A cruz é minha!

“Toma tua Cruz e siga-me!” Não há trecho melhor para aqueles que buscam um discipulado autêntico e que estão no caminho de conversão, do que este grafado em nossas memórias,  já que essa frase foi dita antes mesmo da consumação de Nosso Senhor na cruz.

Há algum tempo este pequeno trecho do Evangelho tem sondado meu coração, me levando a um exame de consciência e a uma interrogativa: ” E se no final da minha vida Deus não me reconhecer, porque carreguei a cruz errada?”

Já diria meu fundador que ” e se…” para novas possibilidades, em alguns casos é até mesmo demoníaco, pois nos insere em fantasias do que poderia vir a ser. Mas, nessa reflexão, não é o caso!

 

O discipulado é exigente!

Nós que temos o mínimo de caminhada, sabemos que Nosso Senhor é criativo. Não somente de criar simplesmente, mas também na inovação e originalidade.

Passamos por diversas dificuldades, momentos difíceis, outros nem tanto e o Senhor sempre dá um jeito de segurar em nossas mãos, pela virtude da confiança, e fazer-nos atravessar cada obstáculo, deserto e perda em nossa vida. Cada vez que isso acontece, potencializa em cada um de nós um discipulado revigorado. Não só parecemos, mas ficamos mais fortes, isso que nos prova enquanto cristãos.

É exigido de nós, nada mais nada menos que a vida, na brilhante antítese de Deus, é morrer para viver e assim alcançar o que é eterno.

 

Renuncie a si mesmo!

Infelizmente, para alguns que não tem o conhecimento mínimo de si, essas palavras soam como: matar-se, viver uma vida acachapado, ou como diz Christopher West viver uma vida em Inanição, saboreando um Evangelho que não mata sede e sim o deixa pior. Vida murcha e sem graça.

Mas não é isso que significa! Renunciar a si mesmo é ter autoconhecimento de si, conhecer o outro e a Deus. Sim meu irmão, não adianta querer uma vida em Deus sem conhecer os anseios de sua alma, as necessidades do seu corpo. Tanto é assim, que o Senhor deixa claro, é a “si”. Como posso renunciar o que não conheço?

Dica de ouro: Procure saber- quem é você? De onde veio? Para onde vai? O que deve fazer? Quais são seus desejos? Quem lhe enviou? Mas, alerta: não pare nisso!

O grande problema é que por conta do pecado da soberba, olhamos apenas para nosso umbigo e não vemos que há continuação do ensinamento de Jesus. É fazer todo esse caminho de conhecimento e renunciar. É, tem e dá trabalho mesmo.

 

Toma a tua Cruz e siga-me!

Aqui que meu coração se deparou com uma grande lição!

Costumo ser bem fiel àqueles que amo! E fidelidade não significa não brigar, não opinar diferente, não ter pensamentos diferentes, mas sim, que independente disso, assumo esses relacionamentos com compromisso e responsabilidade!

E é aqui que até de sentimento bom Satanás nos induz a povoar o inferno! Quem nunca ouviu? De boas intenções o inferno está cheio! Pois é!

Ouvindo uma homilia recente; o diácono dizia: Havia um pai que vendo seu filho com câncer, pediu a Deus que trocasse ele pelo filho, mas Deus o respondeu: “A cruz dele não é a sua cruz, não posso trocar, pois você não a suportaria! Ouvir isso, caiu como um raio nesse meu coração e quase que de imediato, lembrei de todas as cruzes que por “amor” já tentei tirar do ombro de meus irmãos. Nem sempre por soberba, mas por medo de os ver sofrer, de os perder, ou só querendo evita-las. Tipo Pedro que tomou aquele pé nas costas de Jesus; aqui mora o perigo!

 

Você pode ser um Cirineu

Seguindo o evangelho, lembra o Cirineu que ajudou Jesus a carregar a cruz? No filme de Mel Gibson fica claro. Todas as vezes que Jesus caia, o peso sobre os ombros do Cirineu aumentava. Nosso Senhor em nenhum momento deixa de carregar sua cruz. Aquele que o ajuda não pode tomar para si aquilo que não é seu.

Talvez, e quase certeza, que pequei muitas vezes por carregar o fardo dos meus irmãos, sem eles, principalmente dos mais íntimos. Não quero ser reconhecida por Cristo porque não levei a minha cruz e sim de outrem; porque vivi a missão de outro e não a minha. Quero sim morrer pelos amigos, carregando minha cruz diária, oferecendo minhas orações, jejuns e tudo o que puder partilhar da minha vida para com eles, sem perder de vista o que é meu!

Que no final, o próprio Cristo receba a mim, e aos meus. Cada um “estrupiado”, tendo morrido nessa vida! E ele diga: Entre meus filhos! Vocês carregaram e viveram exatamente o que lhes pedi.

 

 

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