É isso mesmo, “Jesus só pode ser doido”, deve ter sido a frase que a maioria dos pagãos disseram naqueles dias, ou então “esse tal de Jesus só pode ser doido”, com o “esse tal” enfatizando ainda mais o desdém.
E eu vou afirmar para você que eles estavam certos! Para mim, Jesus é a personalização da “loucura” de Deus, uma “loucura” de amor por mim e por ti, individualmente!
Neste tempo de quaresma, estou rezando com o livro “Meditações para a Quaresma” de Santo Tomás de Aquino, no qual todo dia tem um breve aprofundamento em algum ponto da Paixão de Cristo e o tema abordado hoje, no dia em que escrevo este texto é:
-“O amor de Deus revelado na Paixão de Cristo”!
Esse texto está em total concordância com a liturgia, pois o evangelho do dia é Mt 5, 43-48: “amai os vossos inimigos”.
O PECADO
Desde o pecado de Adão, éramos inimigos inafiançáveis de Deus. O pecado faz da minha alma, uma alma inimiga de Deus, por isso que quando uma pessoa morre em pecado grave ela se condena ao inferno, porque sua alma não quer Deus, tem aversão à Deus, é inimiga de Deus.
Acontece que, antes de Jesus não tinha a confissão para me limpar da minha sujeira, então o apartamento eterno de Deus era certo.
Mas “Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu filho único, para que todo o que Nele crê não perca, mas tenha vida eterna” (Jó 3, 16).
Deus amou “loucamente” o mundo, a gente pode dizer em expressão popular.
É que assim, nascemos num país cristão, ouvimos que Jesus morreu por nós desde de pequenos e parece que a gente se acostuma com isso, como se fosse algo normal. Mas deveríamos ficar impactados e constrangidos TODAS as vezes que lembrássemos disso.
Cara, isso não é normal! Tem tanto “absurdo” no amor de Deus por nós… Mas eu queria falar de 2.
OS ABSURDOS DE DEUS
Primeiro que não faz sentido Deus, o sumo bem, o eterno, o criador, que está fora e acima dessa linha que chamamos de tempo simplesmente se encarnar e se encarnar para sofrer todas as maiores dores. Não faz sentido! É amor…
Segundo que, como diz São Paulo aos Romanos, “Cristo, no tempo marcado, morreu pelos ímpios – dificilmente alguém dá a vida por um justo… – mas Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores”. (Rm 5, 6 – 8).
Deus não enviou seu Filho para morrer por seus amigos, mas pelos pecadores, seus inimigos. E isso é absurdo.
Para você sentir como isso é absurdo, vamos à um exemplo:
Tenho uma amiga que está na Europa e foi para Auschwitz’s, na Polônia. Aquele lugar foi um campo de concentração Nazista e hoje tem um grande memorial. Foi em Auschwitz’s que São Maria Maximiliano Kobe morreu.
E como ele morreu? Bom, tinha um companheiro prisioneiro que era marido e pai e esperançosamente desejava voltar para a sua família, porém ele estava destinado à câmara de gás. São Maximiliano então se coloca na frente e a exemplo de Cristo escolhe livremente morrer no lugar daquele homem. Isso é absurdo, não?
CRISTO FEZ MAIOR
Pois bem, o que Cristo fez foi muito maior que isso. A Paixão de Cristo não foi pelo injustiçado oprimido, mas pelo inimigo culpado. Em linhas gerais e metaforicamente (espero que você use a inteligência para ler isso), Cristo não morreu pelo prisioneiro do campo de concentração, ele entrou na frente da bala que mataria Hitler.
Esse é o amor de Deus, Cristo entra na frente do culpado, condenado, miserável, merecedor da cruz, e por essa pessoa, sobe ele mesmo na Cruz.
UAU! O que você acabou de ler te deixou desconsertado igual a mim que acabo de escrever? Sim né? Pois é, a gente nunca vai entender o Amor de Deus, ainda mais esse amor manifesto na Paixão de Cristo.
O negócio é se converter mesmo para tentar retribuir de alguma forma um pouco desse amor ao invés de ignora-lo e sermos eternos ingratos.