Vocação é remédio

Pare de se auto medicar!

(…) “Jesus lhes disse: Não são os que têm saúde que precisam de médicos, mas os doentes, Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” Mc 2, 17.

Ele é o médico dos médicos, isso já sabemos, no entanto, esse versículo é mais do que uma apresentação singela, de quem é Jesus, o texto apresenta de maneira clara e objetiva quem são aqueles pelos quais Ele veio.

Imaginem só, Deus que saindo de sua imanência se encarna, pelos doentes, pelos excluídos, por aqueles pelos quais, ninguém se importaria em ofertar uma moeda, então Ele oferta a sua própria vida! Nesse momento, devemos parar e refletir, quem é o doente do texto? Claro, você já entendeu, sou eu e você! Afinal, se por alguma razão você já foi ou sentiu-se chamado por Jesus, é sobre você que Ele falava quando estava almoçando na casa de Levi (futuramente Mateus).

 

Jesus não é um médico qualquer.

A grande diferença entre Jesus e qualquer outro médico que conhecemos é que, antes de conhecermos as doenças que nos assolam, antes mesmo de despertar em nós a consciência dessa necessidade, Ele já nos conhecia, e nos conhecia desde toda eternidade, quando fomos criados, estrategicamente o Senhor do Senhores já infundiu em nós as marcas que posteriormente seriam os gatilhos específicos para que possamos receber as curas necessárias. Se formos atraídos, é porque Ele por primeiro se fez atraente, se formos chamados, é porque Ele por primeiro já nos desejou, a iniciativa é, e sempre será dEle!

É lindo perceber que, mesmo sendo uma única voz, o chamado é singular, e para cada um pede algo específico, é por isso que existe uma grande diversidade de carismas na igreja, é por isso que cada um é chamado a viver sua vocação específica, afinal, é vivendo a sua vocação que poderá receber as curas necessárias para sua doença.

“Vocês bem sabem que os remédios variam conforme as doenças, e que se, deve recorrer aos mais enérgicos quando a doença é mais grave” (São Bernardo de Claraval).     

Jesus é o médico, e fonte de toda cura. Os sacramentos são, a manifestação concreta e visível desses “medicamentos” essenciais, e por fim, a vivência plena de sua vocação é a sua resposta de um desejo concreto pela cura. Afinal, de que adianta visitarmos o médico, recebermos uma receita bastante específica e seguirmos nos auto medicando, segundo aquilo que entendemos ser o mais conveniente? É claro que, com isso, podemos ter momentos de refresco e alívio, no entanto, estaríamos perigosamente mascarando um problema que em algum momento pode se tornar mais grave, e nos levar a morte, mais do que física, espiritual!

Assim disse Jesus aos escribas e fariseus “Sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão” Mt 23, 27.

Ou seja, a soberba e hipocrisia em que esses homens estavam imersos, os afastava da cura, de sorte que, em alguns casos, já se apresentavam “mortos”. Jesus também veio por cada um deles, mas a liberdade a eles concedida os fez escolher auto medicamentos…

 

Entendi, mas e agora?

Talvez você esteja se perguntando, como saber qual é a minha vocação específica? Essa pergunta exige uma resposta muito ampla, no entanto algo o Espírito Santo me impulsiona a dizer, pare de olhar para o futuro e conheça o seu passado, conheça-se a si mesmo e tenha claro, dentro do possível, o que o Senhor lhe permitir conhecer, a respeito das doenças que lhe acometem. É possível que a resposta, sobre qual remédio buscar esteja ai!

Não há modelos menos ou mais santos, não há maneiras mais ou menos exigentes, o que sim, existe, é um chamado, uma vocação a ser abraçada com toda fidelidade e radicalidade exigida.

“Irmãos, não julgo que eu mesmo o tenha alcançado, mas uma coisa faço; esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está diante, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus” Fl 3, 13-15.

Graça e Paz.

 

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