O PRELÚDIO DA CRUZ

“Todo aquele que põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”. Lc 9,62

Nos últimos meses este grande prelúdio da cruz tem acompanhado as minhas orações. E para quem ainda não sabe ou não se lembra a palavra “prelúdio” tem como significado “o primeiro passo para determinado desfecho”.

De fato, olho para os “prelúdios” anunciados por Deus como uma grande graça, é como ver a pequena nuvem e através dela ver o sinal do que está por vir. Os prelúdios são como uma suave voz que ecoa dizendo “Ele vem!”.

 

DÁ-ME OLHOS PARA VER

As escrituras explicam exatamente como um fiel a Deus pode e deve ouvi-lo. E na verdade, você pode iniciar essa leitura e terminá-la dizendo “eu não vejo nada disso”, porém a pergunta que já te antecipo é: Onde você está? Um discípulo que está em comunhão com seu carisma e sua missão se antecipa e se atenta aos sinais de Deus.

Se as distrações têm roubado de ti a sensibilidade espiritual do tempo presente é hora de redobrar a atenção e pedir o auxílio ao Espírito Santo de Deus. A cruz física em si, comunica diversas coisas e dentre elas algumas percepções totalmente pessoais, afinal cada um aqui possui a sua própria cruz e sabe o que tem feito ou não para carregá-la.

 

ANO DA CRUZ

Comunitariamente temos nos aproximado do ano dedicado ao Deus filho e como um prelúdio já anunciado, a cruz será a nossa resposta, o nosso caminho e certamente o nosso consolo. Sem ela, não conseguiremos assumir a totalidade da vontade de Deus para nós neste próximo ano.

Portanto, entendamos de uma vez por todas que nossas cruzes deverão ser carregadas, expostas e erguidas como um grande sinal da nossa libertação. Como o Cristo, abraçar a cruz e beijá-la é corresponder ao mover de Deus dizendo: “eu estou aqui, vi os teus sinais e correspondo a ti com a minha oferta.”

Em minhas orações, a palavra de Deus tem sido clara e ressoada em alto e bom tom: “Quem não subir para o calvário, INFELIZMENTE ficará igual aos discípulos medrosos e fariseus acusadores, ambos se escondem e se afundam em sua própria inferioridade. E uma vez que a Cruz é erguida e exposta, não dá para pregar outro crucificado nela!”

 

AFUNDADOS NO DESPRAZER

O tempo de Deus não é hoje, é AGORA! Ouço e entendo essas palavras de Deus como um grande prelúdio de urgência. Afinal, por anos comungamos deste carisma e se ele foi instrumento de libertação na vida de tantas pessoas, porque não seria na nossa?

Talvez, a grande resposta para isso seja a sua vontade, se você não quer ser livre, infelizmente não há o que o carisma possa fazer, você já deu a sentença e o Senhor não ferirá a sua liberdade.

Porém, o preço a se pagar por escolher ser escravo é viver afundado em sua própria escravidão, inveja e desprazer. Eu olho a vida pela janela e me afundo no desgosto em ver as cruzes dos meus irmãos sendo erguidas como um grande sinal de libertação e vida, enquanto a minha esmaga a mim mesmo. Que vida penosa!

 

EVANGELHO DE FARISEUS

Como uma resposta de libertação, que não mais escolhemos viver um evangelho de fariseus, que a todo custo prioriza seu próprio umbigo como senhor e deus salvador.

Um fariseu cria raízes para si, um apóstolo, discípulo e evangelista cria raízes no céu, para que seus frutos recaiam sobre a humanidade. Uma árvore invertida, os frutos não caem e morrem em sua própria terra e raiz, mas quando maduros os frutos caem e alimentam uma nação por toda a eternidade.

Pois esses são frutos de sabedoria e os frutos da sabedoria são eternos, nada se esgota diante dela e ninguém cresce mais do que ela. Pois a sabedoria finca suas raízes no céu e Deus derrama as suas palavras conforme quer, como quer e para quem quiser.

Porque não ouço? Porque não vejo? E como não comungo? Talvez as minhas raízes estejam fincadas demais na terra do meu egoísmo, e como um fariseu os meus braços só se erguem para mim mesmo!

Que não vivamos mais como um fariseu! A sabedoria salva, que possamos ser salvos e livres por ela! Dá-me olhos, ouvidos e sentidos atentos, para que mesmo que ela passe como uma leve brisa eu possa agarrar até que em mim ela tudo converta.

Deixar de ser fariseu para ser um apóstolo! Sem romantismo e mais verdade!

Diante das durezas e securas, que a minha confiança em Ti jorre água até mesmo das pedras, para que somente em ti eu possa me alimentar e erguer bem alto a minha cruz, o meu sinal de libertação e vida!