A Maria nasceu!

A Maria Nasceu!

Nasceu minha filha Maria com 53cm de altura e 3,770kg. Parto normal, com muita dor, sacrifício, sangue e suor. Não, não estou dramatizando. E digo mais: recomendo à todas as mulheres que passem por isso! A todos os casais, que passem por isso!

Experimentem do milagre da vida conforme Deus sonhou, planejou e nos criou. Vale a pena, vale a vida!

Amor estimula amor

A paz do Cristo Libertador a todos. Nesta quarta feira, dia 10 de outubro de 2018, o dia amanheceu diferente. Eu e minha esposa já tínhamos desistido de que a Maria nascesse de parto normal, pois já estávamos na 39ª semana, indo para a 40ª e nada, nenhum sinal.

Desde o começo desta gravidez, sonhamos juntos com o parto de nossa filha e nos preparamos para tal. Minha esposa fez até umas aulas doidas para exercitar os músculos pélvicos e toda a musculatura envolvida no procedimento. Aliás, pausa para agradecer a nossa irmã de comunidade Mariana Piola que ministra estas aulas. Elas ajudaram muito. Obrigado Mari!

Bom, na terça a noite, tudo normal, namoramos um pouquinho e bem que eu pensei: isso aqui vai acabar estimulando o parto. E não deu outra. Amanhecemos na quarta (5:30am) com a bolsa da minha esposa estourada. Bom, na tranquilidade pegamos nossas coisas, deixamos nossa filha Sara com minha mãe e viemos para o hospital Metropolitano na Lapa, zona oeste de São Paulo. Logo fomos atendidos e era o início do trabalho de parto. Comunicamos que queríamos normal e fomos encaminhados para a enfermaria (8:00am).

O soro da dor

Logo entramos no soro (Ocitocina – 9:12am), que segundo minha esposa não é de Deus. As contrações que eram apenas de treinamento, começaram a ser frequentes de 5 em 5 minutos, agora sim, inicio de trabalho de parto. Depois passaram a ser de 1 em 1 minuto e a coitada estava vendo estrelas.

Foi nessa hora, que para mim, pai, homem e sem dor, começou a ser muito especial. Na verdade para ambos. Credo Guilherme, que masoquista! Nada disso, querido! Me senti coparticipante do parto da minha filha e auxílio para minha esposa, só isso.

Amar no sofrimento alheio e poder consagrar cada dor de minha esposa ao Senhor Jesus, pela salvação das almas e por todos que escolhem aliviar estas dores, se privando do dom da maternidade e alguns até abortando.

Bom, seguimos com o soro até 13:30pm. Chegamos com um dedo de dilatação e após todo este tempo, minha esposa estava com quatro dedos de dilatação apenas. Nesta hora, eu já tinha cantado, feito piada, orado, silenciado, beijado, abraçado e minha esposa, literalmente rolava de dor, não tinha posição de conforto e nem de consolo.

Desistimos! Deus sustentou!

Olha, nova pausa – mulherada, respirar bem faz toda a diferença, quando minha esposa conseguia se concentrar e controlar inspiração e expiração, tudo era mais tranquilo, acho que rolou essa concentração em 3 das 12 horas do trabalho de parto –como dizia, nesta hora derradeira, minha esposa desistiu e pediu cesárea.

Assinamos até o termo de autorização, mas graças ao bom Deus e a insistência dos médicos, a desistência não deu certo. Tivemos que esperar na fila do parto até às 16:10pm. As salas de parto estavam lotadas.

Claro que ao tirarmos o soro às 13:30pm as contrações deram uma leve melhorada, mas não pararam, continuaram de 5 em 5 minutos, afinal, agora o bang já tinha começado e só ia acabar quando Maria nascesse.

Mais uma pausa – depois de murmurar internamente indignado com tamanha demora para o parto cesárea, lembrei que Deus já tinha dito que Maria nasceria de parto normal (visualização de uma de nossas intercessoras), e até tinha me exortado, não deixe que cortem sua esposa (sonho de uma grande amiga).

Já tinha sacado tudo. Deus queria me mostrar algo, falar, se fazer presente. Eu entendi e segui apoiando minha esposa. Tranquilizei ela e deixei claro que qualquer que fosse sua decisão, eu estaria com ela. Até desculpas ela me pediu por querer desistir, o que me deixou ainda mais apaixonado por esta mulher. Que força. Que amor. Sofrendo e preocupada comigo, acho que isso é ser mãe, acho que isso é ser cristã.

