A purificação é um processo de reverência

A purificação não é só ausência de algo.

A água pura é mais do que a ausência de impurezas, como o diamante puro é mais do que a ausência do carbono, e como a comida pura é mais do que a ausência do veneno.

Sendo assim, a comunidade purificada é mais do que ausência de pecado.

Como já dissemos em alguns textos aqui no blog, estamos vivendo um tempo de purificação em nossa comunidade.

Tem sido um tempo difícil, duro, mas muito bom, pois cada vez mais essa purificação nos leva ao fruto da pureza.

A purificação nos leva a dar reverência ao mistério. Mas que mistério é esse? É o próprio carisma.

O mistério de nosso carisma, por exemplo, é a liberdade do Cristo manifestada.

A purificação une

“O que Deus uniu, o puro nunca iria separar. Nunca usaria o sinal material para desonrar o santo mistério interior, como não usaria o pão do altar, consagrado a Deus, para nutrir apenas seu corpo.”

Fulton Sheen

O que Deus uniu em uma comunidade?

O carisma e o consagrado. A união de um consagrado à Deus é pelo carisma, ele é o elo dessa união.

Sendo puro, ele não se separa mais do carisma, e assim não se separa mais de Deus.

Com isso, o tempo de purificação que estamos vivendo, nos une mais a Deus.

Já, o sinal material é de maneira concreta nossa insígnia, podendo colocar aqui também nossa espiritualidade, orações, que de alguma maneira se tornam sinais materiais.

O puro sempre usa tudo isso para honrar o mistério interior e invisível. A fonte de toda expressão visível e externa, é uma matéria invisível e interna.

Essa fonte invisível nutre tudo, sua vocação, sua vida, e a vida desse povo.

O início da pureza

“Os puros de coração verão a Deus porque sempre fazem à vontade Dele. A pureza não começa no corpo, mas na vontade. Daí ela flui, limpando o pensamento, a imaginação e, finalmente, o corpo. A pureza corpórea é a repercussão ou o eco da vontade. A vida é impura apenas quando a vontade é impura” 

Fulton Sheen

No âmbito carismático, esse corpo é a própria comunidade. A pureza não começa na comunidade por si só, mas sim na vontade de seus membros pela pureza.

Daí ela flui para o todo, como um eco que vai se alastrando, para o apostolado, para as missões, para os dons, os ministérios, as ordens, formações… até chegar a todo o corpo, que é toda a comunidade!

Se a vontade é pura, a vida será pura. Precisamos, como primeiro passo em busca da purificação, gerar o desejo pela pureza, intensificar essa nossa vontade. Ainda que não sejamos totalmente puros, precisamos ter o desejo de tal.

 A reverência ao Cristo

No evangelho é relato o dia que Jesus é abordado por 10 leprosos que pedem compaixão, e Jesus os envia para o caminho até o sacerdote:

“Ao entrar num povoado, dez leprosos vieram-lhe ao encontro. Paravam a distância e clamaram: ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!’ Vendo-os, ele lhes disse: ‘Ide mostrar-vos aos sacerdotes.’

E aconteceu que, enquanto iam, ficaram purificados. Um dentre eles, vendo-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, lançou-se aos pés de Jesus com o rosto por terra, agradecendo-lhe.

Tomando a palavra, Jesus lhe disse: ‘Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros nove? Não houve, acaso, quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?’” (Lc 17,12-16ª.17-18).

Isso é dar reverência ao mistério de Deus! É isso que a purificação precisa gerar em nós, a atitude desse samaritano, que volta e se prostra diante de Jesus.

Jesus em seu questionamento deixa claro, se todos os outros 9 foram purificados, cadê eles? Não porque Jesus precisava daquele louvor, mas porque aqueles 9 que não voltaram, não foram capazes de reconhecer tamanho mistério.

 O mesmo acontece conosco 

Essa palavra se atualiza hoje em nossa vida, somos esses que clamam por compaixão e Jesus nos mandou para o caminho. Nesse caminho, que se iniciou a um ano atrás, estamos nos purificando.

E, depois disso, seremos aqueles que vão reconhecer tamanho mistério e graça? Ou aqueles que não voltarão para agradecer?

Seremos aqueles que ao reconhecer esse mistério, doaremos mais ainda de nossas vidas para o carisma, para a comunidade, para as missões, aos irmãos?

Ou aqueles que continuarão na mesma?

Muitas vezes, por estarmos dentro da comunidade, já fazemos uma eleição de nós mesmos, achamos que por estarmos em um caminho de consagração, somos como o samaritano que voltou para agradecer Jesus. Que ilusão!

Na vida prática, temos a postura daqueles 9 leprosos. Quer um exemplo claro? Quando temos momentos de adoração, não queremos adorar Jesus, ficamos sentados nos bancos, vamos embora mais cedo… E usamos como a justificativa que “estava cansado” ou “não tô bem hoje”.

Mas e tudo que Jesus já fez por nós? Cadê a gratidão? Ainda que nossa vida fosse inteira louvando a Deus, não seria o suficiente para agradecer toda Sua bondade.

Voltar para agradecer a Jesus, é também, de maneira prática, reverenciar o carisma onde Ele se manifesta.

É fazer as orações diárias, ajudar os irmãos, não murmurar, servir em tudo e a todos, estar presente, ir nas adorações, nas formações, nos eventos comunitários, amar nas mais simples atitudes.

Talvez, você não terá que andar de longe como aquele homem, não sei qual é a realidade da sua vida. É pela realidade que vive hoje que precisa ter reverência a Deus.

Referência:

SHEEN, Fulton. TRÊS PARA CASAR. Ed. 01

O perigo de endurecer o coração

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