Símbolos de uniões estáveis e duradouras, que devem durar até que a morte separe as partes, as alianças, sejam quais forem, anéis, correntes, insígnias, e tantas outras, além de terem a função de nos ajudar a fazer memória, servem também para expor quem as carrega e incomodar quem as porta.
Fazer memória
Não sei você, mas todas as vezes que eu olho para minha aliança (anel de casamento) me lembro de minha esposa Natália, e de nossa união. Vem na hora à minha mente o amor que nutro por ela através de minhas escolhas, e consequentemente os deveres e responsabilidades também sofrem uma atualização.
Não é algo pesado, pelo menos não para mim. É prazeroso saber que sou um com alguém, no caso do matrimônio uma só carne.
As alianças possuem este formato circular para nos ajudar a entender que o amor não tem começo e nem fim, ele não é um sentimento que surge e logo acaba, mas sim uma escolha que se renova a cada dia, e mesmo que minha esposa hoje, não seja mais a mesma de 2011, quando nos casamos, e muito menos a mulher com quem namoro desde 2002, eu a escolho, pois a sua essência não mudou, só amadureceu, se purificou.
O mesmo acontece comigo quando olho para meu sacramental, a insígnia que uso pendurada em um cordão e trago em meu pescoço. Ela me ajuda a fazer memória de meu carisma, e de meus compromissos e deveres para com Deus e para com a comunidade à qual faço parte. Sou um com Ele, e sou um com eles. Bom, pelo menos estou tentando ser, nem sempre é fácil.
Escolhas eternas
Tanto a Aliança do dedo, quanto a do pescoço foram abençoadas por um sacerdote, e, portanto, são sinal de graça para mim. E não qualquer graça, mas graça de um Deus que é eterno e quer me ajudar a ser como Ele.
Nas leituras do ofício do tempo de Natal cansamos de ler e ouvir, que Deus se fez homem para divinizar o homem. Para nos fazer um com Ele, ou seja, deuses por participação. Não por mérito, mas por misericórdia, por amor.
E deixa eu te lembrar, Deus é imutável, perfeitíssimo, santo, sábio e eterno. Ele escolheu nos amar e assim o fará para todo sempre. Precisamos aprender isso. Não somos os mesmos que ele criou, mudamos para pior, e mesmo assim Ele segue nos amando. Porque agimos diferente? Porque caímos na cilada do descartável?
Outra coisa que estamos cantando frequentemente nos salmos é que O SENHOR SE LEMBRA SEMPRE DA ALIANÇA. Precisamos fazer o mesmo, e diariamente aparar as arestas que nos impedem de honrar estas alianças com amor. No fundo as duas alianças que uso são sinais que me lembram das vias de santificação para minha vida, para que eu honre a máxima aliança que fiz, o meu batismo. Sou filho de Deus!
Alianças incomodam
Certa vez uma irmã de comunidade partilhava que tirava sua aliança de matrimônio para tudo. Para tomar banho, para lavar a louça, para dormir, para qualquer função que se utilizasse das mãos ou que exigisse um grau maior de conforto e agilidade, tudo porque a aliança incomodava.
De fato, elas incomodam muitas vezes, apertam, e chegam a nos dar a sensação de aprisionamento. Todavia, isso só acontece porque elas foram feitas para incomodar mesmo, ou do contrário não nos lembrariam de nada. E também, porque, não estamos acostumados a fazer escolhas eternas.
Que bom que elas me lembram, não de que sou preso, sou livre e escolhi fazer aliança com alguém. Quem tenta nos enganar com essa ideia furada de aprisionamento e nos convencer a tirar as alianças que usamos é Satanás, que significa divisor. Ele odeia que sejamos um com alguém. Ainda mais quando este alguém é Deus, ou nosso esposa ou esposa, e principalmente quando esta união gera vida.
Minha orientação para esta mulher foi de que não tirasse mais sua aliança para nada, e que sempre que fosse incomodada se lembrasse de seu esposo. Ele também deve incomodar, mas não deve ser descartado, ou se quer afastado provisoriamente, pois é via estreita para que ela chegue ao céu. Dar um tempo do caminho nesta via pode ocasionar queda no abismo, é bom sempre nos lembrarmos disso.
Sinal da trindade
Por fim, queria reforçar que toda aliança expressa um movimento cíclico, onde não se percebe o inicio e nem o fim, afinal, o que importa é o movimento, a continuidade, a eternidade.
Nós seres finitos imersos no cronos nos lembramos do dia em que escolhemos nossos esposos pela primeira vez. Quando reconhecemos nosso carisma e o assumimos. Quando nos casamos, ou nos consagramos. Mas quem pode responder quando o Pai Eterno amou o Filho pela primeira vez?
Ele nunca amou o Filho pela primeira vez, porque Ele sempre amou o Filho, como se fosse a primeira vez. Para a Trindade é sempre primeira e última vez. E o Amor desta Trindade gerou a nossa vida, e segue gerando, ciclicamente, não se sabe quando começou e se sabe que jamais terminará.
É assim que precisamos ser. Ou do contrário jamais seremos perfeitos como Ele é. Jamais seremos santos. Jamais seremos felizes. Jamais seremos um com Ele, e com Alguém. Honre suas escolhas e as faça com senso de eternidade.