DEUS FOI MUITO GENEROSO CONOSCO

Em Mateus 25, 35-40 o Senhor nos diz: “Estive na prisão, e fostes me visitar. Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou nu e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos te visitar? O Rei responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, foi a mim que o fizestes”.

Este convite é para todos nós cristãos, e posso afirmar de que quando nos colocamos a dispor desses pequeninos, podemos palpar a presença de Cristo de forma concreta.

Em especial, gostaria de partilhar a missão que existe em nossa comunidade: Missão Alabastro! Essa missão acontece dentro das unidades da Fundação Casa (antiga FEBEM).

 

Nosso Apostolado!

Deus foi extremamente generoso ao nos conceder esta missão, pois ela nos transforma, nos cura e nos liberta. Ela tem como objetivo levar a verdade e a liberdade de Cristo, tocando e restaurando vidas. Talvez alguém pense: “Mas isso não é apenas a generosidade de Deus para com esses meninos e meninas que estão presos, sem saída, sem esperança, muitas vezes já desistindo de si mesmos e de uma mudança de vida?”.

Sim, é uma generosidade imensa com eles, uma misericórdia que não tem medida. Mas, ainda mais, é uma generosidade para conosco, pois Deus decidiu escolher servos inúteis e infiéis como nós. Servos que precisam continuamente se lembrar quem é o centro de tudo, que frequentemente colocam ídolos à frente d’Ele, que escutam as vozes que dizem que essa missão não vale a pena, que é loucura, que essas pessoas não merecem.

Mesmo assim, Deus nos envia. E mesmo ao ouvir testemunhos, ainda nos perguntamos: “Será que está valendo a pena?” Afinal, muitas vezes não vemos os frutos, especialmente quando nos deparamos com alguém que não deseja mudar ou não demonstra arrependimento.

Quando recebemos um “não”, pensamos: “Caramba! É sério que, depois de tudo o que falamos e vivemos, essa pessoa não foi nem um pouco tocada?” Mas quem garante que não? Talvez não vejamos os frutos, mas temos uma certeza: ninguém sai o mesmo. Nós não saímos os mesmos, então eles, com certeza, também não.

 

Testemunho

Aqui está um relato de uma irmã que foi profundamente impactada por uma dessas situações:

“Perguntei quem queria receber o sopro de vida do Senhor e mudar de vida. Direcionei a pergunta a um menino específico, e ele disse que não queria, que não sabia se tinha coragem de passar por essa mudança. O que tornou aquele ‘não’ ainda mais doloroso foi saber que ele tinha uma filha. Internamente, fiquei indignada: como alguém não quer mudar de vida? Como? Ainda mais tendo um filho? Finalizei a pregação com uma dor enorme, chorei muito.”

“Após o testemunho da Sandy, o Senhor falou novamente comigo: ‘Filha, uns não aceitam a mudança de vida e outros sim. Essa dor que você sente é próxima da que Eu sinto quando você me diz não. Continue vivendo uma vida autêntica e santa, testemunhando a Verdade. Não há como escolher pelos outros.”

Sandy é filha do carisma. Ela veio da Fundação Casa, passou por um processo de restituição e hoje é uma nova mulher. Inclusive, está em nosso vocacional. Seu testemunho lindíssimo fica para um outro momento.

Por que então dizemos que a generosidade de Deus é para conosco? Já que somos nós que saímos de nossas casas, renunciamos ao lazer, para estar em uma sala de quatro paredes, em uma tarde de domingo ensolarada, com o ventilador quebrado, ouvindo que alguém não quer mudar de vida, quando poderíamos estar na piscina ou, no mínimo, na frente de um ventilador.

Mas há um fogo que nos consome, um fogo abrasador que não se apaga. Nossa pequena oferta é devorada por esse fogo, que nos leva a esses lugares. Afinal, um que diz não querer mudar de vida não representa o todo. Ainda há esperança!

 

Enquanto há vida, há esperança!

E a esperança não decepciona. Um outro relato de um irmão de comunidade confirma isso:

“O Senhor me pediu que rezasse por um menino. Quando fui até ele, dei apenas um abraço, e ele desabou. Foi um grande desabafo. Ele pediu perdão por todos os erros, clamou pela reconciliação e agradeceu a Deus pelo emprego que a mãe havia conseguido, pois estavam passando fome. Disse que queria ser um novo homem, que lutaria para deixar de ser fraco, e agradeceu a inteligência que Deus havia dado a ele.”

Assim como no primeiro relato a irmã encontrou Cristo no “não” que recebeu, neste, o irmão encontrou Cristo no arrependimento daquele jovem.

Isso é o cumprimento do que o próprio Cristo nos diz nas Escrituras, é isso que vivemos a cada domingo, em cada missão. Assim como eles encontram Cristo em nós, nós O encontramos neles. E é por isso que ninguém sai o mesmo.

É incrível como saímos revigorados, entusiasmados e com a plena convicção de que Deus age, que Ele pode mudar todas as coisas, e que usa quem Ele quer, onde Ele quer e como Ele quer.

E você também é convidado a vivenciar isso, ainda que não seja dentro da Fundação Casa, mas em outras ações, naquilo que Jesus te convida a viver.

Por isso, é uma generosidade sem tamanho quando Deus nos confia esses pequeninos, pois recebemos muito mais do que merecemos. Deus não nos escolheu por sermos melhores que eles, mas porque precisamos tanto quanto eles. Afinal, a prisão, por exemplo, é um dos lugares onde poderíamos estar, se Cristo não tivesse nos encontrado antes.

 

Encontramos com Ele

Nossas misérias se encontram ali, e Jesus olha em nossos olhos, nos perdoa, nos pega pela mão e derrama Sua misericórdia abundante.

Assim como Maria Madalena derramou seu perfume mais caro aos pés de Jesus, Ele nos pede para derramar o nosso melhor perfume nas missões em que Ele nos confia: nosso tempo, dons, orações, canções, abraços, tudo o que temos e somos.

E é nesse derramar que encontramos o que é mais valioso: o Cristo Libertador, que rompe todas as grades, traz libertação, faz ressurgir a esperança e ressoa o som da fidelidade e da paz. Ele acalma tempestades, restaura crises e nos lembra da aliança.

Se cada cristão derramar o seu melhor perfume, frutos brotarão!

Que nós como Cristãos não nos esqueçamos: só é possível anunciar a Boa Nova se estivermos cheios do Espírito Santo de Deus. Só é possível se acreditarmos que sobre nós há esta unção capaz de transformar todas as coisas.