O pecado da inveja e como combatê-lo

O pecado da inveja é o mais difícil pecado a assumir, afinal trata-se de um pecado vergonhoso, feio. Ninguém quer se intitular como invejoso, podemos até algumas vezes, com orgulho, dizermos que somos acometidos por outros pecados, mas por esse, nunca.

A inveja está dentro os 7 pecados capitais entre os pecados que atacam diretamente o espírito.

Esse vício é como uma serpente que está ao nosso redor e todas vezes que sedemos, somos picados e nosso coração enche-se de veneno.

Quantos relacionamentos foram destruídos pela inveja? Já conhecemos a tão famosa história de Caim e Abel.

Proteja-se da inveja

Em uma rápida pesquisa na internet sobre a inveja encontraremos inúmeros textos dizendo como se proteger desse mal, e no dia de hoje isso incomoda meu coração.

Por que olhamos tanto para nos defender da possível inveja do outro? E não olhamos para nós e vemos a inveja que podemos ter do outro?

Quando se fala de inveja, a tendência é sempre nos colocarmo como vítima.

Se há algo que devemos proteger, é o nosso irmão, e a inveja que nós mesmos podemos ter dele.

Se Caim não tivesse se colocado apenas como vítima da história, talvez não tivesse sido consumido pela inveja e matado seu irmão. Quando nos colocamos como vítimas, perdemos forças para lutar contra esse pecado, pois não o assumimos.

A tristeza

A inveja pode ser confundida pelo ciúme, pois os dois geram um sentimento de tristeza.

O ciúme diz respeito à nossa tristeza com relação à possibilidade de perdermos um bem nosso. O ciúme é possessivo e desconfiado.

Já, a inveja, é a nossa tristeza com relação ao bem de outra pessoa.

Precisamos saber exatamente o que estamos sentindo porque é isso que nos ajudará lutar contra.

É como ir ao médico, eu preciso dizer de fato onde é a dor, para que ele possa me receitar o remédio certo. Se eu estiver com dor de cabeça e ele me der um remédio para dor de barriga, não vai resolver. Por isso que precisamos entender a diferencia desses dois vícios, para usarmos os remédios certos com cada um.

Podemos analisar se a inveja está em nossa vida hoje com simples perguntas:

  1. Quando fiquei sabendo do sucesso de alguém, pus a inveja em ação espalhando boatos àquele respeito? Fiz fofoca ou brincadeira com aquelas pessoas com um ar de desdém, que demonstre “ela não é tudo isso”?
  2. Eu menosprezei a conquista daquela pessoa? Fiz piada dela em sua presença, ou na presença de outros, provoquei-a com más intenções?
  3. Meus esforços em fofocar e depreciar o outro atingiram seus objetivos, fiquei feliz com a desgraça alheia?
  4. Se minhas fofocas e difamações não deram certo, esse fracasso me fez lamentar o sucesso alheio?
  5. Se esse processo todo se passou dentro de mim, entendo agora e admito que tais pensamentos, sensações e ações alimentam um ódio vicioso?

Peçamos ao Espírito Santo a luz da verdade para olharmos para cada uma dessas perguntas e olharmos para o nosso coração. E sem medo, assumir que muitas vezes sentimos e carregamos esse vício.

Olhando com essa luz da verdade, caminharemos para a libertação desse ódio vicioso em busca de um amor caridoso.

Cuidado com as brincadeiras

Somos um povo que ama brincar e fazer piada, e isso é saudável em nossas relações. Precisamos tomar cuidado e estar atento com nossas intenções.

Eu percebi na minha vida, que muitas das brincadeiras e piadinhas que faço dos meus irmãos estão carregadas de inveja, e as brincadeiras são um jeito de disfarçar esse pecado e atacar meu irmão.

Quantas vezes diante de algo bom que meu irmão fez, eu evidenciei aquilo que foi ruim com alguma piadinha?

