Eu te vejo

Fui inspirada a escrever esse texto após a polêmica sobre a redação proposta no ENEM desse ano, com o tema: “Desafios para o enfrentamento da INVISIBILIDADE do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, mas com a Graça de Deus, minha irmã de comunidade Giovana Lima, já nos presenteou com uma belíssima colocação, através de um texto no Instragram.

 

Enquanto meditava sobre isso, o Espírito Santo falou ao meu coração e então pensando em toda essa mentalidade feminista e ideológica que está enraizado em nós, pude fazer memória de uma cena maravilhosa da série “The Chosen”, onde em uma conversa entre Jesus e a esposa de Pedro, o Senhor, olhando em seus olhos, disse a ela: “Eu te vejo”.

 

Remando contra a maré

O contexto dessa cena é perfeito e faz todo sentido para minha realidade e para a realidade de tantas mulheres que hoje “remam contra a maré”, pois escolhem, por vontade própria não mais trabalhar fora de casa e sim dentro de suas casas, cuidando de seus esposos e criando seus filhos, educando-os na fé e nos princípios verdadeiros, aqueles que Cristo nos ensina.

 

Como essa cena, liberdade poética do autor, entrou e ficou em meu coração.

 

Posso dizer que hoje, tenho plena certeza de que o Senhor Jesus fala diariamente isso para mim: “Ariane, minha filha, Eu te vejo”, mas nem sempre foi assim.

 

No entanto, antes de testemunhar o caminho trilhado é importante entender que, para que uma mulher, abdique de seu trabalho fora de casa, mesmo tendo uma profissão e sendo formada, é necessário educar a sua vontade e escolher com convicção, olhando para a motivação central e tendo plena certeza de que aquele caminho é o caminho escolhido por Cristo para sua vida.

 

A força interior que move

Bem, vamos entender o que significa cada uma dessas palavras centrais:

 

Vontade: faculdade que tem o ser humano de querer, de escolher, de livremente praticar ou deixar de praticar certos atos; força interior que impulsiona o indivíduo a realizar algo, a atingir seus fins ou desejos, determinação, firmeza;

Escolher: manifestar preferência por algo ou alguém, fazer opção entre duas ou mais coisas ou pessoas;

Motivação: conjunto de processos que dão ao comportamento uma intensidade, uma direção determinada e uma forma de desenvolvimento próprias da atividade individual.

 

Compreendemos então que, existe uma força interior importante que age na pessoa e com isso a motivação central fica aflorada fazendo com que a escolha seja tomada. Vale ressaltar que na maioria das vezes não temos uma maturidade psicológica e espiritual para tomar tal decisão, no entanto se temos uma vida de oração mínima, com certeza a Graça de Deus agirá a seu favor.

 

Encontrei o sentido

Sem muitas delongas, vivi esse tempo de vontade x motivação x escolha a mais ou menos 7 anos atrás, quando após 12 anos de trabalho em uma instituição bancária, fui motivada pela maternidade a pedir demissão e me dedicar a minha casa, meu esposo e minha filha.

 

Claro que no início foi muito difícil, pois sentia falta de sair, de ter mais autonomia financeira, de ver gente e não somente uma criança o dia todo, de almoçar no restaurante ao invés de cozinhar e o pior de tudo, quando meu esposo saia para a missão, assim como Pedro saiu, eu não percebia a presença de Jesus e que Ele estava contente com a minha decisão, ou seja, eu não ouvia: “Eu te vejo”.

 

Além disso, devido a uma sociedade imersa no modelo onde a mulher deve sair de casa e também ser provedora financeira, ouvi muitas vezes que era maluca, que havia virado Amélia e que não seria feliz.

 

Bem, com o tempo, muitas coisas aconteceram e muitos frutos foram gerados por essa escolha, mas somente quando compreendi para que havia sido chamada e qual a vontade do Senhor para minha vida, é que então consegui começar a viver de forma inteira e completa.

 

 

Escolhi amar

Entender e interiorizar que a mulher foi criada e sonhada por Deus e que ela só será completa, na sua essência quando gerar vida, foi e é libertador.

A geração de vida não passa somente por gerar filhos no ventre e sim por gerar vida dentro de casa, no ordinário, no dia a dia, desde afazeres mais simples, como limpar a casa, cozinhar, lavar, passar, até proporcionar um ambiente agradável e desejoso, para seu esposo e filhos, o que algumas vezes é mais complicado, devido nossas inclinações e temperamentos.

 

A partir do momento que isso entrou em meu coração é que comecei a escutar o Senhor me dizendo diariamente: “Me alegro por sua escolha, eu te vejo e te amo”, e somente por isso é que hoje posso dizer a Ele, obrigada por me permitir viver isso, obrigada pelas dificuldades, mas muito obrigada pela alegria de ter escolhido certo”.

A vida cotidiana é muito desafiadora e posso garantir que trabalho muito mais agora do que antes, porém a alegria de ver meus filhos crescerem, de poder acompanhar o desenvolvimento de cada um, de poder receber meu esposo todos os dias com um jantar que ele gosta é muito gratificante.

 

O resgate da essência

Fazem 7 anos da minha decisão, não a mais importante da minha vida, mas isso conto em outro texto, e quanta coisa mudou. Cuido da casa, do meu esposo e de 5 filhos, era para ser 7 (mas 2 estão no céu) e garanto, não me sinto invisível, me sinto amada e cuidada.

Nada foi por acaso, tudo foi sonhado por Deus, para mim e para a minha família. O amadurecimento vem com o tempo e a com ela vem a certeza do caminho certo.

 

Resgatar a essência de mulher, esposa e mãe é para mim caminho de libertação e salvação. Me transformou e transforma a cada dia. Não é fácil, mas é por amor, uma vez que Ele me amou por primeiro me salvando de mim mesma, das minhas vontades egoístas e de minhas escolhas erradas. Não importa o que o mundo pensa, importa o que Ele pensa de mim. Não importa como o mundo me veja, importa que Jesus me vê.

 

Eu, Ariane Fumagalli, consagrada, esposa do Rodrigo há 13 anos e mãe de 7 filhos, 5 na terra e 2 no céu, formada em administração, há 7 anos dona de casa e lutando, com todas as forças para devolver à Cristo aquilo que Ele me confiou.

 

 

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