Santa Maria Madalena, a Eva restituída.

Em Santa Maria Madalena vemos a natureza feminina maculada pelo pecado de Eva sendo restituída em sua intimidade com Jesus.

Dizemos que Maria Santíssima é a nova Eva, e de fato ela é. Porém, a mãe de Jesus é imaculada, sem o pecado original, é a nova Eva no sentido de como a Eva foi criada, também sem pecado original.

Nova Eva, pois a velha estava manchada pela mácula do pecado.

Agora, Maria Madalena é a Eva restituída. Eva não dá apenas o nome para uma mulher, significa em sua raiz, um ser vivente, aquela que dá a vida, ou seja “mulher”, pois todas as mulheres são chamadas a serem esses seres viventes que dão a vida.

É nesse sentido que Maria Madalena é a Eva restituída, não somente de uma mulher apenas denominada Eva, mas no sentido que ela é um novo ser vivente que dá a vida.
Ela é essa mulher, que diferente da Virgem Maria, está marcada com a mácula do pecado, mas que essa mácula não determina quem ela é.

 

Restituída para doar a vida

Quando Jesus expulsa os sete demônios de Maria aqui começa a restituição dessa mulher para que ela chegue no ponto máximo, que é de ser esse ser vivente que dá a vida. Ele tira a dominação satânica sobre a sua vida. Ele a tira do estado de morte, para a conduzir ao estado de “ser vivente”.

Essa dominação, desde o pecado original, nos assola e muitas vezes nos faz acreditar que somos essa ferida pelo qual fomos marcados no jardim. Se acreditamos que somos essa ferida, deixamos de ser quem Deus sonhou, cada vez mais nos tornamos distante de seu sonho, e no fim, não sabemos mais quem somos nós. É aqui que Maria Madalena se encontrava, sem saber quem era, como que ela daria vida nessa altura do campeonato se ela nem se quer sabia viver? Era apenas uma mácula.

Esse foi o primeiro passo da restituição, aprender a viver para um dia ser quem doa a vida. Aqui, ela aprendeu a ser mulher, e aqui, o papel imaculado de Maria foi fundamental, a escola para livrar a mulher da mácula do pecado só poderia vir de uma mulher que é Imaculada. Há contraste em Maria Madalena e Maria Santíssima, e esse contraste é essencial no começo para que se torne luta para gerar unidade. Maria Madalena precisaria lutar para ser o mesmo corpo com Maria Santíssima, o corpo místico de Cristo, a Igreja Santa.

 

A intimidade de Madalena com Jesus

Quantas dúvidas e suspeitas há nessa relação? Dan Brown não foi o primeiro a questionar sobre a pureza da relação entre esse homem e essa mulher. Que pena! Pois todos esses que questionaram, perderam a oportunidade de não só ver a relação de um homem com uma mulher, mas de um Deus com uma mulher.

Em toda a história e Tradição não temos nada de conteúdo denso escrito sobre essa seguidora de Jesus que se tornará a primeira testemunha de sua ressureição. Isso fez com que muitos construíssem em seu imaginário diversas teses e histórias.

A grande questão é que se duvida tanto da relação pura de Jesus com Maria Madalena porque desde o pecado original o demônio quer nos convencer que somos predominantemente essa mácula de pecado, e por conta disso, gerará essa desconfiança. De fato, a partir de um olhar pela mácula, não seria possível o relacionamento tão íntimo de um homem e uma mulher, sem ser um relacionamento afetivo, sexual, amoroso.

Jesus, no jardim com Maria Madalena, nos mostra que não somos essa mácula, ela não é essa mácula. Somos mais do que isso, ela é Maria, como Ele a chama pelo nome, ou seja, Ele está dizendo “Maria, você é a mulher, esse ser vivente para gerar a vida!” Aqui se concretiza a restituição que Cristo fez em Maria Madalena.

Assim, como um dia Ele chamou a mulher de Eva e criou amizade com ela no Jardim. Agora, Ele chama novamente a mulher de Maria e recria a amizade com ela no Jardim.

Ela, como Eva restituída, mulher restituída nos leva a retornar a profunda intimidade pura e santa com Deus.

 

Madalena, sinal de esperança

“Jesus apareceu a Maria Madalena porque ela é o modelo dos penitentes. Ele quis aparecer a Maria Madalena por cinco motivos: porque ela o amava mais ardentemente; segundo, para mostrar que morrera pelos pecadores; terceiro, porque as cortesãs precederão os sábios no Reino dos Céus; quarto, porque como a mulher anunciara a morte, também devia anunciar a vida; quinto, para que onde havia abundado a iniquidade, abundasse também a graça” (Jacopo de Varazze, Legenda Aurea)

Se Eva tinha anunciado a morte com a entrada do pecado original, ela deixou de ser quem nasceu para ser, aquela que dá a vida. Na ressureição Jesus restitui essa essência da mulher, ordenando a Maria agora anunciar a vida aos seus irmãos:

“Vai, porém, a meus irmãos e dize-lhe: Subo a meu Pai e vosso Pai: a meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Vi o Senhor, e as coisas que Ele lhe disse”  (Jo 20, 17 -18)

 

 

 Testemunha da vida

Ela testemunha com isso o ser mulher, ser vivente, que ama ardentemente o Cristo, e dá a vida. Um dia fora testemunha da morte, mas agora é testemunha a vida.

Um dia no jardim, Eva teve medo de Deus e se escondeu. Agora, no jardim, Madalena procura a Deus, mesmo à noite, pois seu amor é muito maior do que qualquer medo. “O amor lança fora todo o temor”, e se Eva se escondia e queria tampar suas misérias, em todo caminho até aqui, Maria expos cada uma delas para Jesus, para que sua relação com Deus fosse restaurada.

“Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: Vi o Senhor’, e as coisas que ele lhe

disse.” Eis que o erro do gênero humano é destruído na própria fonte de onde havia

saído. Estando no Paraíso, foi uma mulher que levou ao homem o veneno da morte;

 

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