A VELA MENOR

No meu último retiro de silêncio passei alguns dias no Mosteiro de São Bento em Vinhedo/SP. Lugar incrível, tanto na arquitetura e na natureza quanto na acolhida de nós hóspedes por aqueles bons filhos de São Bento. Tudo moldado para privilegiar a vivência na presença de Deus.

Dentre todas as reflexões vividas no silêncio, essa ficou latente no meu coração para ser colocada para fora, porque eu sei que você, vela menor, precisa se alimentar disso também.

No último dia, num momento de oração, haviam seis velas sobre o altar. Cinco delas estavam na sua potência máxima, queimavam e brilhavam fortemente, lindas. Mas uma, a segunda da esquerda para a direita, não.

 

A chama enfraquecida

O fogo ali parecia estar brigando para se manter acesso. Uma chama fraca, talvez por um pavio danificado ou por qualquer outro motivo, mas o ponto é que ela destoava do resto, iluminava menos, de certa forma parecia até atrapalhar a harmonia do altar.

Naquele momento o Senhor começou a falar comigo. Eu perguntei se não seria melhor que aquela vela fosse retirada, e Ele me levou a imaginar aquele altar sem a sexta vela: muito menos harmonioso, desequilibrado, faltando um pedaço. A vela não estava no seu melhor momento, mas ainda assim era melhor que ela permanecesse no altar do que o altar ser desfalcado dela.

 

Eu entendi tudo

Por muito tempo eu fui a vela menor, com menos brilho e não que hoje eu seja a mais brilhante de todas, mas em comparação comigo mesmo, estou bem melhor. Porém eu só cheguei até aqui porque quando meu pavio estava ruim eu não me joguei para fora do altar, apesar de muitas vezes me sentir tentado a isso.

A comparação com as velas mais incendiadas é tentação demoníaca e nada mais. Os Santos do céu e aqueles na terra que são mais Santos do que nós, são apontamentos para o Cristo, para as nossas potências e não réguas de comparação.

 

A comparação vai te destruindo aos poucos

“Ah, mas tal pessoa da muito mais frutos do que eu, eu nunca vou chegar lá”

Então… Essa comparação está te matando. Porque nas próprias palavras de Cristo nos evangelhos está escrito que um da à razão 30, outro da 60 e outro da 100 frutos (Mt 13, 23) e ainda que Ele a um deu 5, a outro 2 e a outro 1 talentos (Mt 25, 15).

Se hoje você é a vela que menos brilha no altar, fique sabendo que sem você o altar continua sendo altar, a adoração continua acontecendo, mas aquele seu espaço nunca se preenche sem você. Há muito mais desarmonia na sua ausência do que na sua presença cambaleante.

 

Vida idealizada

É lógico que o ideal, a meta é que cada um de nós alcance o máximo das suas próprias potências. Mas a vida real nem sempre é a ideal.

É lógico que eu deveria escrever muito mais textos para este blog, gravar muito mais vídeos pro É Fogo etc, ser muito mais santo em todas as áreas da minha vida. Mas se o que eu consigo hoje é isso, que seja entregue isso hoje, isso e um pouco mais daqui há um tempo.

No fim da oração aquela vela brilhava tanto quanto as outras. Continue, não desista, se esforce e em breve o teu fogo será maior.

Às velas que já brilham, cabe a paciência e a humildade de amar a vela menor e esperar por ela, afinal, elas já foram as velas que pouco faziam pelo fogo e tantas vezes o apagaram.

 

10, 50, 100 conforme consegue

O altar fica muito mais bonito quando todas as velas estão ao seu redor, deixando que Jesus Eucarístico as acenda e cada uma brilhe 10, 50 ou 100 lumens.

O ano da permanência na Cristo Libertador já acabou, mas a vida do cristão é livre e sempre seremos livres para ir embora ou permanecer na briga.

Permaneça!

 

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