Quando pensamos no Natal, já pensamos em enfeites, alegria, festas, família, presentes… Vivemos esse tempo como uma grande festa.
Esses dias escutei o testemunho da Irmã Donata, da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia (a que Santa Faustina participou), e ela partilhava que em uma das festividades de Natal ela estava com grande expectativa para viver esse momento de festa de maneira alegre e tranquila, e se programou para fazer uma grande festa com seus irmãos e descansar.
O que aconteceu é que ela precisou trabalhar muito nessa festividade, consequentemente não conseguiu tempo para descansar como desejava, lhe restou apenas alguns momentos que poderia rezar.
Em uma de suas orações, demostrou sua insatisfação à Deus e começou conversar com Maria. Nesse momento Maria disse a ela, que o que estava vivendo ali era mais perto do verdadeiro Natal do que o que ela desejava.
Maria dizia que o primeiro Natal vivido não tinha Jingle Bells tocando, sinos, enfeites, festas, comidas. Na verdade, no primeiro Natal houve sofrimento, cansaço, rejeição. Esse foi o Caminho para Belém.
O caminho para Belém
Como sempre, priorizamos apenas aquilo que nos dá prazer, é por isso que no Natal nossa sociedade, e até mesmo os cristãos, só evidenciam o prazer, a festa, o ganhar presente.
Jesus nasce sim, e isso é motivo de grande festa para nós, assim como foi para Maria e José, e alcançou até mesmo aqueles Reis Magos que foram visitar o menino que havia nascido.
Mas, não podemos esquecer que antes do nascimento, teve um longo caminho para Belém e é isso que precisamos viver no tempo de Advento.
Não se chega ao nascimento, sem passar pelo sofrimento.
É assim com a nossa vida, o parto é o momento de sofrimento que culmina no nascimento.
Maria não teve as dores do parto, mas teve grandes sofrimentos em seu caminho para Belém.
Romantizamos o Natal
Vivemos em uma época de romantismo. Romantizamos a maternidade, a religião, a vida missionária, o emprego. E, já que o assunto é o Natal, quantas vezes romantizamos o Natal?
Não foi fácil o caminho de Maria para ter Jesus.
Ela, grávida, precisou ir até Belém com José. Na época, não tinha Uber, ela teve que ir de jumento. Nesse caminho eles podem ter passado fome, sede, ficaram cansados, os pés podem ter doído.
Com certeza foi um caminho cansativo, teve rejeição, ninguém os acolheu em sua casa. O único lugar de acolhimento foi onde era destino aos animais, um estábulo.
“Enquanto lá estavam, completaram-se os dias para o parto, ela deu à luz seu filho primogênito, envolvendo-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia um lugar para eles na sala.”
Lc 2, 6 -7.
Maria viveu o advento
Ainda sobre o testemunho da freira que comentei no começo, ela partilha que Maria disse à ela quando murmurava sobre suas expectativas para o Natal:
“Olhe para o nosso caminho de Belém, Maria disse, houve sofrimento, cansaço, rejeição.
Não foi fácil e nós não aceitamos isso sorrindo, havia dor e lágrimas. Mas não havia rebelião em nossos corações, frustração ou raiva. Aceitamos a situação, pois não poderíamos mudar de qualquer forma, Deus estava trabalhando nisso e cumprindo sua vontade. “
A freira em meio a essa partilha, questionou Maria: parece que Deus te abandonou!
E Maria respondeu que não: “Não era uma situação confortável para nós, mas esse pensamento nunca surgiu na minha mente. Eu confiava Nele completamente.”
Maria é a primeira célula do corpo, que é a Igreja, então, nela está o exemplo de como a Igreja deve viver. Eis aqui o verdadeiro Advento, um caminho para Belém! Maria foi a primeira que viveu o Advento.
Tempo de advento
A prática de penitência, jejum e oração no tempo de Advento é muito nova para mim ainda. Confesso, que em muitos anos nem me importei com isso e vivi de qualquer jeito, me preocupando apenas com a festa do dia 24 e dia 25.
Mas, nos últimos anos, Deus me deu a graça de viver esse tempo de maneira diferente. Hoje entendo que o tempo de Advento também é de profunda conversão, e sendo assim, não deve ser um tempo confortável para nós.
Eu desejo me unir a nossa mãe nesse tempo, e se para ela não foi confortável, que eu tenha a graça de unir-me a suas dores.
Não é à toa que nossa Igreja está vestida de roxo nesse período, os únicos períodos que nos vestimos assim é na quaresma e no advento, dois momentos de profunda oração para a Igreja e todos os seus filhos.
Desde que tive mais consciência de tudo isso, procuro viver melhor esse tempo.
Rezo e entrego as intenções junto com os propósitos de penitências na primeira missa do primeiro domingo do Advento. Durante todo o tempo, busco viver em profunda oração.
E assim, me preparo para a chegada do nosso Salvador, me unindo a Maria Santíssima no caminho para Belém.
Viva bem esse tempo
Se ainda você não escolheu sua penitência, escolha, ainda há tempo. Veja o que mais precisa se converter em seu coração, e busque isso. Será um bom jeito de se estar mais preparado quando celebrarmos o nascimento de Jesus.
E ah, não se esqueça de fazer um bom exame de consciência e uma boa confissão! Para nós, Natal não é somente um tempo de luzes, alegria, festas. Deve ser para nós além disso, um retiro espiritual que começou no último domingo com o início do Advento, e termina no dia 25 dezembro, no Natal.
Um santo advento e um feliz natal a todos!
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