Vida fraterna no ministério

Recentemente assistimos uma formação aqui na comunidade sobre os três pilares da vida fraterna: Vida de Oração, Eucaristia e Ascese.  E no mesmo dia ouvi um irmão de outra comunidade partilhando sobre essa vivência da vida fraterna dentro de um ministério, o que me chamou muita atenção.

 

O QUE É?

Para falarmos de vida fraterna precisamos entender primeiramente o que ela significa, quando falamos de vida fraterna muitas vezes pensamos que dentro dela cabem somente os dias de lazer em comunidade, porém, vai bem além disso… A vida fraterna se dá na nossa vivência comunitária e principalmente em nosso convívio com os irmãos, ela é feita de irmãos, de gente com gente e não de momentos. Os momentos são a cereja da vida fraterna!

 

MEDIADOR DO ESPÍRITO SANTO

Na vida consagrada comunitária entendemos que o irmão é o mediador do Espírito Santo em minha vida, é muitas vezes através da vida dele que o Espírito agirá e falará comigo. Sendo ele, este mediador, uma coisa que precisamos fazer é deixar de lado muitas vezes a nossa soberba e aprendermos a confiar naqueles que servem ali cotidianamente conosco.

“Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê. O mandamento que Cristo nos deu é este: quem ama a Deus, que ame também o seu irmão” Jo 4, 20-21.

Essa passagem retrata muito bem o que quero dizer. Na vida consagrada eu preciso confiar a minha vida ao meu irmão e isso se dá também em meu ministério. A palavra de Deus é claríssima conosco, se não amo a meu irmão que vejo como posso dizer que amo a Deus? Se não confio no meu irmão que vejo como posso confiar em Deus?

De fato, sabemos que não é tão fácil viver isso na prática, porém, eu e você precisamos dar esse livre acesso a nossos irmãos para que esta verdade se cumpra em ambas as vidas.

 

EXPOSIÇÃO

A palavra exposição já de cara é uma palavra que pelo menos pra mim causa um friozinho na barriga rs. Como membro de vida há um ano e alguns meses vejo o quanto esta palavra me causa este friozinho na barriga, porque muitas vezes preciso vivê-la por aqui…

Numa realidade de Comunidade de Vida como a minha, se você já viveu ou vive sabe que a exposição em alguns casos  é muito mais palpável pelo convívio de 24h por 48h com seus irmãos. Seu pecado passa a ser mais visível, as suas fraquezas começam a ser expostas, as suas dificuldades e problemas começam a perder suas máscaras e entenda,  isso não é ruim. Porque uma vez que seus pecados são expostos diante de testemunhas é um pouco mais fácil para combatê-los.

Dentro de nossa vida ministerial, essa exposição também precisa acontecer.

Você não precisa escancarar a sua vida (mas se o Senhor pedir assim o faça), mas num movimento simples, precisamos sempre expor as nossas verdades aos nossos irmãos de ministérios, expor as nossas dificuldades para que ele seja este doce auxílio em nossas vidas. E com isso podemos sempre contar não só com um mas com muitos cireneus para nos ajudarem quando a cruz estiver pesada.

Guardar para si ás vezes não resolve, e em alguns casos só piora é preciso viver também em nossos ministérios aqueles três pilares que citei no início deste texto.

 

  • PALAVRA

A palavra para nós é o próprio Cristo Libertador! Precisamos andar sempre ancorados nessa verdade e nada pode nos separar disso. A palavra é o Cristo, quando sigo a palavra eu sigo a Ele.

É extremamente necessário seguir suas exortações, orientações, e principalmente daqueles que o Senhor nos confia para serem a própria voz Dele para nós, nossos fundadores, orientadores, formadores, líderes, coordenadores.

A palavra de Cristo é manifestada através desses que são a boca do Senhor para nós!

 

  • EUCARISTIA

Precisamos comungar por nós e por nossos irmãos, pelas nossas e por suas fraquezas e ainda mais por nosso ministério. Falar de eucaristia neste tempo que estamos vivendo é difícil, mas ainda podemos comungar espiritualmente.

 

  • ASCESE

O nosso trabalho passa a ser muito mais fiel, fecundo e produtivo quando vivemos bem esses dois pilares. Os nossos dons são a cada dia mais aperfeiçoados quando entendemos que os dons não são meus, mas do outro.

A oferta precisa ser gerada, o meu dom não é meu, é da comunidade, são dos meus irmãos e Deus realiza a graça na vida de cada um, inclusive na nossa quando ofertamos livremente aquilo que precisamos um dia devolver em dobro ao Senhor.

Finalizo com uma frase de Santo Antônio de Pádua:

“É viva a palavra quando são as obras que falam.”

Que possamos aprender a contar uns com os outros dentro de nossas vidas ministeriais e comunitárias! Se o irmão ao meu lado não é capaz de me conduzir ao céu, como estão as nossas missões?

 

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