Bênção pai, bênção mãe!

A maioria de nós nasceu e cresceu em uma família que já não tinha mais o costume dar a bênção aos seus filhos verbalmente. Infelizmente esse costume, faz tempo, que virou coisa do passado, tido por muitos como obsoleto e autoritário, símbolo do patriarcalismo medieval.

Óbvio, que meus pais sempre me abençoaram com suas atitudes, carinho e muita paciência, mas não passaram para mim e nem para minha irmã o costume de pedir a bênção para eles ao acordar, ou quando os visse após algum tempo ausente.  Nem para eles, nem para meus avós, nem para meus padrinhos.

Essa má educação se estendeu para os padres, bispos, e se eu visse o Papa há uns sete anos atrás o trataria como um colega de rua. Infelizmente é isso, ignorância, mas a verdade é essa.

A construção de um mundo maldito

A maioria de nós cresceu ouvindo mais murmurações, reclamações, lamúrias e maledicências do que louvores, elogios, incentivos e bênçãos. Nossos pais, e penso que já alguns avós,  são responsáveis pela construção deste mundo “maldito”. Onde benção é sinal de autoritarismo e maldição sinal de liberdade.

Deus ao criar abençoa cada item gerado por sua imensa bondade. Cada coisa feita pela Palavra de Deus, no instante seguinte de sua criação foi abençoada. Nós fomos criados e abençoados. Não houve excesso. Da vontade de Deus não nasce o mal, da boca Dele só sai benção, misericórdia e justiça!

Pecamos, é verdade, mas no instante seguinte da maldição que lançamos sobre a criação e sobre nós mesmos, o Senhor Deus nos recriou através de Seu Filho e nos abençoou novamente. Com a Palavra novamente, mas agora encarnada e banhada em sangue. O cordeiro imolado é a Palavra de bênção pronunciada sobre nós.

Antes tarde do que nunca

Eu só aprendi a pedir e dar bênção recentemente há uns cinco ou seis anos atrás. Quando o Senhor me abençoou com a missão de fundar uma Nova Comunidade. Lembro-me que eu admirava alguns fundadores que conhecia, por sua intrepidez e carisma e via que seus filhos espirituais pediam-no a bênção. E todos eles a davam generosamente.

No hebraico, a palavra bênção (baarah) vem de uma raiz (barakeh, beirakheh) que significa ajoelhar, abençoar, exaltar, agradecer, felicitar, saudar. Tanto no hebraico quanto no grego (eulogia) apresenta um sentido de concessão de alguma coisa material. Todavia, a forma grega acrescenta ainda os bens espirituais.

Trazendo explicitamente para os dias atuais e para nossa religião, bênção é a ação de benzer, de abençoar, de invocar a graça divina sobre algo ou alguém.

Não sei se prestou atenção, mas abençoar alguém é invocar sobre a pessoa a graça concreta de Deus. Não é uma tradição sem importância, é repetir conscientemente o mesmo gesto de Deus após o seu ato criador. É reforçar sobre a vida de determinada pessoa o poder do sangue de Cristo. É materializar a graça espiritual através da palavra, fazendo com que quem recebe a bênção se lembre de que és bom, que és dádiva, que és único.

Benção não é mérito, é reconhecimento da autoridade de Deus sobre nós!

Esta manhã enquanto eu caminhava, pensava no porque de termos tanta dificuldade de pedir a bênção para algumas pessoas, para nosso pai, para nosso pároco, ou bispo. E o Espirito Santo me dizia:

“Porque você tem dificuldade de reconhecer a minha autoridade sobre sua vida, não aceita todo o meu amor por ti!”

O Espírito me explicou que o pecado original, a desobediência de Adão e Eva, fora um grito de rejeição da bênção de Deus, à sua autoridade e amor de Pai, que provê, ensina e exorta. O Senhor criou, abençoou, e nós rejeitamos a bênção. Rejeitamos sua autoridade, não o reconhecemos como autor, principio e fonte de tudo. Ao invés de desfrutarmos com liberdade da criação abençoada, caímos na cilada da inveja e da soberba, querendo só para nós, a única coisa que não nos cabia. Pobre de nós!

Para entender melhor, Ele me dizia:

“É como se o cachorro resolvesse ser o dono da casa e passasse a morder o dono que o alimenta todos os dias”.

Todas as vezes que eu não peço a bênção para meu pai que foi alcoólatra, na verdade o faço porque sou ferido, imaturo e acho que autoridade se dá por mérito e não por eleição divina, não pela graça, ou seja, estou rejeitando a bênção de Deus, que é o Pai por excelência. E assim o faço sucessivamente com padres, bispos, fundadores, formadores, pais, mães, padrinhos, avós. Todos eleitos por Deus, e destituídos por mim invejoso Adão.

Tu tens autoridade sobre minha vida

Quando peço a bênção de alguém estou dizendo a ela – “Tu tens autoridade sobre minha vida, aprove-a como a conduzo”. O que estou criando em nome de Deus tem a bênção de Deus? É esta a pergunta, é esta a verdade!

Assim como os filhos precisam da aprovação de seus pais para crescer confiantes e no caminho correto, assim cada um de nós clama a vida toda pela aprovação de Deus, só precisamos tomar consciência disso. Não basta ser, é preciso que alguém com autoridade diga “tu és”. E esse é Deus.

Certa vez Pedro quis negar a Jesus o direito de lavar os seus pés, e o Senhor foi enfático em dizer para ele que se não lavasse os seus pés, se não o abençoasse, Pedro não teria parte com Ele. Pedir a bênção, receber a bênção, e dar a bênção é dizer que tudo que se tem é também do outro.

É perguntar eu sou, e ouvir, sim tu és! Envolve partilha. É ofertar generosamente o melhor que se tem àquele que humildemente pede! E receber livremente tudo, inclusive sua identidade de filho do Altíssimo. Afinal, toda e qualquer benção vem da autoridade que é conferida do alto.

Não é mérito. É graça. Se eu esperar a santidade declarada e atestada de alguém para que então peça-o a bênção, estarei dizendo indiretamente que a santidade de Deus não basta, e que não aceito sua autoridade sobre minha vida. Foi o Senhor quem escolheu pai, mãe, padrinhos, formadores, orientadores, fundadores e disse “Se uma benção”!

Modifique seu comportamento, reconheça quem tem autoridade sobre sua vida, e peça-o que o abençoe. Você só tem a ganhar em humildade e graça! Deixe de ser Adão, e torne-se outro Cristo!

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