Comunidade de Fé

O que seria de nossas comunidades, se suprimíssemos delas a Fé? A resposta é clara, NÃO EXISTIRIAM. Óbvio, afinal, o que nos une é a fé em Cristo Jesus, nosso Senhor e Salvador, debaixo da Sã Doutrina da salvação da Igreja Católica Apostólica Romana.

Esta é a mais pura verdade, e aqui em nossa comunidade refletimos bastante sobre isso, se não fosse o carisma que portamos, jamais seriamos UM, jamais sequer seriamos amigos em muitos casos. Portanto, a fé é nosso vínculo de unidade, expresso através de nossas vidas.

Quando buscamos este testemunho de fé da primeira comunidade cristã nos deparamos com o livro dos Atos dos Apóstolos, que em sua totalidade traz os grandes ensinamentos e feitos das primeiras comunidades cristãs nascentes no período pós-pascal.

Os primeiros capítulos do livro de Atos já nos dão o panorama geral deste processo de unificação, vivificação e envio missionário da Igreja de Jesus Cristo.

Capítulo 01 Testemunho da Ascenção de Jesus Cristo e espera do Espírito Santo;

Capítulo 02 Pentecostes, pregação de Pedro com a conversão de três mil pessoas, e relato de como vivia a primeira comunidade cristã em Jerusalém;

Capítulo 03 Cura de um aleijado e pregação de Pedro ao povo que presenciou o milagre, diante do templo;

Capítulo 04 Primeira prisão dos apóstolos (Pedro e João) e oração deles diante da perseguição, e novo relato de como vivia a comunidade de Jerusalém. Especialmente como punham tudo em comum, e o testemunho de Barnabé que vende tudo que tem e põe aos pés dos discípulos;

Capítulo 05 Fraude Ananias e Safira e a morte para a comunidade. Mais milagres, perseguições e nova prisão.

Se olharmos para estes primeiros capítulos que antecedem o início oficial das missões apostólicas que se darão a partir do capítulo seis, veremos que há uma ordem clara e três perícopes fundamentais que nos exemplificam sobre o que é, e como é a vida comum dos primeiros cristãos reunidos em torno de Pedro e dos demais apóstolos.

Estrutura:

Espera do Espírito Pentecostes (envio missionário) Pregação e Milagre (Obras maiores que de Jesus) Perseguição e prisão Morte para a comunidade e novas pregações, milagres, perseguições e prisões;

Se não entendeu ainda o que te espera enquanto membro de uma comunidade cristã, está na hora de acordar. 

A fé que te une aos irmãos, quando amplificada pelo Espírito Santo, te impele enquanto indivíduo e como parte do corpo comunitário a se lançar à pregação verbal e principalmente com a vida, a realizar obras maiores que Jesus, curando aleijados que manquitolam em sua fé tíbia. 

Este impulsionar não é mais contido por barreiras, perseguições e nem por prisões físicas, a comunidade de fé passa a não ter mais limites na propagação do evangelho de Jesus, se respira e se expira Cristo, em tudo, e todos, e, para todos. Agora a comunidade em cada um de seus membros está pronta para ir até o martírio, como vemos nos capítulos 6 e 7 de Atos com a morte de Estevão.

Mas e a morte na comunidade? O que Safira e Ananias têm a ver com isso?

Calma… Chegaremos lá!

Ao lermos as perícopes – At 2,42-47; 4,32-37; 5,1-11 – nos deparamos com lições importantíssimas do que é viver em e para a comunidade, e de como é morrer em e para a comunidade.

“Assíduos ao ensinamento dos apóstolos”Fiéis a aquilo que Pedro, João e nossos demais primeiros pastores ensinavam a respeito do que ouviram de nosso Senhor Jesus Cristo. 

Jesus Cristo, a fonte, da qual emanam dois rios: Sagradas Escrituras e Sagrada Tradição. Sendo ambas interpretadas pelo colégio apostólico, pelo santo magistério, aqueles que foram e que são ligados diretamente ao coração de Deus por vocação essencial. Não adianta só ler a bíblia, tem que saber interpretar segundo nossos Santos Padres! Ter acesso ao catecismo da Igreja, bem como às exortações papais e demais documentos é essencial para uma comunidade sadia e cristã católica de fato. Isso evita enganos e distorções provenientes de Satanás e de nossos pecados.

Atos 2,42-47

“À comunhão fraterna”Amor em todos e por todos. Cuidado para com cada membro do corpo comunitário. Partilha de tudo que possuíam – “Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum” – se amando concretamente, não apenas com palavras, mas com ações e grandes demonstrações de desapego e despojamento.

“À fração do pão” – Santa Missa! Católico que não frequenta missa não é católico. Não é nem cristão para falar a verdade, pois ignora a principal herança deixa para nós, o Corpo e Sangue, alma e divindade de nosso Senhor Jesus Cristo. 

