infelizmente, muitos de nós acabam cedendo ao espírito de rotina, acabam não se preparando bem para este encontro profundo com o divino mestre que se coisificou por amor a nós.

Tampouco aproveitam do momento da ação de graças para se unir a Ele e gozar desta maravilhosa oportunidade de experimentar a interpenetração (pericorese) das pessoas divinas.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que os sacramentos realizam a graça a que se propõe independentemente da fé de quem os ministra (ex opere operato – CIC 1127), porém o tamanho de nossa fé, ainda que seja comparada a um grão de mostarda (Mt 17,20) pode alargar a nossa alma para o recebimento dos frutos que nos oferece cada um dos sacramentos (CIC 1128).

Marin, bem nos ensina que quanto maior o copo, mais água poderemos coletar do manancial de graça.

O “espírito de rotina” acaba por deixar este copo esbelto, estreito, pequeno e apesar de não inutilizar os benefícios sacramentais, fecha a alma em grande medida para o manancial do amor de Deus que quer nos inundar.

Ele acaba com o sexo

Comparando, por exemplo, com o ato sexual conjugal, (com todo o respeito) é como se os esposos se unissem única e exclusivamente para cumprir suas obrigações matrimoniais. Quase que uma instrumentalização do sexo.

O que seria um grande sacrilégio, afinal este não é o fim para o qual foi criado por Deus. Mas, quantos deixam que o espírito de rotina tome sua vida conjugal no casamento?

Se assim acontecer por algum tempo, este casamento entrará em crise, pois o momento pleno de união, que devia transformar marido e mulher em uma só carne, unindo-os ao coração de Deus, acabará se tornando sem graça, desmotivador e dispensável.

Ele acaba com a comunhão Eucarística

O mesmo acontece com quem comunga por comungar.

Sem se preparar, sem participar de corpo e alma da Santa Missa, e sem viver a ação de graças como quem vive a noite de núpcias com seu amado esposo (CIC 116,117, 1612).

Sei que este último item parece estar romantizado demais, mas não está. É isso que espiritualmente somos chamados a viver.

Nós, Igreja, noiva, nos encontrando com nosso divino esposo, Jesus, o Cristo Eucarístico.

É bom ficar claro que a rotina em si é boa. Ela regra nossa vida, nos dá constância e fortalece nossa alma, corpo e espírito, nos ajudando a transformar hábitos bons em virtudes, que nos darão uma nova natureza, e que nos levarão à santidade.

O espírito de rotina prejudicial é aquele que tira o sabor das coisas e esvazia sua importância.

No caso do sexo no matrimônio, seria a não preocupação para que haja prazer e orgasmo mútuo, seria o não se importar com a união que está rolando, a não abertura à geração de vida, a falta de preocupação com detalhes que podem satisfazer um ao outro como, por exemplo, a preparação do local, a higiene pessoal, a ausência de oração na vida do casal, de amor, de carinho, e por aí vai.

Na Comunhão Eucarística seria não estar em estado de graça, não estar o mais puro possível, seria o não desejar receber Jesus como quem deseja se encontrar com seu grande amado, ou amada, seria no momento de ação de graças ficar preocupado em se repetir fórmulas prontas, para que se cumpram protocolos e tradicionalismos fúteis.

Seria não prolongar o momento o tempo máximo que se conseguir.

Em escala, devemos no pós comunhão:

1) adorá-lo;

2) clamar por reparação;

3) pedir, implorar seu favor;

4) louvá-lo por tudo que és e faz por nós;

Bom, o assunto é extenso e daria infinitas linhas de textos, todavia não esgotaríamos o tema.

Amor, entrega, sacrifício, união entre esposos, vida de Deus, Cristificação, geração de vida, amor, amor e amor, tanto a se explicar, porém muito mais a se viver para que alcancemos a vida eterna.

No fim, ficamos com São João Paulo II:

O Amor me explicou Tudo”

 Referências:

 – Catecismo da Igreja Católica;

– Marin, Antônio Royo – Ser santo ou não ser, eis a questão – Compêndio de da obra: teologia de lá perfeccíon Cristiana – São Paulo – Ed. Ecclesiae; (você pode encontrar aqui)

Para finalizar, partilho essa música para sua oração:

A Renovação do Matrimônio pelo Sexo

15 minutos com Jesus