Às vezes, é preciso chorar para florescer.
Terra seca, árida, não produz frutos. No máximo, produz espinhos, assim como o cacto é produzido em terra árida.
Terra sem chuva e com muito sol, seca.
Muitas vezes nossa vida está assim, seca.
Nossa vida se torna um deserto, pois a seca é comum lá.
Comum nos momentos de deserto.
Por isso, quando o deserto vir, não tenha medo do choro chegar. O choro faz parte do deserto e muitas vezes é providência.
É preciso, para regar. Sem o choro, a terra só se tornará mais seca, infértil. E essa será nossa vida, nossa espiritualidade.
Quantas vezes reprimimos o choro para não demonstrar fraqueza? Essa repressão gera aridez espiritual, ocasiona seca em nosso solo e morte de tudo que está ali.
Quando a dor vir, não tenha medo de chorar, da mesma forma que o espinho machucou e doeu, o choro é preciso para molhar e sarar.
Não somos cactos
Deus não quer nossas almas cheias de cactos, eles nos machucam e machucam o outro. Toda vez que reprimimos nossos momentos de deserto e fingimos estar bem, temos a probabilidade de os espinhos que estão dentro de nós causarem mais feridas, e aos que se aproximam são machucados também.
Deus quer uma alma cheia de flores, elas embelezam, alegram e soltam uma boa fragrância.
Uma flor é sempre um bom presente. Uma vida florescida é sempre um presente.
O choro me ajudou a sarar
Assim me encontrei. E reparei que o choro foi preciso para regar. E uma Flor mais bela nascer.
Não sou a primeira, e não serei a última.
Jesus chorou, quando seu amigo Lázaro morreu, Ele chorou. (Jo 11,35) Secou. Depois do choro, vida se fez de novo. Aquilo que era morte, ressurgiu. Aquilo que estava seco (até mesmo já estava fedendo, como nos diz a escritura), floresceu de novo, e seu amigo saiu da tumba.
Pedro chorou, negou Jesus três vezes. (Lc 22,54-62) Quanta coisa secou, por um momento, penso, que as promessas secaram, todo o tempo que tinham passado juntos secou, a alegria secou, a certeza se foi, o amor secou.
E ah, isso doeu Pedro. A seca daquele momento trouxe os espinhos dos cactos, e ele chorou amargamente. Diz a Tradição da nossa Igreja, que Pedro tinha marcas em seu rosto que carregou durante toda a sua vida por conta do tanto que chorou naquele dia.
Depois do choro, floresceu novamente. E reafirmou três vezes seu amor por Jesus Cristo, com a missão de apascentar todas suas ovelhas. (Jo 21, 15-17)
O choro doeu, mas libertou e ensinou. Passou e mostrou algo melhor.
Maria, como uma espada transpassando em seu peito, ela chorou com seu filho pregado na cruz. “Meu filho, deixe eu ir em seu lugar”. A dor era tamanha, que ela desejava viver aquilo no lugar do filho.
Secou. O deserto ela precisou passar. Mas com um deserto regado, com algumas lágrimas sim, sua alma floresceu na ressurreição do seu filho. E ainda mais, no Pentecostes que ela presenciou, na Assunção que a elevou.
Troque espinhos por flores
Quantas secas já passamos? Quantos desertos ainda passaremos?
Não é o primeiro, não é o último. Mas saiba, você não é o primeiro. E nessa história, você será um grande herdeiro. Herdeiro de flores.
É preciso regar para a Flor florescer.
Jesus, sei que passarei por muitos momentos de dor e deserto. Assumi isso quando te escolhi, pois assumi a Tua Cruz. Mas eu desejo, e peço a Ti, que a cada deserto e dor, minha alma ganhe uma Flor. E assim, eu seja a Tua beleza nesse mundo, a fragrância que encanta e apaixona. O presente que esse mundo precisa ter, e que vem de Ti.
Obrigada Jesus por me deixar passar pelo sofrimento, há um tempo atrás eu vi que ele é muito valioso. Felizes os que sofrem. Privilegiados de certa forma, nos aproximamos de Ti assim sabe, e se for preciso o sofrimento para estar perto de Ti, eu te digo, vale a pena.
Tenho a certeza que você está comigo em cada deserto, sabe como? Eu ganho flores.
É preciso regar para florescer.
No céu não quero te entregar espinhos, no céu quero te entregar minhas flores, porque os espinhos vivi aqui na Terra para te entregar flores no céu.
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