Quem tem olhos para ver, veja!

Atenção leitor! Esse texto é para aqueles que servem na Igreja, para aqueles que estão com holofotes, olhares e julgamentos apontados para si. São para as pessoas que tem diversas habilidades e constantemente recebem elogios de suas ótimas performances.

Questione-se

Começo te perguntando: A quem você serve?

Você logo pode estar respondendo que é a Deus. Então te indago: “E se você fizesse todo o trabalho e quem recebesse o crédito fosse outra pessoa? Você continuaria servindo?”.

Talvez você esteja com essa resposta: “Eu não estou aqui para aparecer, é apenas uma questão de justiça. Se eu fiz, eu levo o crédito.” Sim, sim, eu sei que você não serve a Deus para aparecer. A questão é: “Estaria disposto a perder a sua se desgastar para proporcionar o bem a outra pessoa?”

“Nossa, Walter, que papo pesado”. Pois é, se liga na sutileza do aprendizado que o Espírito Santo me proporcionou.
No dia 31 de maio de 2020, alguns dias atrás, foi a Festa de Pentecostes. Aqui em São Paulo, a Igreja juntou várias comunidades para realizar a segunda edição do evento. Nem o mais ungido do mundo poderia imaginar que estaríamos há quase 3 meses em quarentena. O que a princípio aparentou ser um desastre, se mostrou bem ao contrário. Essa é a dinâmica de Deus. Ele sempre tira coisas boas de situações ruins (aprofunde no texto Adaptar ou Resistir?).

Porém, é preciso lembrar que só vê as maravilhas quem tem olhos.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Mateus 13, 9

E você pode estar se perguntando: “Walter você furou a quarentena?” Eu te digo: Sim, fui fotografar e filmar o evento e aprender um pouco com o Espírito Santo.

 

Oberve com cuidado

Eu fiz uma brincadeira com a forma que Jesus falava aos discípulos, para mostrar que o modo do aprendizado foi através da visão. Infelizmente algumas pessoas só podem se comunicar dessa forma. Essas pessoas são os surdos e mudos. Esses mesmo que a gente nem tem ideia de onde vivem, mas que graças à pandemia eles estão cada vez mais presentes na nossa realidade. Ali no cantinho, dançando e alegrando a muitas pessoas que infelizmente não possuem o privilégio de escutar.

Observem a foto abaixo que irei legendar para facilitar à didática.
A. Interprete da TV
B. Câmera
C. Interprete escondido
D. Imagem Captada
E. O que você assiste

Em uma transmissão normal, temos a câmera (item B) que captura o interprete TV (item A), joga para um computador base (item D) e em seguida lança para a mesa de corte e transmite para sua casa (item E). Entretanto na transmissão de Pentecostes havia um mecanismo diferente.

O rapaz que você assistiu (item A) é surdo e mudo. Ele queria muito participar e pediu “a Pastoral das Pessoas com Deficiência”. Entretanto havia uma situação complicada. Como ele iria fazer para traduzir em Libras se ele não poderia escutar o que estava sendo falado no palco? Eis que “Pastoral da Inclusão”, prefiro chamar assim, se revezou para inclui-lo.
Entenda a nova dinâmica. A interprete escondida (item C) escuta o que está sendo falado no palco, faz a tradução, mostra para ele e através da técnica espelho ele repete o que ela está fazendo. A câmera o grava e transmite.

 

Sirva a troca de nada

Depois de um tempo que ele se cansa e vai descansar. A moça por outro lado continua, vai para frente da câmera e segue fazendo a tradução simultânea. Se você acompanha meus textos já deve ter entendido aonde eu quero chegar.

A mulher estava fazendo todo o trabalho duro. Ela que precisava estar atenta ao que era falado e fazer a tradução simultânea (o que não é nada simples), o rapaz simplesmente a copiava. Digamos que ele ganhou o crédito da metade do trabalho dela. E digo mais, ela poderia ter feito isso tudo sozinha, não precisava dele.

Às vezes é engraçado como Deus faz as coisas, não é mesmo. Ele que poderia resolver tudo sozinho, se utiliza de nós. Santos que entregaram a vida a Deus e não buscaram nenhum crédito, hoje são usados como exemplos para nossas lutas. Jesus que aceita o martírio mesmo não tendo pecados para salvar aqueles que nunca pediram sua ajuda, mas Ele sabia que precisavam.

Somos uma geração que tem muitos exemplos positivos a seguir, mas nos espelhamos nas más atitudes. Nos empoderamos de comportamentos viciosos ou de atitudes soberbas para dizer que mandamos nas nossas vidas. Vivemos clamando por justiça e respeito humano, entretanto quase nunca fazemos o certo para nós mesmo.

 

Avance na caminhada

Eu disse no inicio, esse texto não é para quem está no nível 1 da vida em Cristo. Não é para os que ainda estão decidindo se a Igreja é o seu lugar de transformação. Esse texto é para aqueles que estão na batalha, assim como eu, para se tornarem o que Deus sonhou em essência filial.

A vida ministerial é para ser regida de muitas batalhas internas e externas. É preciso dobrar os joelhos, mas dobrar a sua dignidade também. Somente quando somos semelhantes ao Cristo padecente na Cruz é que nossa humanidade pecaminosa da espaço para a ação virtuosa do Espírito Santo.

Enquanto estivermos presos na onda de respeito a si mesmo e senso de justiça mundano, muito longe estarei da vida celeste sonhada pelo Pai Criador.

Esse processo não é nada simples, por isso escrevemos, oramos, jejuamos, pregamos e vivemos. A cada texto que escrevo eu tenho a oportunidade de ser uma testemunha do que o carisma Cristo Libertador tem feito em mim. A cada momento luto com a minha própria necessidade humana de ser aplaudido, tendo a oportunidade de me esconder no lado aberto de Jesus na Cruz.

Não basta aprendermos com a mente, precisa-se aprender com o espírito.

 

Testemunho

O cinegrafista contratado para fazer a cobertura estava em contato com pessoas que pegaram o COVID-19 e por prudência disse que não poderia. Minha comunidade me pediu para ir em seu lugar. Ele precisava do dinheiro e eu poderia ajudá-lo. Apesar de sempre estar por trás das câmeras, naquele dia recebi um entendimento diferente da minha profissão.

Eu me surpreendi quando me encontrei fazendo o mesmo que aquela serva. Mas preciso admitir uma coisa, eu não queria ir, não tava afim de me expor, de quebrar os aprendizados de obediência que estava recebendo. Entretando, na hora de responder ao pedido de meu fundador, me senti incapacitado de negar e mesmo contra minha vontade humana disse sim ao chamado.

Depois de tanto aprender no evento eu pude ter a certeza que o próprio Espírito Santo me levou até lá.

 

Oração

Oremos:
“Oh, Espírito Santo, tu que és o comunicador do amor do Pai e do Filho, venha até mim nesse momento e me ensine a viver segundo a sua vontade. Que eu possa ser capaz de me doar para que o outro se aproxime de Ti. Transformai-me em um ser humano santo e humilde, digno da sua presença.”

#Dica Formativa

Muitas vezes será necessário ter atos contra nossa vontade (talvez até ilógicos) para alcançar o que desejamos.