Sempre fui meio espalhafatoso, ainda jovem nos botecos que frequentava, com os amigos na mesa de truco, bradava com entusiasmo uma mão farta de zap, copas e pica fumo. Entre um corote e outro, piadas, risos altos, muita zoação.
Logo após a decepção da expulsão do Exército Brasileiro, fui inscrito por minha mãe em um concurso público para ser motorista de ambulâncias. Passei, e lá trabalhei por longos 35 anos. Sirenes, arrancadas, buzinas, lamentações, gemidos, barulho. Minha vida sempre foi barulhenta, como que um “front de guerra” em pleno bombardeio. Dizendo que viva cristo rei
Fui encontrado
Em meio a tanto ruído, a tanta correria, e grandes frustrações, a voz do Cristo irrompeu em meu coração, no ano de 2005, num retiro do grupo de oração da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Piqueri, em São Paulo. Assim, como quase tudo na minha vida, fui surpreendido. O Senhor Jesus me encontrou.
Não digo que encontrei o Senhor, foi Ele quem me encontrou em meio à correria cotidiana. O ativismo e constante barulho sempre foram refúgio para mim, fuga. O Cristo vivo me parou. As decepções não me pararam. A doença não me parou. O trabalho, os amigos, a família, nada me parava, mas Cristo, o mestre de Nazaré me parou.
Lembro-me como se fosse hoje, o momento naquele retiro kerigmático em que o intercessor impôs as mãos sobre minha cabeça e orou. Naquele instante toda a correria parou, o Senhor me perguntava: porquê? Eu não sabia responder. Fui batizado no poder do Espírito Santo, e o ruído dentro de mim cessou. Silêncio. Paz. Aquela que sempre admirei mas nunca havia experimentado, enfim havia me alcançado.
A Metanóia
A partir daí, os botecos já não faziam sentido. Os amigos ruidosos já não faziam mais sentido. A vida louca de socorrista não fazia mais sentido. A única coisa, ou melhor, o único alguém que fazia sentido era Cristo. O Rei do Universo.
Ó como minha filha Aline e minha esposa Nilda oraram para que eu me convertesse. Para que eu entendesse que a fonte de toda minha inquietação era o vazio de Deus dentro de mim.
Anos mais tarde, já firme e atuante na Igreja Católica, no então Ministério de Artes Cristo Libertador pude fazer o que sempre fiz de bom na minha vida. Correr. Não mais pro mundo, mas para o Reino. Não mais com o pecado, mas do pecado. Não mais em vão, mas como São Paulo em busca da coroa da salvação, para mim e para os meus.
O grito e a voz estridente ainda são minha marca. Não truco mais ninguém, desde que fui trucado por Jesus. Hoje sei o porquê. Hoje encontrei a paz inquieta de verdade e por mais que aos quase 70 anos minha saúde não me permita mais muita coisa, sei que ainda posso gritar “QUE VIVA CRISTO REI!”
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