Então, cuidado com as brincadeiras! Qual a intenção dela? Por que estou brincando com isso? O que quero com isso? Levar alegria e fraternidade? Ou apenas evidenciar um erro, uma falha, uma miséria?

Não confie em si mesmo

Aprendi duas coisas com meu irmão de comunidade, Rodrigo Fumagalli, que não esqueço mais, e serve muito para nos ajudar a vencer o pecado mortal da inveja.

Primeiro, nunca confie em si mesmo. Nós podemos nos auto sabotar, só fazer uma breve memória, quantas vezes fizemos coisas errados?

Pois é, temos um grande potencial em fazer merda, esquecê-la, e até racionalizando justificá-la. Não confie em si mesmo, que você está curado, liberto totalmente, provavelmente não estamos.

Lembra o que o apóstolo nos diz:

“Com efeito, não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que ajo, e sim o pecado que habita em mim.” Rm 7,19.

Segundo, cuidado em despertar a inveja no irmão.

Vivemos em uma era digital, e tudo é postado, aqui está um grande perigo, as redes sociais muitas vezes se tornam campos de inveja.

Nós, que somos cristãos, e mais, somos irmãos, precisamos nos responsabilizar com aquilo que postamos para não gerar a inveja no irmão.

Isso será um grande ato de caridade e humildade.

Por que quero postar isso, apenas para as pessoas verem que o que estou comendo é bom e ficar desejando? Por que vou postar que estou com essas pessoas, só para a pessoa querer estar também?

E até mesmo, cuidado com a exposição e vanglória diante de bens espirituais, pregações realizadas, livros e conhecimentos adquiridos.

Se questione! Ajudemos uns aos outros trabalhar virtudes e alcançarmos o céu. E não o contrário, estimulando vícios e os levando para o inferno.

Quer eliminar a inveja? Comece cuidando para que você não a estimule em ninguém!

O Pai que dá O Bem a todos os filhos

A inveja muitas vezes nos cega e faz acreditarmos que estamos perdendo algo. Diante de Deus, não estamos perdendo nada! Não somos filhos maiores ou menores, somos todos filhos amados, cada qual de sua maneira especial.

Deus, derrama bênçãos sobre todos nós. E o bem que ele derrama no outro, me dá a possibilidade de também comungar dessa graça através da vida dele.

“Os santos do céu e os santos em potência do purgatório e da terra são nossos pais e nossos filhos, nossos irmãos e irmãs. Como membros do Corpo de Cristo, nós somos membros de uma família unida na qual o bem de um deveria alegrar todos os outros.” Kevin Vost – Os sete pecados capitais

Quando sentir inveja de alguém, reze pela salvação e santidade dessa pessoa. A oração é como jogar um balde de água fria nesse pecado.

Ganharemos o paraíso

Fulton Sheen associou a inveja com a crucificação de Jesus no meio de dois ladrões.

O ladrão a sua esquerda blasfemava contra ele: “Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!” (Lc 32,39)

O ladrão à direita então respondeu o da esquerda, perguntando se ele não temia a Deus, já que eles haviam recebido a mesma condenação e, apesar de serem culpados, Cristo era inocente. E pede para Jesus se lembrar dele quando entrasse no paraíso.

Sheen explica que o ladrão estava à esquerda teve inveja da bondade e dos poderes de Cristo. Ele achou que se ele próprio tivesse os mesmos poderes, teria feito as coisas de modo mais acertado, vencendo todos os inimigos em vez de ser pendurado numa Cruz. O ladrão à direita, pelo contrário, viu seu lugar nos planos de Deus e que ele não era e jamais poderia ser o Salvador. Ele não se entristeceu com a bondade de Cristo, mas pediu humildemente que pudesse tomar parte dela.

Foi esse momento que Cristo disse as palavras contrárias à inveja:

“Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43)

Que o Senhor nos ajude vencer esse pecado, e juntos possamos ajudar nossos irmãos!

Sejamos uma grande família que se alegra com o bem do outro.

Arte por: Isac Lima

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