Uma Presença de Confiança

No Evangelho de hoje, Jesus caminha sobre as águas. Após ter realizado a primeira multiplicação de pães e peixes e saciado a fome física e espiritual de uma multidão, Ele força os discípulos a embarcarem sozinhos para a outra margem. Enquanto faziam essa travessia, Jesus orava na montanha.

Ele vendo que já estavam cansados, pois o vento era contrário, pôs-se a caminhar sobre as águas a fim de passar adiante deles. Os discípulos se apavoraram de medo, pois pensaram ser um fantasma.

No final, Jesus é claro. Dá uma ordem de não terem medo e sim confiança.

 

A Presença Real

Padre Paulo Ricardo, diz que a cura para o medo é uma presença de confiança.

Por exemplo, mesmo eu estando sozinha no escuro em um lugar estranho e chegue muitas pessoas, se não for alguém conhecido e de mínima confiança o medo não cessa, pelo contrário pode até aumentar.

Mesmo Jesus estando no barco da minha vida, se não confio, dificilmente alcançarei a cura dos meus medos.

Medo de viver minha vocação, da missão, da Comunidade, de cumprir a vontade de Deus, de ficar sozinho, das pessoas, da providência e tantos outros que criamos.

No outro Evangelho sinótico, em Mateus, o autor acrescenta um fato. Pedro pede para caminhar sobre as águas, porém sentindo o vento mais forte, ele começa afundar.

Nessa hora Cristo socorre Pedro, no entanto Ele também pensa em mim e em você. Ao olhar para Pedro, vê o seu medo mais profundo. Um olhar penetrante que desvenda tudo.

 

Desconfiança e o Medo

“… E subiu para junto deles no barco. E o vento amainou. Eles, porém, no seu íntimo estavam cheios de espanto, pois não tinham entendido nada a respeito dos pães, mas seu coração estava endurecido.” (Marcos 6, 51-52)

A desconfiança corrompe a realidade e embota nosso entendimento, mesmo Jesus estando com eles exteriormente dentro do barco, o medo ainda paira no interior dos discípulos.

Por vezes nos encontramos assim, vivendo com Jesus lado a lado e não com Ele “dentro” de nós.

Não entenderam nada do que tinha acontecido, pois a desconfiança endureceu seus corações.

O que faltava? Se Jesus já estava no barco. Se já tinha cessado o vento? O que faltava para eles entenderem? Um movimento interior de abandono na confiança absoluta em Deus.

É como se Jesus falasse: “Ei, eu acabei de alimentar uma multidão com cinco pães e dois peixes, acabei de testificar que sou o Deus da providência, não deixo faltar alimento físico e espiritual.

Acham mesmo que eu os deixaria sozinhos no meio do mar? Confiem, confiem e só confiem em mim!”.

 

A Confiança

Essa é uma virtude muito cara, irmãos. Teresa de Lisieux diz que ela é a mãe de todas as outras virtudes, a primeira. Sem a confiança, vivemos a aparência das outras virtudes e não elas de fato.

Sem ela não progredimos em nada, não estou exagerando, se formos estudar os escritos dos santos e principalmente a semente do pecado original, chegaremos que a desconfiança foi implantada nos corações desde os nossos primeiros pais. Portanto, não é tão simples como parece.

A presença de Jesus não é fictícia, é real. Confiamos e cremos nisso. Ele está em nós, não vivamos como se não estivesse.

Há um tempo rezo com uma ladainha fantástica de Santa Faustina (949) sobre confiança, que convido a todos que possuem dificuldade de confiar em Deus e nas pessoas, a rezarem todos os dias em voz alta, pedindo incansavelmente por essa virtude.

Por fim irmãos e irmãs, cuidemos para que não se ache em algum de nós um coração transviado pela incredulidade (Hb 3,12).

Que Jesus não ache em nossa Comunidade corações desconfiados, duros e incrédulos. Não desanimemos na luta, pois Jesus está no barco, como sempre esteve!

Homilia do Padre Paulo Ricardo de hoje: https://www.youtube.com/watch?v=zIkGJpxpKc8

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