O desejo pelas almas

“Tenho sede. Estou sedento da salvação das almas.” Disse Jesus à Santa Faustina (DF 1032)

 

Do alto da cruz, no ápice da dor e sofrimento, nosso Senhor exprime um desejo ardente pela salvação das almas, e esse é o grito que precisa ecoar diariamente  em  nossos  corações.  O  desejo  de  Jesus  deve  ser  o desejo de todo consagrado, e é através das nossas missões, a cada um de nós confiada, que podemos dar sentido, de forma específica a esse chamado.

É verdade que, por um lado, a missão forma o discípulo.  Ela  nos  coloca  diretamente  em  contato  com  a nossa própria contradição, de forma que, no caminho,  sejamos  libertos  e  curados.  No  entanto,  não  é  esse  o  princípio  da  vida  missionária,  caso  fosse,  estaríamos  obscurecidos  por  interesses  e  benefícios  próprios. Ao contrário, a missão possui um profundo caráter  de  doação,  entrega  e  sacrifício.

Somos  continuadores da missão do próprio Jesus, afinal é na doação,  entrega  e  sacrifício  dEle  que  sustentamos  a  nossa vocação, portanto, Ele é o responsável por fazer brotar em nós um desejo genuíno pelas almas, Ele é quem nos introduz na dinâmica do constrangimento, que nos move e nos inquieta, afinal, aqueles que viveram uma experiência com a misericórdia, que foram encontrados pela sede de Jesus, não conseguem conter-se em si mesmo, e, a partir disso, colocam-se no  caminho,  não  mais  preocupados  consigo,  mas  configurados na mesma sede do Mestre.

 

Busca incansável

Podemos evidenciar, nesse prisma, o ícone da vida apostólica de nossa igreja, o nosso baluarte, São Paulo; “Mas de forma alguma considero minha vida preciosa a mim mesmo, contanto que leve a bom termo a minha carreira e ministério que recebi do Senhor Jesus: dar testemunho do Evangelho da graça de Deus”(At, 20, 24).

Paulo, de perseguidor a perseguido, após a sua experiência com Jesus, não pôde conter-se, e após seu encontro arrebatador com Jesus, colocou-se a serviço, assumiu para si a missão do próprio Senhor, e de forma  absolutamente  incansável,  falou,  correu,  viajou, sofreu e sacrificou-se, até a entrega total de sua vida em favor da salvação das almas.

 

A sede de Deus pela salvação das almas deve ser a nossa

A missão tem seu preço, e por não ser barata, nem todos  estão  dispostos  a  pagar,  “a colheita é grande, mas  poucos  os  operários”  (Mt  9,  37),  disse  Jesus  ao  observar a multidão que se apresentava diante dele em  certa  ocasião.  Mais  de  dois  mil  anos  se  passou,  e a situação é a mesma, muitas almas sobrevivendo nesse  mundo,  imersas  em  qualquer  ideologia  que  lhes  são  apresentadas,  agarradas  em  si  mesmas,  numa busca obstinada por amor e felicidade em fontes fantasiosas, que nem de longe são comparáveis à inesgotável fonte de água viva, que brota da vida de nosso  Senhor  Jesus.  São  essas  almas,  sedentas  que  precisam  ser  encontradas,  e  aqui  está,  isso  mesmo,  aqui  e  agora,  lendo  esse  texto,  o  protagonista  responsável  por  arregaçar  suas  mangas,  renunciar  em  determinados  momentos  sua  vida  confortável,  sua  convivência familiar, seus gostos e prazeres pessoais em favor, você já sabe, da salvação das almas!

Como conhecerão  a  Verdade  se  não  há  quem  a  anuncie?

É  contigo que o Senhor Jesus pode contar para o exercício dessa missão?

Não se preocupe em como fazer e o que dizer, afinal  o  mesmo  Espírito  que  arregimentou  Paulo,  virá  ao  nosso  socorro  e  por  fim,  fará  brotar  em  nossas almas  uma  secura  desértica,  que  só  será  inundada  em  Jesus,  que  nos  permitirá,  degustar  gotículas  de  saciedade a cada alma que estava perdida e se reencontrou.

Não nos cansemos e não nos economizemos nessa peregrinação, afinal “haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento” (Lc 15, 7).

 

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