Pecou, é escravo e o pior e maior escravo é aquele que jura de pé junto ser livre, e ignora a mão invisível do pecado que o aprisiona. Enquanto se peca, se é escravo, não há como negar.
“Responderam eles: “Somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: ‘Vós vos tornareis livres’?” (Jo 8,33)
Os judeus que haviam crido em Jesus, questionam-no sobre terem sido chamados de escravos pelo mestre de Nazaré. Eles se achavam livres, tão livres ao ponto de negarem até mesmo o tempo em que foram escravos no Egito. Absurdo, você não acha? Esqueceram-se de Moisés que os havia libertado em nome de Deus das mãos do faraó. Ou será que estavam metendo o louco para negarem que Jesus era o novo Moisés?
Bom não sabemos e nunca saberemos, nem na glória, afinal, quando lá estivermos essas dúvidas não existirão mais. Todavia, quero dividir com vocês a reflexão simples que o Senhor me fez fazer.
Pecou, é escravo
“Em verdade, em verdade vos digo, todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8,34).
O Senhor Jesus é categórico e claro, cometeu pecado é escravo, ou seja, se ainda não atingimos altos graus de santidade onde já não mais pecamos, infelizmente ainda somos escravos.
Aquele que sendo livre passa a ser escravo ainda carrega por toda sua vida a lembrança da liberdade, e no íntimo deseja retornar ao estado primeiro de quando era livre. Porém, com o passar das gerações, quando se nasce escravo, e não se tem ninguém para nos contar como era quando éramos livres, nem se quer desejamos mais a liberdade.
Como poderíamos desejar algo que nem sabemos que existe? Como haveríamos de reconhecer um pecado que nem sabemos que é pecado? Pior ainda, quando nascemos e crescemos achando que um hábito comum do tempo em que vivemos é uma virtude, ou só um hábito amoral, quando na verdade é um pecado grave. Tenso.
Até o Thanos sabe disso!
Lembro de uma cena do filme Vingadores Ultimato, onde o vilão Thanos diz que vai mudar seus planos e acabar com toda a vida que existe, e recria-la sem que estas novas criaturas saibam o que houve antes, e assim nunca sentiriam saudades do que jamais viveram. Assim estamos nós.
Gerações e mais gerações de imersão em uma vida moderna e promíscua, relativa, tíbia, apóstata, que nem sabemos mais o que de fato é pecado ou não. Não reconhecemos mais o óbvio, como haveríamos de distinguir o profano do sagrado? Impossível.
Somos cidadãos do céu convertidos em homens mundanos. Erotizados, maliciosos, vaidosos, preguiçosos, soberbos, invejosos, interesseiros, mentirosos e hipócritas, e o pior crendo em Jesus, seguimos como os judeus da passagem buscando mata-lo. Ora inconscientemente, ora conscientemente.
Jesus quer que eu viva sem pílula anticoncepcional, mate-o. Ele quer que eu seja fiel à minha esposa, que tenha muitos filhos, mate-o! Que eu obedeça, me submeta aos meus superiores, aos meus pais, ao meu marido, mate-o! Que eu me confesse, que eu comungue de seu corpo, que frequente a Igreja, mate-o. Que eu seja santo, Ele é louco, mate-o.
A solução para ser livre
A solução é a palavra do Senhor Jesus que joga luz em nossos maus hábitos, em nossos vícios e os revela, verdadeiramente pecados.
A palavra de nosso Deus é quem traz a tona a verdadeira consciência do pecado que gera a escravidão, e nos faz experimentar de verdade a vida de liberdade. É o Pai Todo Livre que nos lembra da vida de outrora, da nudez do paraíso. Da amizade íntima com o Senhor de tudo. Do fervor dos profetas, da simplicidade dos pobres e humildes, da castidade das virgens, da audácia e coragem dos Santos Reis.
“Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,32).
Estar aos pés do Senhor escutando sua palavra, é o que me mostra quem sou, como sou, onde devo ir, o que e como fazer. Discípulo que negligência a escuta do seu mestre se torna uma barata tonta, sem rumo, e logo é pisado.
Aos pés da Verdade, do Autor da liberdade, ganho consciência de cada escravidão que me assola e sou convidado à conversão libertadora para uma verdadeira consagração de vida. E vida consagrada é verdadeiramente vida livre. Paremos de ignorar as escravidões de nossas almas e assumamos a liberdade do Espírito de Deus. Ou seremos os piores escravos que já existiram, aqueles que achavam que eram livres.