Muito provavelmente, se você conhece as sagradas escrituras, sua resposta deveria ser a segunda opção, contudo, na jornada do dia a dia nos esquecemos desta história que Cristo nos conta.
Facilmente poderia iniciar o texto com a conclusão que cheguei depois de rezar muito, e observar meu comportamento diante de algumas situações, mas vamos ao Evangelho e também ao dicionário, que contém resposta para qualquer dúvida que o coração humano possa se referir.
Servo inútil
Segundo o dicionário, servo é um substantivo masculino que designa um ser dependente de um senhor, de um poder incontrolável. Aquele que não é livre, que não possui bens nem deveres.
Inútil, por sua vez, é um adjetivo que qualifica aquele que não tem utilidade, serventia, préstimo. Aquele ou aquilo que não vale a pena, é infrutífero.
Nas sagradas escrituras, o servo inútil, que corresponde a esta interpretação é aquele que cumpriu o seu dever, que quando o patrão voltar, encontra aquilo que é seu, bem cuidado, e até multiplicado o número de seus bens.
Há de informação no texto somente o que Cristo conta. Esse servo conhecia seu patrão, nesse caso, Deus, então conhecia a si mesmo; pois é assim no caminho sincero de conversão que sabemos o que é nosso espaço, o que é o outro e com certeza o que é de Deus, pois há uma diferença inominável daquilo que somos para o que Deus de fato é.
Gente inútil não produz fruto
“Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: Vem depressa sentar-te à mesa? E não lhe dirá ao contrário: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disso comerás e beberás tu? E, se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação? Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer.” Lucas 17, 7-10
As palavras do Senhor, podem nos parecer duras e muitas vezes é de difícil assimilação com nossa realidade. Como assim, trabalho para ti, e não posso sentar-me e mesa contigo? Onde está o Deus generoso, das misericórdias que convida os pecadores para comer junto com Ele?
A questão aqui, que mesmo pecadores, se estamos nos mares certos da vida, assim como um maratonista que vai se desafiando a corridas maiores, percursos, estreitos, o Senhor também vai nos confiando mais, mais apostolados, mais responsabilidades e esses Ele somente entrega ao seu servo.
Faz o que deves
Deveríamos simplesmente por isso, glorifica-lo da melhor forma possível e não querer mais nada de sua parte, pois Ele podendo fazer sozinho nos escolheu.
Essa deve ser nossa condição quando nos apresentamos na posição como dona Mirian: “Não fez mais do que sua obrigação”. Nesse mundo onde qualquer privada velha tirada do seu lugar de uso é considerado arte, qualquer média medíocre que seu filho tire na escola é parabenizado, filhos que ganham mesada por fazerem tarefas simples ou obedecerem seus pais. Fica difícil entender a régua do dever, e que nem por isso merece um “tapinha” nas costas.
É quando entendo que meu dever é minha responsabilidade que começo a de fato frutificar.
Transição de servo para amigo.
O Senhor quer mais de cada um de nós! E precisamos acelerar alguns passos para isso. Entender o nosso dever enquanto cristão, é bom, mas ir além disso é ainda melhor.
Em Engenharia da Santidade, curso do Padre Paulo Ricardo (fica a dica) ele fala que bom marido não é o que deixou de bater na esposa, e sim aquele que ama. Fato meus irmãos, a nossa progressão na vida de pecado precisa parar, e se o Senhor já te chama de servo alguma coisa percorreu, mas melhor do que cuidar das coisas do patrão é torna-se amigo dele. Precisamos deixar de ser alguém que confia para sermos homens e mulheres de confiança para o Senhor.
Desejemos para além de nossas almas salvas, que estas sejam. Temos muito mais chances de assim sermos, quanto mais próximos estivermos de Jesus Cristo.
Vá para o seu lugar!
Alguns meses atrás não estava me sentido muito bem na minha vocação, estado de vida, nada me fazia feliz, nem mesmo coisas que me pareciam tão saborosas, prazerosas, essas perderam o gosto, perderam ânimo. Dias até que me sentia uma idiota, que parecia cumprir, coisa insignificantes (isso na minha mente louca e pecadora).
Alguns empecilhos humanos como não concluir minha faculdade, não ter chegado a conclusão do meu estado de vida, não ter vivido algumas coisas também me incomodavam. O percurso, o distanciamento que tomamos de São Paulo, alguns “serás?”, e “e se?”. O questionamento perturbador, se realmente estava cumprindo a vontade dentro da Comunidade de Vida me assaltavam os pensamentos cotidianamente.
Não foi fácil, mas descobri a resposta no começo deste texto, ninguém me colocou na posição de idiota útil além de mim mesma. Eu inteligente, que sempre corri atrás do que queria, me vi ali cumprindo tarefas ordinárias de casa e tendo como o mais extraordinário, limpar ferida de ovelha.
O reconhecimento do meu lugar foi a chave
Enquanto não sentei no meu lugar a mesa, não reconheci as minhas potências, era impossível sentar em um lugar diferente, ou até mesmo ressignificar o meu lugar, ser convidado como amigo.
Não haveria possibilidade do próprio Cristo me elevar dali, pois estava tão presa aos conceitos desse mundo que nada poderia me tirar dali enquanto não me reconhecesse.
Então seja como for, onde estiver, como estiver, levante seus olhos, busque a Deus, e quando O encontrar, curve-se entendendo sua posição de servo inútil porque a Graça vem Dele, e com o tempo se tornando alguém que Ele confia passará a amigo e terá uma amizade não duradoura para essa terra, mas eterna. Que Deus te abençoe!
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