Bazar Vida Nova: Um Lugar de Providência e Transformação

Para muitos, o Bazar Vida Nova é apenas um meio de arrecadar dinheiro. De fato, ele existe para gerar recursos, mas, acima de tudo, é a providência de Deus chegando até nós – seja por meio das doações, seja por aqueles que vêm nos prestigiar.

Vejo que ele também é providência na vida de muitas pessoas que encontram aqui produtos que jamais poderiam adquirir em uma loja. É providência para quem vem comprar, mas não tem condições, e assim temos a graça de vestir o Cristo nu. É um lugar onde ouvimos histórias, partilhamos dores e alegrias, e nos tornamos providência para aqueles que vivem da venda de roupas.

O Bazar Vida Nova não é apenas trabalho. Ele é missão dentro da missão.

 

Tenho sido moldada

Estando há alguns anos na coordenação, tenho sido formada por Deus na ordem, paciência, obediência, confiança, espera, doação, tempo, caridade e amor. Mas, nesta edição, Deus me fez olhar para minha caminhada até aqui e perceber o quanto Ele me transformou.

Quando marcamos a data do bazar, vimos que não seria possível, então remarcamos. Depois, ao escolher uma nova data, percebi que ficaria muito em cima e que eu não daria conta. Foi nesse momento que Deus me lembrou de que minha confiança n’Ele estava morta.

A falta de confiança me impedia de avançar na fé e na vida, mas Ele também me mostrou que essa confiança foi restaurada. O filho morto voltou a viver! “Confia em Mim, você não estará sozinha.” Então, fechei a data, confiando que tudo daria certo.

Aprendi que minha confiança foi ressuscitada e que preciso cuidar dela para que não morra novamente. Confiar e agir caminham juntos.

 

A Virtude da Obediência

A obediência também se tornou essencial nesse processo. Tudo aconteceria como Deus queria, não como eu queria. E obedecer não é fácil, exige entrega. Na vocação, a obediência é fundamental para não tropeçarmos tanto no caminho. Minha maior dificuldade sempre foi respeitar meus limites.

O bazar tem prazos, muita demanda e mão de obra insuficiente. Então, eu não media esforços: ficava sem dormir, sem comer, se fosse preciso. Mas no bazar anterior, meu fundador, Guilherme Maggio, me proibiu de trabalhar além do horário determinado. Para mim, foi o fim. Como parar com tanta coisa para fazer? Mas obedeci.

Foi então que percebi que minha desobediência não afetava apenas a mim, mas também aqueles que trabalhavam comigo. Além disso, compreendi que o tempo não é meu, é de Deus. Quando estamos em obediência, Ele cuida de tudo. E nesta edição do bazar, colhi os frutos da obediência passada. Consegui organizar tudo no tempo necessário, sem me desgastar como antes. Deus colocou ordem no meu trabalho e, ao mesmo tempo, ordenou a mim.

O processo do bazar também me faz refletir muito. Quando as doações chegam, vêm de todos os tipos de pessoas e histórias. No meio das sacolas, encontramos desde roupas boas até peças sujas, rasgadas, lixo de todo tipo. Há roupas novas que nunca foram usadas, mas que se deterioraram guardadas por anos.

Percebo o quanto as pessoas se apegam ao que não usam, mas também não doam enquanto ainda tem valor. O consumo desenfreado se reflete nessas doações.

 

No serviço, Ele fala!

Na véspera da abertura, o cenário parecia caótico. Pessoas passando roupas, pendurando, etiquetando, organizando. Eu administrando todas as demandas. O corpo já sentia o peso dos dias de trabalho. A equipe estava cansada, e eu tentava aliviar o cansaço delas, correndo de um lado para o outro. O tempo voava.

Mas, apesar disso, estávamos felizes. Quantas partilhas fizemos! Quantos desabafos! Rimos, tivemos paciência umas com as outras. E então, olhando para tudo aquilo, Deus me fez lembrar da minha própria caminhada nesta comunidade, neste carisma Cristo Libertador.

Cheguei aqui um bicho. Doente na alma. A vida bagunçada, sem rumo. Mas Jesus me pegou de jeito! E, olhando para toda aquela desordem do bazar, eu me alegrava. Porque, diante do que sou hoje, sabia que aquela bagunça daria certo. Não por mim, mas porque Deus estava no comando. E quando Ele está no comando, tudo dá certo.

 

“Marta, Marta…”

Em outras edições do bazar, me portei como Marta: inquieta, preocupada com tudo, mas sem me atentar ao que era realmente necessário.

O dom do serviço é muito forte em mim, e já fui inúmeras vezes comparada com Marta. No começo, isso me deixava chateada e até brava. Mas, em oração, percebi que essas pessoas eram a voz de Jesus me dizendo:

“Silvana, Silvana, por que te inquietas e te preocupas com tantas coisas, mas não com o que é necessário?”

Olhar para dentro de mim foi uma oportunidade de encontrar a verdade. Jesus sabia que Marta se desdobraria para servir bem, mas Ele também sabia que ela poderia servir ainda melhor se buscasse primeiro as coisas do alto.

Marta não foi proibida de servir – pelo contrário, foi formada para servir com amor. E só quem tem intimidade com Deus consegue servir verdadeiramente. Só quem se coloca no seu lugar e deixa Deus crescer pode amar no serviço. Marta se tornou santa servindo. O serviço a santificou.

Hoje, eu escolho a melhor parte primeiro. E, como consequência dessa busca, sirvo melhor. Deus nos vê e nos conhece. Quando entendemos isso, deixamos de viver como os outros querem, para viver e ser aquilo que Deus quer que sejamos. Aí, encontramos nossa verdadeira identidade.

“Eu sou aquilo que Deus pensa de mim.” – Santa Teresa do Menino Jesus