Estado permanente de missão

Aqui no Brasil, especialmente em 2022, começamos a viver o Jubileu Missionário, cujo o lema é “somos suas testemunhas”, com isso a diretriz, já antiga, de nossa Igreja de que vivemos em estado permanente de missão, ganhou uma ênfase ainda maior, e urgência ainda mais gritante.

Mas será que sabemos o que devemos testemunhar? Será que se quer sabemos de fato o que significa a palavra missão? Pois bem, vamos destrinchar estes conceitos, pois o Senhor e sua Igreja tem pressa.

 

Missão

Missão é o ato de enviar alguém para realizar determinada incumbência. Se o termo “Vocação” é o chamado de Deus, pelo qual sou levado a viver minha essência mais profunda, “Missão” é o “pra que” da minha vocação.

Sendo assim todos os batizados, assumidos por Deus como seus filhos no Filho, comungam do mesmo “pra que” desta filiação. Todos os batizados, sem nenhuma exceção, são enviados a anunciar a Boa Nova. A anunciarmos a Pessoa de Jesus Cristo Ressuscitado. Esta é a grande notícia inédita a ser propagada. Nosso Senhor venceu a morte, está vivo, e nos quer fazer vencedores Nele.

“Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a nossa fé” (1Cor 15,14). Não proclamar com palavras e com a vida que Ele vive é ser uma falsa testemunha, é prestar um desserviço ao Evangelho.

 

 

Missão ou assistencialismo

Você sabia que quatro bilhões de pessoas do planeta Terra, dos sete, quase oito bilhões que existem, não conhecem Jesus Cristo, e se quer imaginam que Ele venceu a morte? E dos quatro bilhões que conhecem, quantos de fato se relacionam com Ele e são suas testemunhas?

Muitos irmãos e irmãs cristãos, católicos e de outras denominações tem feito muito bem o trabalho pastoral proposto em Mt 25,31-46 (As Obras de Misericórdia Corporais), mas se esquecem da motivação central: “cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (v.40). É por Ele, é para Ele. Se esquecer desta centralidade cristã, é transformar a missão evangélica em uma mera obra assistencial.

Para nós missionários consagrados à um carisma, com alvos apostólicos claríssimos, o apostolado, nome chique dado à missão, é um dos pés, do tripé que sustentam a essência de nosso ser. É o “pra que” do carisma. É o ser para o outro. É o transbordamento de quem se é!

 

O tripé carismático

Na Espiritualidade (primeiro pé) aprendo a amar a Deus sobre todas as coisas. Na Formação (segundo pé) aprendo a me amar de verdade. No Apostolado (terceiro pé) sou convidado a amar ao outro, como a mim mesmo, e como Cristo me amou.

Estado permanente de missão é de maneira continua oferecer aos irmãos os frutos de sua experiência pessoal com Deus. É partilhar com aqueles que ainda estão na ignorância do pecado a alegria da sua própria redenção. É comunicar aos que jazem na sombra da morte (Lc 1,79) a vida que lhe foi dada pelo Senhor.

O que temos de fato a ofertar uns aos outros senão o testemunho, do que Jesus fez em nós? Do que Ele ressuscitou em nós. Infelizmente ainda muitos de nós não vivem em permanente estado de missão, até missionam, mas arrumamos desculpas demais para nos privilegiar, nos preferir, nos economizar. Somos seletivos demais, para não dizer outra coisa.

Vale lembrar que a minha santificação, que passa pela doação ao outro através dos apostolados variados que devo exercer, é uma missão. Caso eu falhe na missão de permitir que o Espírito Santo me santifique, de colaborar com Ele, será quase certo que terei falhado em minhas outras missões. Será muito mais fácil para minha esposa e filhas serem santas, se eu lutar com forças para ser santo. A missão é ser santo e promover a santidade para geral.

Por fim, quero lembrar a todos nós, novamente, de que só serei um bom apóstolo, missionário, se for um honesto e fiel discípulo. Se viver aos pés de Jesus, escutando sobre quem Ele é, sobre quem Ele diz que eu sou, é que poderei proclamar a outros quem Jesus é, e o que Ele pode fazer em suas vidas. Repito Missão é transbordamento urgente. Acho bom corrermos, pois, o Senhor da vinha está voltando!

 

 

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