O mundo moderno com sua pedagogia imediatista tem formado homens destemperados, impacientes e desesperados. O Senhor da Esperança me formou na contra mão de tudo isso. Aprendi pela dor a esperar, a vencer a ansiedade, e a ter fé.
Forjado na dor
No fim de 2019, já com 63 anos recebi a notícia que mais temia, os meus rins já não davam mais conta de filtrar meu sangue, e a partir daquela data eu era um paciente renal dialítico.
Foi um baque para mim. Apesar das enfermidades que acumulei ao longo dos anos, essa limita demais meus deslocamentos, além de após cada diálise ficar fraco, fisicamente falando.
A esperança que cultivo em meu coração é a de um transplante de rins, mesmo com minha idade avançada, e com a doença rara no sangue (safe), acredito que minha vez chegará! O meu Divino General jamais me desamparou, não o faria agora.
Enquanto isso, espero, aprendo, me purifico e glorio a Deus. Tenho ofertado esta frustração, e a demora da graça pela conversão dos pecadores, pelo alívio das almas do purgatório, e pela santificação de minha comunidade.
Por um tris
Há quase dois anos, recebi a ligação do hospital Servidor Publico, havia um rim compatível comigo. Foi por um tris. Os médicos recuaram por conta do risco oferecido pela doença do sangue. Foi quase. Frustração. Mas a esperança segue firme. A cada tris frustrado, a esperança aumenta em quilômetros.
Esperar contra toda esperança (Rm 4,18) não é para qualquer um não. Todavia, sei que hoje soldados sofrem mais que eu, em guerras desnecessárias. Crianças e idosos, mais velhos que eu, sofrem. A minha espera é dádiva e apesar de difícil tem me santificado.
A paciência gera esperança
O que constantemente vem a minha cabeça é a frase de Jó – “o Senhor deu, o Senhor tirou, em todas as coisas bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1,21). A vitória do Cristão sempre chega. Ou de um jeito ou de outro. Toda morte vencida, gerou, gera e sempre gerará vida!
Além de tudo isso, que relatei acima, tenho exaltado a Deus por este corpo que possuo. Como é difícil assumir a idade que se tem, quando a mente quer voar para novas experiências e se doar pelo reino. Mas graças a este corpo é que aprendo a amar e ser amado. A esperar. A ter paciência. A ter fé.
A Esperança para nós cristãos, jamais morre, ela ressuscita sempre!