Você missionário já deve ter se perguntado sobre qual é o testemunho mais eficaz a ser dado para esta ou aquela situação, nesta ou naquela pregação, para este ou aquele público. Hoje trago para vocês a resposta definitiva. A partir deste texto sua pregação será sempre um sucesso.
Qualquer evangelizador preocupado em se formar já deve estar careca de saber que um bom testemunho reúne em si três características essenciais: alegre, breve e cristocêntrico. O famoso testemunho ABC.
Apesar desta dica de ouro que dispensa longas explicações, o Senhor me incomodava há uns dias sobre o último elemento, o cristocentrismo.
Quem diz o povo que eu sou?
Os evangelhos sinóticos trazem dois questionamentos da boca do próprio Jesus para seus discípulos: “Quem diz o povo que eu sou?”, e, “e vós, quem dizeis que eu sou?” (Mc 8,27-38; Mt 15,13-20; Lc 8,18-22).
Para a primeira pergunta, eles (os discípulos) respondem que as multidões afirmam ser Jesus um profeta, talvez João Batista ressuscitado e quem sabe até Elias. O povo que não tinha intimidade com Cristo, mas testemunhava suas curas, milagres, pregações e demais sinais responde corretamente segundo sua percepção.
Já para a segunda questão, Pedro tomando a palavra, proclama: “Tu és o Cristo de Deus”. O chefe dos apóstolos, mais íntimo de Jesus a essa altura do campeonato, e sobre o influxo do Espírito Santo proclama que Jesus, é o CRISTÓS, o escolhido, o ungido, o enviado de Deus, o Filho do Homem. Que fique claro que Simão não está proclamando a divindade de Jesus ainda, isso só se daria mais tarde, aliás bem mais tarde. Todavia a discussão aqui não é essa.
Fique na cabeça com o seguinte resumo: a) as multidões muito beneficiadas e admiradas pelo que o Senhor “fazia”, e com pouca intimidade para com Ele, testemunhavam que Jesus era um grande profeta; b) o grupo dos apóstolos, sobre os quais os evangelhos não relatam uma cura se quer, porém de muita intimidade com o Messias testemunharam quem Jesus era, e não o que fazia.
A importância do Eu
Dizer quem você é, nunca foi e nunca será uma coisa fácil. Vacile um pouco e se definirá pelo que você faz, e não pelo que você é. Segundo a filosofia clássica e cristã, de Santo Agostinho a Santo Tomás de Aquino, não é o que você faz que te define e sim o que você é. O fazer é apenas um transbordamento do ser, possível a partir da compreensão de quem se é.
“Eu sou Guilherme Maggio da Silva” – em meu nome já está explicito minha sexualidade desejada e criada por Deus, sem esse papo furado de que isto é algo que se escolhe. Também minha hereditariedade, e minha missão particular. Guilherme tem origem no nome germânico Willahelm, composto pela união dos elementos will, vilja, wailja, que quer dizer “vontade, desejo”, e helm, hilms, que quer dizer “proteção, capacete”. Significa “protetor decidido” ou “protetor corajoso”.
O significado de meu nome aponta para minha missão pessoal, porém só poderá ser exercida se antes o conheço.
“Sou filho de Deus” – Aqui está minha herança mais importante, sou herdeiro do altíssimo, um cristão, alguém que nasceu para ser santo.
“Sou consagrado e fundador da comunidade Cristo Libertador” – ou seja, possuo um carisma específico que permeia todas as esferas do meu ser, e todo o meu ser é de Deus, não sou apenas seu filho, sou também sua alma esposa, e trabalho diretamente como fundador desta grande obra.
“Sou casado e tenho três filhas” – minha vocação estado de vida é o matrimônio e já fui agraciado com três filhas biológicas. Claro que quando me apresento cito os nomes de minha esposa e de minhas filhas também.
Fiz questão de partilhar aqui como me apresento, para enfatizar que o essencial sobre mim, é o que o Senhor Deus disse sobre mim e que assumi como vocação imutável para esta vida, sendo que algumas destas definições permanecerão, inclusive, na eternidade. É caso do meu nome e da filiação divina.
O ser arquiteto, músico, moderador, teólogo, estudante, dentre outros atributos ligados ao meu “fazer” são menos importantes do que os atributos que me constituem. Até o ser “fundador” é menos importante do que o ser consagrado, por exemplo.
Quem é Jesus para você?
As multidões sabem o que Jesus faz, e se quer arranham quem Ele de fato é. Os íntimos Dele, são assertivos e dizem quem de fato Ele é, ainda que sua compreensão não seja absoluta. Para dizermos quem é Jesus, temos que antes nos reconhecermos. Somos multidão, ou discípulos?
O testemunho cristocêntrico possui alguns graus de perfeição, pelo menos foi isso que um dia desses o Espírito me disse.
Testemunho imperfeito – Multidão – Proclamo as maravilhas que Jesus fez em minha vida e na da minha família. Suas curas, milagres e sinais. O “fazer é latente”, e o egocentrismo ainda está em alta. Sou muito mais multidão do que discípulo.
Testemunho menos perfeito – Discípulo – Proclamo as maravilhas que Jesus fez na vida das multidões, no corpo comunitário, na vida de meus irmãos de Igreja e por aí vai. O “fazer ainda é preeminente”, mas o egocentrismo foi vencido. Meu olhar saiu de meu umbigo e passou para o outro. Sou mais discípulo que multidão.
Testemunho mais perfeito ou perfeitíssimo – Apóstolo – Anuncio quem Jesus é, e não simplesmente o que Ele faz. O amo e ponto. Seu sacrifício de amor por mim na Cruz é o combustível para a missão. Sou amado por Deus e é isso que desejo proclamar.
Já não sou eu quem vive!
Nossa meta deve ser esta, sermos o Evangelho vivo. O temor em mim precisa sair do medo da punição e alcançar o medo de não amá-lo minimamente.
Se ainda não ficou claro o que seria o testemunho perfeito, entenda de uma vez por todas o significado de ser cristão: ser outro Cristo. Quando formos confundidos com o Senhor teremos atingido o verdadeiro sucesso.
“A felicidade está em continuar a desejar o que se possui” Santo Agostinho.
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