Você com certeza já se pegou com sonhos grandes, sonhando com conquistas financeiras, profissionais, estudantis, familiares, comunitárias. Sonhando alto, sabe do que estou falando? Mas a questão é: Ser livre ou sonhar alto?
Tem gente que sonha em ter a família do comercial de margarina, a mansão da novela, ou então as viagens da revista Caras. Sonhos e mais sonhos.
Comigo não foi diferente
Confesso que sempre fui sonhador. Meu sonho de infância era ter uma Ferrari vermelha e morar no Havaí. Depois sonhei em ser o novo Stan Lee e desenhar histórias em quadrinhos, especialmente as do Batman (depois leia aqui meu testemunho). Na sequência sonhava em casar e viajar o mundo com minha esposa. Sonhava em ter minha noite de núpcias em um Iate. Por fim, recentemente sonhava em conquistar o mundo com minha comunidade.
Nenhum destes sonhos foram realizados. Os seus também não? Os meus não realizei, graças a Deus, pois na verdade eles eram fantasiosos e megalomaníacos. Com certeza me tornariam um idólatra de mim mesmo, e me carregariam para longe de Deus, para uma vida soberba e luxuriosa.
Seria uma vida cheia de coisas, cacarecos, penduricalhos, uma vida entulhada. Faltaria espaço para que houvesse a própria vida, e o autor dela então, nem se fala, passaria longe.
Sonhos ou preocupações?
Sonhos e mais sonhos. Na verdade, preocupações, e mais preocupações, é só isso, que infelizmente rege a vida de muita gente por aí. Pessoas de bem, até honestas, mas que gastam suas vidas para serem grandes, importantes, ricas materialmente falando, porém, que acabam na infelicidade, na inquietude, de uma vida vazia de afetos, de valores eternos, de fé.
Quanto mais caminho atrás de Jesus, e deixo para trás aquilo que entulhava minha vontade, inteligência e sonhos, mais se abre espaço em mim para a verdadeira vida, e para o autor dela.
As preocupações ainda existem, porém já não estão mais espalhadas em desordem pelo meu interior, também não são mais aqueles sacos pesados de entulho para se carregar, continuam com seu peso, mas não desesperam mais. São frutos de vivências reais, e trazem em si a marca de uma escolha só: o seguimento de Jesus Cristo.
Liberdade e leveza
Duas visões me vêm à mente. A primeira da felicidade de uma criança, que criada em um apartamento minúsculo, se deslumbra de correr e brincar em um salão amplo. Que felicidade! Tudo porque há espaço. E não há obstáculos que geram riscos de contusões, a não ser o próprio chão.
A segunda é de um carro que quando muito carregado de coisas e pessoas demora para pegar embalo na subida. Mas, quando vazio, sem peso, consegue facilmente subir pelas ruas mais íngremes. Gastando menos combustível. Chegando mais rápido ao destino final.
Não é à toa que Jesus diz que o Reino dos Céus é das crianças. Elas facilmente se deslumbram com as coisas simples e são felizes. Rapidamente fazem as pazes com quem brigaram, não guardam mágoas, tem seus defeitos, mas reagem com pureza e sinceridade rapidamente. Que beleza!
No fundo o espaço interior delas ainda está livre. Limpo. Ordenado. Elas são livres.
Na outra visão entendo que estes carros vazios e mais ágeis são como deveríamos ser, num esforço urgente de subir a ladeira da vida, buscando a santidade e por consequência alcançando o destino, o céu!
Carro grande, é pesado, cabe mais entulho e demora a chegar no destino.
Ter espaço, é ser pobre, e ser pobre é ser livre
Por fim, para ter espaço é necessário realizar um grande bota fora. Fora com sonhos desmedidos e que nos afastarão de Deus se forem realizados. Deixe as necessidades desnecessárias. Fora com ilusões pesadas e inatingíveis. Fora com pecados. Elime as pessoas que alimentam isso tudo aí à cima. Xô entulhos!
Aquele que tem poucos pertences, e relações leves, pode alçar voo mais facilmente. Mudar-se de casa com facilidade. Ir viajar sem ter que fazer mil planejamentos e depender de mil pessoas para cuidar de suas coisas que ficam.
A verdade é que o pobre de espírito é aquele que têm muito espaço ocupado por Deus, e por consequência tem sua liberdade garantida. É como uma criança que corre por um parque, como um carro veloz que sobe as ladeiras, ambos experimentam a liberdade. A verdadeira grandeza.
“É realmente como vos digo: se não mudarem totalmente a direção das vossas vidas e não se tornarem como crianças, jamais entrarão no reino dos céus. Pois aquele que se tornar pequeno e simples como esta criança será como o maior de todos no reino dos céus” (Mt 18,3-4).
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