O Diário do Filho Pródigo – PARTE 1

A parábola do Filho Pródigo (Lucas 15, 11-31) está entre os textos mais conhecidos em todo o mundo. E se quisermos saber o porquê disso, basta olhar para a sua própria vida ou para de alguém próximo e perceber como os mesmos movimentos estão acontecendo constantemente em nossa sociedade.

E mesmo já tendo sido bastante explorado, o Espírito Santo me conduz a escrever um pouco mais sobre esse texto. Eu que vivenciei em minha própria pele a experiência dessa parábola contada por Jesus, eu que fui o próprio filho mais novo.

Esse texto será dividido em duas partes e iluminado pelo Espírito Santo o separei em três etapas reflexivas: Um trecho da parábola, os pensamentos do filho naquele momento narrado (como uma espécie de relato pessoal do filho pródigo), e por fim, trago uma indicação de caminho e reflexões a serem vivenciadas pelo leitor.

A partida

Lucas 15,12: “O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca.”

Já há algum tempo tenho estado insatisfeito aqui nessa casa. Meu pai parece gostar mais do meu irmão do que de mim. Sempre me critica e nada do que eu faço está bom o suficiente. Não gosto dessa vida aqui na fazenda. Quero uma vida mais emocionante, quero conhecer o mundo. Meu pai e meu irmão parecem não ter perspectiva de vida, acham que tudo se resume a trabalhar e se satisfazem com tão pouco.

Hoje cumpro minha maior idade e já posso assumir meu querer, tenho direito a isso! Quero realizar meus desejos, fazer minhas vontades. As regras de meu pai não fazem sentido, quero fazer as minhas próprias. Já sei! Irei exigir a minha parte da herança e me lançarei ao mundo.

Quantos de nós pensam em coisas parecidas como essa? Talvez alguns julgam não receber a quantidade ou a forma de amor que merecem. Outros acham que sua família é “sem graça” demais. Ou há quem escolha ter nascido em outro lar ou até gostariam de ser criado por pais mais legais. Chega um momento que nos tornamos egoístas e esquecemos de olhar por tudo que eles fizeram por nós e apenas nos concentramos nas partes que faltaram. Somos seduzidos pelos encantos superficiais do mundo a ser explorado e esquecemos do valor do que temos.

Será mesmo que faltava amor? Será que vale a pena arriscar o amor fraterno por amores do mundo? Você já se perguntou para onde os seus desejos te levarão?

 

A Sedução

Lucas 15, 13: “Ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente.” 

Pronto, agora eu irei viver como desejar. Quero muitas festas e vou experimentar tudo o que tenho direito. Viverei todos os dias como se fossem o último. Lá na casa do meu pai eu tinha que acordar todos os dias cedo, fazer as tarefas da fazenda e tinha demasiadas responsabilidades. Agora não, só voltarei para casa a hora que eu desejar, beberei o que eu quiser e ficarei com muitas mulheres. Me sinto incrível em poder ser dono de mim mesmo. 

A soberba chega até nossa mente e nosso coração é possuído pelo sentimento de superioridade. Algo em nós acha que sabemos mais que todo mundo e que somos invencíveis. Esquecemos que muitas das orientações que recebemos já foi testada na prática e não deram certo. Pensamos que tudo é para nos podar e acabamos não percebemos que o motivo era outro. A única coisa que nossos pais desejam é nos Proteger.

A palavra Proteção costuma não ser compreendida pelos filhos pródigos espalhados pelo mundo. Que acabam rompemos com a submissão parental e se lançam a escravidão mundana.

A Fome

Lucas 15, 14: “Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria.”

Já tem alguns dias que tenho me alimentado mal, me falta dinheiro para comer. Os amigos de bebedeira já não me chamam para sair e nenhuma mulher deseja vir a minha casa. Nunca imaginei que meus amigos me abandonariam. Eles costumavam dizer que me amavam e adoravam minha presença. Me sinto sozinho e tenho alternado de humor.

Nem todos os dias são bons. O único que tem me visitado é a saudade. As vezes penso que é melhor voltar para o conforto da casa do meu Pai, porém acho que ele não me receberia. Já sei, vou arrumar um emprego, com dinheiro tudo se resolve!

As seduções do mundo sempre acabam. A saúde acaba, a energia da juventude se acaba, relacionamentos chegam ao fim. O dinheiro, esse mesmo que buscamos tanto, chega uma hora que não consegue comprar o que nossa alma precisa. Só tem uma coisa que não deixa de existir. É o amor do Pai que te espera em casa, mesmo após termos virado as costas para Ele.

 

A Desonra

Lucas 15, 15-16 “Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.”

A que fim cheguei, estou cuidando de porcos! Nossa cultura sempre disse que esse animal é considerado impuro. Não posso acreditar no que a minha vida se tornou. Antes poderia ter o que quisesse e agora nem a comida dos porcos posso comer. Tem dias que como escondido do dono dos campos. 

Porque rejeitamos a presença daqueles que nos amam e depois aceitamos qualquer tipo de migalha? Por muito tempo também aceitei viver com tão pouco de dignidade. Trocando meu corpo por qualquer diversão temporária ou até me sujeitando a noites regadas por drogas e álcool apenas para não correr o risco de perder os “amigos”. Acabamos nos acostumando com a comida dos porcos e perdemos o paladar para as coisas belas feitas por Deus.

A Reflexão

Lucas 15, 17: “Entrou então em si e refletiu: quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância… e eu, aqui, estou a morrer de fome!”

Estou aqui, me sujeitando a qualquer coisa. Estou arrependido! Agora que tudo se foi e não restou nada, consigo ver as coisas de outra forma. Se fosse para servir aos outros senhores, era melhor servir ao meu Pai, ele pelo menos me trataria de forma digna. Meu Pai era bom para mim e eu não pude perceber. Me sinto envergonhado e a saudade chega a causar dores em meu corpo. 

O Pai te dá a oportunidade de voltar todos os dias, basta se arrepender e mudar de atitude. Quem vive na casa do Pai se alimenta do pão vivo que sacia toda a fome. Nessa casa todas nossas faltas são preenchidas, não importa qual seja. Carência, alegria, cura e até realização não há nada que você precise e o Pai não tenha para te dar. Vivendo com o Pai sua vida estará completa. Que tal voltar para casa?

Acompanhe o retorno do Filho Pródigo na Parte 2.

 

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Veja um pouquinho desse caminho: