O Paradoxo entre a Viúva e Elias

Gostaria de partilhar com vocês, meus irmãos, alguns pontos que meditei a respeito dessa passagem e do tempo litúrgico que estamos vivendo: a Quaresma. Tenho o costume de sempre perguntar ao Senhor, em qual parte do ciclo de Elias que estou vivendo no momento, pois como nosso modelo carismático, estamos cansados de saber que encontramos muitas respostas em sua vida.

 

“Então a palavra de Iahweh lhe foi dirigida nestes termos: Levanta-te e vai a Sarepta, que pertence a Sidônia e lá habitarás. Eis que ordenei lá, a uma viúva, que te dê o sustento.”

 

Elias caminha rumo ao seu IDE, o Senhor ordenou e ele prontamente seguiu suas ordens. Após a torrente secar no Carit, imagino que não deve ter sido uma viagem fácil, tendo em vista a fome, a sede e o cansaço. No entanto, acredito que existia uma firme esperança em seu coração: o sustento estará lá, pois Iahweh prometeu.

 

Somos a Viúva

“Respondeu ela: Pela vida de Iahweh, teu Deus, não tenho pão cozido, tenho apenas um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Estou ajuntando uns gravetos, vou preparar esse resto para mim e meu filho, nós o comeremos e depois esperaremos a morte.”

 

Do outro lado, encontramos uma viúva desesperançosa, prestes a passar fome e com um filho para sustentar. Aqui trago para a minha vida, me coloco no lugar dessa mulher. Em quantas situações estamos juntando os gravetinhos, contando as moedas.

 

Morrendo de medo do novo, da mudança de casa, das novas missões, novas pessoas, conversões urgentes ou novas realidades que parecem se impor em nossas vidas de imediato, não sabemos de onde sairá a providência física e espiritual para suprir todas as necessidades. .

 

Estamos como ela, trabalhando, mas já conformados com a morte que nos espera. De fato, o sentimento dessa viúva é de total desesperança no futuro, na mudança, de que as coisas se ajeitem e deem certos aos poucos. Um coração completamente desamparado pela providência e desconfiado ao extremo, em minha última confissão o padre me exortava exatamente sobre isso.

 

A Diferença do Profeta para a Viúva

Partilhava com uma amiga, que estava vivendo esse momento do ciclo, ao mesmo tempo que era a viúva, me via como Elias: que indo atrás do sustento, se encontra com maior escassez. A farinha e o azeite acabando, com uma criança para ser sustentada.

 

No entanto, a postura de um profeta é diferente, pois Elias fez parte da “discussão das entranhas” do próprio Deus, ele sabia dos planos do Senhor e portanto, se existia uma ordem clara, ela iria se cumprir independente das circunstâncias. Diante da escassez, a postura do profeta é de confiança na Providência, sempre!

 

Em algum grau, tenho vivido essa experiência. No deserto da quaresma, são essas duas posturas que tenho transitado, para além disso, fazendo “provas finais” de confiança. Confiar que nada irá me faltar, materialmente falando, confiar que terei as palavras certas para dizer na missão, a sensibilidade para tocar os outros e o equilíbrio para cumprir todas as minhas obrigações com alegria.

 

“Profetinha” ou Viúva?

Qual é o novo que Deus te chamou a confiar novamente? Qual face da providência você precisa se lançar de uma vez? Tem sido mais viúva ou Elias? São algumas perguntas que fiz, e que me ajudam nas minhas práticas quaresmais. Pois, no final, a vasilha de farinha não se esvaziou e o azeite não acabou, mas superabundou a graça de Deus!

 

Até mesmo quando a viúva culpa Elias pela morte do filho, a confiança do profeta permanece firme no Deus de Israel. No Deus que ressuscita morto, cura cego e surdo, liberta de demônios, faz o mar abrir e cair o maná do céu. Esse é o Deus de Elias, é por isso que ele não se abala, mas simplesmente confia.

 

Que nesta quaresma, Deus nos dê a graça de extirpar qualquer desconfiança em relação aos movimentos que Ele mesmo realiza em nossa vida, e nos dê a serenidade e confiança de espírito!