O Lugar dos Amantes

Motéis, hotéis, drive’s, lugares afrodisíacos, e tantos outros lugares, que dizem por aí serem locais ideais, para o encontro dos amantes. No entanto, o verdadeiro local onde acontece a maior expressão de amor é o Gólgota, “Lugar da Caveira” (Jo 19,17), ou se preferir o famoso Monte Calvário.

“O monte Calvário é o monte dos amantes. Todo o amor que não tiver por origem a Paixão do Salvador é frívolo e perigoso” (São Francisco de Sales).

Eu frequentei motéis 

É vergonhoso dizer isso, mas por alguns anos de minha vida, durante parte de meu namoro com minha esposa, nós frequentamos motéis algumas vezes, seis vezes mais precisamente. Namoramos por nove anos até nos casarmos, e vivemos a abstinência sexual durante os quatro primeiros anos deste período. Depois disso cedemos à tentação e iniciamos uma vida sexual (genital) ativa.

Vivíamos a abstinência, não a castidade, porque o que nos motivava à esta vivência não era a busca por pureza, o resguardo para o casamento, ou algum dos valores inerentes à sua vivência, mas sim um falso respeito, onde eu apenas aguardava minha esposa desejar romper a barreira, para que déssemos vazão ao pecado. E assim foi.

Nos julgávamos servos do Senhor, e amantes de Jesus, porém preferíamos viver uma vida dupla, chegando ao cúmulo de não tocarmos no assunto “castidade” nos retiros Kerigmáticos que promovíamos, assim evitariamos a hipocrisia de um discurso diferente de nossa prática de vida.

E ainda nos justificávamos para nós mesmos usando a ideia da certeza do futuro casamento – vamos casar mesmo, então porquê não transar? – como éramos tolos e irresponsáveis.

No casamento, sofremos um revés!

Nos casamos em julho de 2011, e apesar de não termos mais frequentado motéis, a não ser em nossa noite de núpcias (diga se de passagem, foi uma das piores noites de nossas vidas, e de termos vivido a abstinência sexual em nosso um ano e meio de noivado (jan/2010 até jul/2011), não vivíamos a castidade, usávamos métodos contraceptivos e cultivávanos em nossos corações o “não arrependimento” de tudo que vivíamos até ali.

Porém, em meados de 2013 com o chamado para a fundação da Comunidade, e também por conta de um revés que sofri em uma orientação à um casal homossexual, eu e minha esposa tomamos a determinada decisão, de compreendermos e vivermos a castidade, como nos ensina o Senhor através da Sã Doutrina de nossa Igreja.

Arrependimento e confissão foram os primeiros passos que demos, seguidos de estudo, partilha e sacrifício. Conhecemos o Método Billings de verdade, porque antes éramos extremamente preconceituosos em relação à ele. E encontramos a beleza de estarmos abertos à vida, da maneira como o próprio Deus sonhou para seus filhos, e segundo a orientação da Igreja.

Hoje somos pais da Sara (4 anos) e da Maria (5 meses), e disponíveis para quantos filhos mais o Senhor desejar nos enviar.

Aliás momento merchandising:

Mas e o calvário? O que tem haver com tudo isso?

Percebemos dia após dia, que a real motivação de estarmos juntos, eu e minha esposa, é o Cristo Libertador, que nos ama em sua máxima potencialidade na cruz do calvário. Ele não está morto como dizem por aí, Ele vive, todavia, é pela cruz que conseguimos hoje sermos plenamente felizes e saciados.

Mais ainda! É no calvário que conseguimos visualizar de maneira clara e arrebatadora o Amante (Deus Pai), o Amado (Deus Filho) e o Amor (Deus Espírito Santo) em relação plena e vivaz.

Quantas vezes eu achei que contemplava o amor dentro de locais onde Satanás é o senhor, onde a cama de casal que lá está é o altar onde se celebram adultérios, orgias e muitos pecados.

O lugar dos amantes!

São Francisco de Sales nos ensina, que somente o Amor que nasce na cruz do calvário é saudável, puro e seguro.

No calvário aprendemos que Jesus é o centro, e que assim como a árvore da vida fora colocada por Deus no meio do Jardim do Paraíso (Gn 2,9), e por conta de nossa desobediência, soberba e idolatria perdemos o acesso à ela, Cristo foi crucificado no meio de dois ladrões, e toma de volta, para nós homens, o direito de retornarmos ao Jardim do Édem (Jo 19,18), e termos vida em abundância.

Hoje eu e minha esposa encontramos este lugar dos verdadeiros amantes, da Trindade, dos Santos, dos Filhos de Deus, e neste lugar, aos pés da cruz, temos buscado construir nossa família, educar nossas filhas, fundar a comunidade e sermos aqueles que convidam mais irmãos para se achegarem a este sinal de verdade e liberdade.

Lugar de amar e não de romantizar

Não tem sido fácil não. Não vou mentir e nem ficar romantizando demais. Neste lugar, o calvário, existe calor, aridez, sacrifício, dor, abnegação, humilhações e morte.

Entretanto, é neste lugar, que no calor, Deus expressa o fulgor de seu amor. Da aparente aridez, Ele faz jorrar um rio que fecunda toda a Terra. Do Seu próprio sacrifício e de Sua dor, Ele faz brotar a abundância do prazer. Da abnegação, a fartura de dons, curas e milagres. Da humilhação, Ele exausta seus filhos. Da morte gera a vida!

“O mistério da Cruz é a suprema revelação da Trindade” (Von Balthazar).

Subamos ao Calvário!

Quer ler mais sobre subir o calvário, e se colocar neste lugar de amantes, leia no link abaixo:

https://www.filhosdapaixao.org.br/escritos/comentarios/paixao/paixao_cristo_016.htm