Contemplando o quarto mistério doloroso do terço mariano “Jesus a caminho do Calvário e o encontro com sua mãe”, por alguns minutos parei no tempo e quando abri meus olhos para começar a dezena do terço, meus olhos fixaram na troca de olhares entre Jesus e Maria.
Santo Afonso Maria de Ligório nos ensina:
“(…) Conferindo a qualidade de mãe, direitos especiais sobre os filhos, parece conveniente que Jesus, inocente e sem culpa própria merecedora de suplício, não fosse destinado à morte de Cruz sem que a Santíssima Virgem consentisse e o oferecesse espontaneamente a morrer. Verdade é que Maria já dera o seu consentimento quando foi escolhida para Mãe do Redentor. Quis, porém, o Eterno Pai que ela o renovasse no tempo da Paixão, a fim de que, juntamente com o sacrífico da vida do Filho, fosse também sacrificado o coração de Maria (…).”
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 372-374)
O sim custoso de Maria
Por este trecho podemos perceber que não foi fácil o “SIM” de Maria, ela sabia que desde o princípio que seu amado filho passaria por muitos sofrimentos tendo como fim a morte de Cruz.
Imagina isto para o coração de uma mãe?
O Filho mais perfeito, com a mãe mais perfeita. Que encontro!!!!
Naquele momento com toda certeza passou um filme na sua cabeça: Jesus crescendo no seu ventre, o primeiro chute em sua barriga, o nascimento, o primeiro olhar, o primeiro beijo, os choros da madrugada, o primeiro sorriso, o primeiro dentinho, os primeiros passos….
Tudo, tudo até o atual momento, como ela sofreu durante toda a sua vida, sabendo que um dia seu filho passaria pela paixão e morte de Cruz.
O amor de mãe
Como mãe, levadas por este amor louco, fazemos de tudo para que nossos filhos não sofram, não tenham frustrações, não sintam dor, não entristeçam.
E esquecemos que tudo isso faz parte do crescimento e amadurecimento do ser humano.
Maria revelou à Santa Brígida que um suor frio lhe corria pelo corpo, por causa do temor do doloroso espetáculo que se avizinhava, porém, ela não impediu o caminho que seu filho precisava percorrer. Ela entendeu desde o princípio que Ele tinha um caminho a trilhar diferente do seu.
Mas ela, como mãe, precisava estar ali, ao lado, intercedendo para que seu filho amado fosse fiel até o fim, mesmo com o coração cheio de dor, em meio as lágrimas.
Maria fez o trajeto junto Dele, em silêncio, sabendo que a Crucificação estava próxima.
Acompanhar e interceder
Como é difícil para nós mães deixarmos nossos filhos seguirem seus caminhos e colher o fruto das suas escolhas.
É muito difícil ver um filho chorar e não poder estar perto para consolá-lo e pegar no colo.
E até doloroso saber que as escolhas do seu filho são diferentes da sua, diferente de tudo aquilo que sonhamos para cada um deles, mas, mesmo assim, deixá-los partir….
O filho não é da mãe
A grandiosidade da maternidade está em entender que os filhos não são propriedades nossa, fomos agraciadas por Deus a dar a vida a um novo ser, alguém com dons, virtudes e vontades próprias.
E nós como mães precisamos estar ao lado de nossos filhos, mesmo não aceitando ou entendo suas escolhas.
Nosso papel de mãe, é ser aquela que está ao lado, apoiando, incentivando e corrigindo quando necessário.
E acima de tudo, rezando, rezando muito por eles para que se cumpra não a nossa vontade, mas a vontade de Deus em suas vidas.
Pedimos a intercessão de Maria sobre nossa maternidade para que como ela possamos “deixar” nossos filhos seguirem seus caminhos, assim, como ela fez com Jesus. E confiar nos cuidados de Deus sobre eles, entender que as dificuldades fazem parte da vida.
O prêmio da maternidade
E no final de tudo, conquistar está cumplicidade que Jesus e Maria tiveram e apenas em um olhar poder dizer um ao outro: CONSEGUIMOS FILHO e ele responder: SIM, MÃE, CONSEGUIMOS!!
Que alegria, que momento!
Então minha querida mãe, que possamos pedir a graça a Deus, e assim a cada dia nos assemelharmos a Maria, através da oração, do silêncio e da renúncia.
Nossos filhos são de Deus e é para Deus que devemos devolvê-los.
Sejamos santas, e tudo mais, nos será dado.
Deus abençoe!
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