O Feito é melhor do que o Perfeito? 

Estou lendo aquele livro: “A arte de aproveitar as próprias faltas”, que por sinal é maravilhoso e ele nos lembra de pontos importantes que precisaremos até o final da vida, na verdade, até o céu. 

Confesso que a medida que estou lendo, a Julia orgulhosa vai tendo “siricutico”. Eu, de fato, preciso estar constantemente muito atenta comigo mesma pra não cair num perfeccionismo.

E essa imperfeição me intriga por dois motivos: 

1) A perfeição não está na nossa realidade 

2) A auto cobrança exagerada não leva a perfeição 

 

O Grande Empecilho

No mesmo livro, São Francisco de Sales nos recorda, que não há nada que seja tão empecilho para o progresso na vida espiritual do que a pressa para emendarmos das nossas próprias faltas. Quiçá nós, sermos santos de um dia para o outro!

Sendo assim, a pressa de deixar de ser soberbo, de rezar mais, ler mais, estudar mais, estar emocionalmente equilibrado a todo tempo e de eliminar todas as faltas que cometemos ao longo do dia, de uma vez por todas, nos impede de um dia chegar na perfeição de tal ação. 

É quase que: fico tão preocupada em vencer algumas coisas muito rápido, do que propriamente me esforçar para aperfeiçoa-las. Se existem exorcismos que demoraram mais de dez anos para o demônio ser expulso, quem dirá defeitos “simples” de caráter, temperamento ou personalidade que muitas vezes nem se configuram em pecado.

 

Pare de abraçar o Cacto

Percebi que a medida que me cobro de uma perfeição irreal, cobro também as pessoas e não tem santo que aguente um trem desse. 

Das coisas mais simples, como uma arte, um post, uma legenda, uma organização de escala até relacionamentos maduros, equilibrados, virtudes que preciso urgentemente alcançar e assim por diante.

Ou seja, me cobro mais do que qualquer um. Constantemente me confesso disso e em uma dessas vezes, o padre docilmente me disse: “Minha filha, você está bem? Bem mesmo? Porque me parece que você está abraçada com um cacto, torturando a si mesma e não é para isso que a misericórdia serve.”

Eu só chorava, mas fez total sentido quando entendi que a busca por uma perfeição que só existe na minha cabeça, me atrapalha mais do que qualquer outra coisa. Não me deixa experimentar a misericórdia de Deus para este tempo e simplesmente viver o processo de santidade, e não já ter chego nele. 

 

Mansidão: eis a virtude desejada!

Esquecemos que estamos na busca ainda, na igreja que milita, no campo de batalha. De que levaremos constantes golpes, porque estamos em guerra e só estaremos livres completamente de todas as imperfeições no céu.

No livro, o autor ainda diz: que quando falharmos, quando percebermos que nosso amor-próprio foi ferido e de que mais uma vez estou tendo que lidar com esse pecado, essa pessoa ou esse relacionamento, não devemos nos condenar ao inferno, pegando nosso coração de punhos cerrados, mas antes devemos pegar delicadamente e confiá-lo mais uma vez nas mãos do nosso Senhor. 

 

Paciência não é moleza

É pela nossa falta de paciência conosco mesmo que desanimamos. Portanto respondendo ao título desse texto, sim, é melhor o feito do que o  perfeito. Pois o perfeito, independente do que seja, é tão somente perfeito para mim e desse jeito não chegarei no único Perfeito.

Se buscamos seriamente a santidade e não fazermos corpo mole, não existem motivos para não aprendermos a arte de aproveitar as próprias faltas e lançarmo-nos mais uma vez a Misericórdia Divina, reconhecendo que tudo quanto faço é somente a graça de Deus em mim.

“É preciso suportar a imperfeição para alcançar a perfeição. Digo suportar, não amar nem acariciar. É deste sofrimento que se alimenta a humildade!” 

Que o Senhor nos dê a graça de sempre seguirmos em frente, sem desanimar, sem retroceder, pois o céu nos espera! Que não sejam apenas palavras bonitas, mas verdadeiras de fato. Amém!