Os filhos se reúnem em torno da mesa, e se assim não o fazem como podem dizer fazer parte de um corpo comunitário. Comunidade reunida em torno da mesa santa, já é Reino de Deus nesta terra. Já é céu! 

A primeira comunidade já iniciava de maneira simples e humilde a liturgia principal de nossa fé – “Dia após dia, unânimes mostravam se assíduos no Templo (ainda permanecia a tradição judaica) e partiam o pão (eucaristia) pelas casas, tomando o alimento (eucaristia) com alegria e simplicidade de coração”.

“E às orações” – Oravam, muito. Em todas as circunstâncias e em todos os lugares. Vida de oração! Se não tenho vida de oração no íntimo de meu quarto, como posso dizer que aderi de fato à fé? “Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo”.

Não há sinais de murmuração, apenas de louvor e muito Pentecostes, diário, no íntimo de cada cenáculo.

“Apossava-se de todos o temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais que se realizavam por meio dos apóstolos” – Aqui não era simplesmente o temor servil motivado pelo medo, ou o temor imperfeito impulsionado pelo medo de perder a comunhão, mas sim o temor perfeitíssimo manifestado pelo amor ardente, que a cada dia era inflamado pelo próprio Espírito de Deus.

E o Senhor acrescentava cada dia ao seu número os que seriam salvos” – A comunidade crescia, pois, todos eram um só coração, um só pulsar de evangelização, um só corpo, cada membro era um eco da pregação inflamada de Pedro. 

Atos 4,32-37

“Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum” – Não ter nada como exclusivo seu, não significa não ter nada. Significa que tudo que se tem, não é só seu, é de todo o corpo comunitário. Isso se aplica aos dons recebidos do Espírito e aos bens conquistados graças à providência divina. Nada é meu tudo é do Pai, e, por conseguinte de todos os filhos. Não havia espaço para ganância, acúmulo, mesquinhez e coisas do tipo.

“Com grande poder os apóstolos davam o testemunho da ressurreição do Senhor, e todos tinham grande aceitação” – O testemunho do Ressuscitado era e é o alimento comunitário. O corpo comunitário que não se alimenta do testemunho da ação do ressuscitado em suas vidas individuais, e em sua vida comunitária definha e morre de inanição.

“Não havia entre eles necessitado algum” – As distâncias financeiras eram diminuídas, supressas. Todos dispunham de tudo que possuíam para a comunidade. E quem gerenciava esta partilha eram os apóstolos. Vamos ser diretos aqui, sem metáforas fantasiosas e interpretações tendenciosas – “De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam os valores das vendas e os depunham aos pés dos apóstolos”.

De fato, é fato! Não tem como espremer o texto para sair o que queremos. Na nossa comunidade temos o elo de vida, que é sem ter nada, e o elo de aliança que é apesar de ter. Todavia, as distâncias e disparidades entre todos os membros do corpo precisam ir diminuindo até chegarem à não existência, claro se respeitando o chamado individual de cada um. Mas não dá para eu ter posses e mais posses e conviver com quem não tem nada e ainda passa necessidade. Isso fere o corpo comunitário gravemente! É necessário generosidade e pobreza de Espírito.

No fim deste trecho vemos o exemplo claro disso na vida de Barnabé, que possuindo um campo vendeu e colocou o dinheiro todo aos pés dos apóstolos. Não sei se entende a magnitude deste despojamento. 

Se pensarmos no dinheiro por si, já seria um baita testemunho. Mas quando lembramos que na cultura judaica, onde as posses passavam de geração em geração, e não era permitida sua venda por qualquer motivo percebemos que Barnabé entrega suas posses, vida, história, tudo que possui de mais sagrado, sem se preocupar com sua reputação. Isso é dar tudo, isso é dar cem por cento do que possui e é.

Atos 5,1-11

Nestes versículos nos deparamos com a morte de Ananias e Safira por tentarem enganar o Espírito Santo, mentindo para os apóstolos e para toda a comunidade. Não quiseram viver como Barnabé, e por ganância esconderam parte do todo que deveriam ter depositado aos pés dos apóstolos.

Como Adão e Eva, Ananias e Safira em conluio, deram ouvidos a Satanás, e acabaram preferindo um fruto ao invés de todo um pomar cheio de frutos. Escolheram morrer para a comunhão fraterna, ofenderam gravemente o corpo comunitário.

O Diabo assassino desde o princípio oferta a morte àqueles que aderem à mentira. Foi assim com nossos primeiros pais, e foi assim com este casal infeliz. Quando resolvemos doar cem por cento e nossas atitudes não condizem com esta pretensa doação, mentimos e também acabamos matando o dom do Espírito em nós, e em nossa comunidade. É triste, mas é justo que seja assim.

Por fim meus irmãos, que possamos aprender com todos estes ensinamentos e testemunhos, e inflamados pelo Espírito Santo sigamos firmes rumo a uma vida de martírio, só assim seremos COMUNIDADE DE FÉ!