“Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração”“? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho” (Lc 24,38-39).
Você já se perguntou alguma vez, por que Jesus ressuscita com as marcas dos pregos em suas mãos e pés? Por que traz a marca da lança em seu lado? Por que come na frente dos discípulos? E aquele papo de que após a morte esqueceríamos tudo, inclusive as dores e revés que passamos nesta vida?
Vamos esclarecer à luz do catecismo de nossa Igreja e com o auxílio de alguns santos e teólogos de nossa Igreja todas estas questões. Fique calmo!
Jesus é o padrão
Jesus Cristo é o paradigma (exemplo, meta, modelo perfeito) de homem, ou seja, como já amplamente dito, e sabido pela maioria, Cristo encarnou-se, e em sua humanidade se fez igual a nós, menos no pecado (Hb 4,15 / Fl 2,5-8), para que pudéssemos imitá-lo, e compreendermos como é ser homem segundo o coração de Deus.
Aquilo que foi corrompido em Adão, Cristo recria, refaz, restitui, e então estabelece a nova aliança. “Quem está em Cristo, nova criatura é” (2Cor 5,17).
Se, portanto, Jesus é o modelo de humanidade, através de seu exemplo podemos encontrar as respostas existenciais que precisamos dar e crer com nossa razão e com nossas ações, ou seja, com nossa vida.
Nascimento, crescimento, sofrimento, morte e RESSURREIÇÃO. Em tudo devemos imitar e esperar em Cristo (Ef 5,11).
CIC – 1694. Incorporados em Cristo pelo Batismo (Rm 6,5), os cristãos «morreram para o pecado e vivem para Deus em Cristo Jesus» (Rm 6,11), participando assim na vida do Ressuscitado (Cl 2,12). “Seguindo a Cristo e em união com Ele (Jo 15,5), os cristãos podem esforçar-se por ser imitadores de Deus, como filhos bem amados, e por proceder com amor» (Ef 5,1-2), conformando os seus pensamentos, palavras e ações com os sentimentos de Cristo Jesus (Fl 2,5) e seguindo os seus exemplos (No 13,12-16).
Antes das respostas, leia esta pequena explanação sobre a ressurreição do site da Arquidiocese de São Paulo:
“A ressurreição de Jesus não é como a ressurreição de Lázaro, a da filha de Jairo ou a do filho da viúva de Naim; Cristo não volta à vida terrena mortal para um dia morrer novamente”.
A ressurreição de Jesus não consiste somente na sobrevivência da alma: quando o ressuscitado aparece aos discípulos não se apresenta como fantasma ou como alma desencarnada. O Ressuscitado aparece com corpo glorificado e real, que pode ser identificado pelas marcas da paixão. Se Jesus aparecesse apenas como alma, isso levaria a pensar que Ele não pertence ao mundo da vida, mas da morte.
Aparição do ressuscitado é diferente de experiência mística
A ressurreição de Jesus possibilita encontros pessoais que nos evangelhos são descritos como aparições. Essas aparições, distintas das experiências místicas, são experiências em que a pessoa de Jesus ressuscitado se aproxima dos discípulos.
São Paulo, por exemplo, em sua vida possui essas duas experiências, e as distinguiu com clareza: uma é a sua elevação até o terceiro céu (cf. 2Cor 12,1-4), que é uma experiência mística, e outra é a aparição de Jesus no caminho de Damasco (At 9,1-6), que é uma experiência com Jesus Ressuscitado que aparece no caminho.
A partir dessas informações bíblicas, o Catecismo da Igreja Católica continua a refletir sobre a natureza particular da ressurreição de Jesus.
“A ressurreição de Jesus é obra da Santíssima Trindade, na qual as três Pessoas divinas agem ao mesmo tempo, juntas e manifestam sua originalidade própria (CIC 648-650)”.
“A ressurreição de Jesus, além de ser revelação trinitária, tem significado para a nossa salvação. O ressuscitado é o princípio da nossa ressurreição desde já pela justificação de nossa alma e, mais tarde, pela vivificação de nosso corpo (CIC 651-655)”.
Segundo o Novo Testamento, as aparições do Ressuscitado não se multiplicam indefinidamente. Elas acontecem no período de quarenta dias. A última aparição coincide com a entrada da humanidade de Jesus na glória divina. Jesus subiu aos céus e está sentado à direita do Pai (CIC 659-667).
Baixe o arquivo completo do Catecismo sobre a Ressurreição, aqui.
Estando a par do conhecimento acima, e sem a pretensão de esgotar este assunto neste simples artigo, afinal a ressurreição de Jesus é um assunto muito complexo, vamos às respostas questionadas!
Por que das marcas nas mãos, pés e lado?
“O proposito da demonstração física é mostrar duas coisas: que Jesus havia ressuscitado fisicamente, e que ele era o mesmo Jesus que fora crucificado. Assim ela serviu para assegurar a corporeidade e a continuidade do corpo da Ressurreição” (William Lane Craig – filósofo e teólogo – EUA).
“As marcas dos pregos demonstram que o corpo ressuscitado de Jesus é o mesmo corpo que foi crucificado apenas alguns dias antes. A evidência da sua ressurreição se torna incontestável a partir do seu desaparecimento (túmulo vazio), das suas várias aparições, e de um exame direto de suas feridas (Jo 20,27). O corpo ressuscitado de Jesus é verdadeiramente físico, mas não mais terreno, já que a sua humanidade é agora incorruptível e dotada de condições espirituais. Ele reina para sempre em corpo humano” (Scott Hahn e Curtis Mitch).
Por que comeu na frente dos discípulos?
Além dos motivos citados na resposta anterior, Cristo tinha por habito comer com os seus discípulos, e esta é ainda mais uma prova de que Ele conserva toda a memória e consciência do que viveu com os seus.
Por que não se esqueceu de toda dor que sofreu?
Como também dito acima. Existe uma continuidade em nossa existência pós- morte, apesar de haver uma ruptura radical na nova forma de existência que passa a ser contida em Cristo. Este assunto é, então, ainda mais complexo, mas em suma, sinteticamente podemos pensar que como a alma é imortal conservaremos as memórias, e toda a nossa história, porém purificadas e revestidas de santidade pelos méritos do sangue do cordeiro.
Ou seja, as chagas de Cristo Ressuscitado são agora gloriosas, não mais lembram a dor, mas a Vitória. Não são fardos sofríveis, mas sim troféus memoráveis.
Em Cristo, perfeitíssimo, sem mácula do pecado, esta “conversão” acontece imediatamente após sua morte, em nós acontecerá no purgatório, ou algumas delas como em Cristo, se tivermos vivido em santidade.
Conclusão
Assunto complexo, mas muito interessante. A verdade absoluta só saberemos no dia de nossa Páscoa final, de nossa morte para esta vida. Porém, hoje podemos olhar para o mestre Jesus, e ter a certeza de fé sobre este assunto. Ele é a revelação plena.
Não sei vocês, mas a cada dia me apaixono mais por nosso Senhor. E quanto mais conheço mais creio. Quanto mais creio mais sinto vontade de conhecer, já dizia Santo Agostinho.
Leia mais textos para refletir nessa Oitava de Páscoa:
Por que Jesus aparece primeiro as mulheres? https://blog.cristolibertador.com/jesus-se-revela-primeiro-para-as-mulheres/
Somos todos os discípulos de Emáus: https://blog.cristolibertador.com/somos-todos-discipulos-de-emaus/
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