Semana passada, no sábado, estivemos em missão no grupo de oração dos nossos queridos irmãos do Jovens Sarados. Minha irmã de comunidade pregou sobre o pecado da acídia, e relacionou com aquela passagem dos servos e dos talentos.
Apesar de já ter meditado bastante esse pecado, até escrito meditações a respeito dele, dessa vez, caiu de uma forma diferente em meu coração.
Não multiplicar é acídia
“E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” – Mt 25, 15
Podemos achar que o servo inútil tinha até um medo legítimo, mas na verdade, ele só estava travestindo o pecado da acídia que já o tinha dominado faz tempo.
Quantas vezes preferimos nem fazer, para que não dê trabalho, não exija muito esforço nosso e no fundo, só queríamos que aquele nosso dom/talento nem existisse.
O que tem no seu túmulo?
Logo no começo do grupo de oração o Senhor já inspirou uma moção de que existia um túmulo, e quem estava dentro era esse servo inútil, que não servia para nada.
Já tinha sido tomado tanto pela morte que estava dentro de um túmulo, e vejam que não foi apenas o talento que ele não multiplicou que morreu, foi ele próprio. O servo inútil, que não servia nem para viver.
Em determinado momento da pregação, foi-nos questionado: “E o que tem no seu túmulo? Qual é o talento que você queria que estivesse morto, mas o Senhor deseja ressuscitar?”
Eu vi o meu
Partilho com vocês, meus irmãos, que eu via nitidamente o meu túmulo e dentro dele a minha própria vocação. Os momentos de intimidade com o meu carisma, as missões e os sonhos.
E mais do que isso, o quanto eu queria que continuasse lá dentro. De que não retornasse a vida, para que não me desse trabalho e se estivesse morto mesmo, seria mais fácil pra mim.
Enquanto rezava com tudo isso, e pedia perdão ao Senhor, era ministrado que Jesus estava ressuscitando dons, profecias e esses nossos “filhos” dentro dos túmulos.
Toda morte vencida, gera vida!
Não podemos gerar os nossos talentos em luto, em desespero e tristeza. Pois se ainda temos algum dom, é porque assim quis o Senhor e quanto mais quisermos negá-los, mais iremos a caminho da morte.
De um certo modo, é fácil nos acostumarmos com a morte/acídia, é fácil ficar no meu comodismo. Defunto não faz nada, não tem trabalho algum, quem trabalha por ele são os vermes que terminam de decompor.
É fácil nos acostumarmos a viver endemoniados!
Me lembro de Madalena, que precisou aprender novamente a viver sem os SETE demônios. Porque ela já tinha sido exorcizada, mas é o hábito que prova a virtude, é o todo dia.
Que no dia de hoje, o Senhor nos dê a graça de não vivermos em luto. De trabalharmos incansavelmente pela reparação da nossa alma, sem retroceder, sem desanimar e sem voltar atrás.
Que não sejam apenas palavras bonitas, mas verdadeiras de fato. Amém!
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