Vamos de normal mesmo!

Bom, às 16:20pm a Dr. Claudia veio até nós e disse que podíamos ir para a cesárea, mas que ela recomendava o parto normal, afinal, já estávamos esperando a tanto tempo, o mesmo nos disse duas enfermeiras. Fomos para a sala PPP (preparação para o parto), e lá minha esposa decidiu que tentaria normal. Tomou uns 3 banhos, ficou na bola, na cama, andou, gritou e, enfim, respirou.

Novamente cantei, massageei, ouvimos música, ela já estava com 6 dedos de dilatação. Ficamos nessa vibe até as 18:10pm, quando a médica veio e constatou 8 dedos de dilatação. Demos uma treinada na força pro bebê sair e fomos para a sala de parto (18:25pm).

Os médicos prepararam minha esposa, deram anestesia rack parcial, o que aliviou as dores das contrações e ajudou na saída da Maria, afinal, a bichinha era grande. Neste momento com minha esposa lá preparada, o ápice do espetáculo da vida se deu. Foi feita muita força.

Foram feitos muitos incentivos: palavras de afirmação, toque e tempo de qualidade, serviço, tudo para ganharmos o presente. Uma médica, três enfermeiras, um anestesista, duas ajudantes e um pai, todos torcendo e fazendo o possível para que Maria viesse ao mundo. Mamãe fazendo mais do que podia. Nesta hora o foco era a vida da mãe e da filha, e já dava para ver o cabelinho da cabeça da Maria, mas estava difícil.

Força final

A doutora, então, nos comunicou que se na próxima força (18:53pm) ela não nascesse, teria que ser via fórceps. Minha esposa respirou, orou a Jesus e mandou bala na força, e pronto, Maria veio ao mundo (18:54pm)!

Que emoção, que coisa mais linda. Jamais imaginei que havia tanta diferença de um parto normal para uma cesárea. Sim, eu sei que o importante é a vida, mas como ela é vivida também importa, afinal, o que seria do vinho bom numa garrafa não tão bela.

Festa, alegria, uma dança de celebração, era essa minha vontade e tenho certeza que é isso que espiritualmente acontece quando uma criança nasce. Uma torcida de anjos deve fazer mais festa no céu, do que um gol do Flamengo no Maracanã em uma final. Quanta vida!

Ápice da vida conjugal

Pude viver algo carnal e espiritual. Para mim, sem sombra de dúvidas, até hoje, o ápice de minha vida conjugal. Quando a Sara nasceu já fora maravilhoso, entretanto, provei aquele dito: “o melhor de Deus sempre está por vir!”.

Que pena que não tivemos a coragem de trocar de médico no parto da Sara. Fomos medrosos, duvidamos de Deus e quando ele (o médico do pré natal) disse que não fazia normal, optamos por continuar com “ele”. Que bom que hoje o “ele” que rege nossas vidas já é mais Ele, com “E” maiúsculo.

Não falo pelo fato do parto em si, mas pela confiança que depositamos no Deus que nos elegeu, pelo medo que perdemos e pela audácia e coragem da minha esposa. Sim, estou apaixonado pelas minhas filhas, pela minha esposa, por Maria e por Deus. Ele é perfeito.

A moleirinha do bebê que permite a passagem pelo canal da vagina. As contrações. A natureza. A medicina a favor da vida, sem pressa, sem segundas intenções. Tudo pela vida. Marcas, pontos, dores, tudo pela nova vida da bebê e da mãe. Nenhuma mãe é a mesma mãe após um parto. Novos limites. Nova motivação para a santidade.

Poderia elencar aqui textos bíblicos, passagens do catecismo, frases de santos, trechos da Teologia do Corpo, tudo isso passou em minha cabeça, mas nada latejava mais do que a Paixão de nosso Senhor Jesus por nós.

Lá fomos paridos. Parto Normal. Sem ajuda médica. Com pouquíssimo incentivo. Pouquíssima companhia. Zero conforto e zero consolo. A presença da ausência completa de Deus, que abandona e se abandona.

Ficamos em jejum juntos, sem comida, sem água. Nada perto do que Ele sofreu, ou melhor, nada perto do Ele viveu. Só sofre quem está vivo e como vale à pena quando o sofrimento gera vida em abundância.

Amor, ah o Amor. De fato, Tu explicas Tudo! Bem vinda, Maria! Queremos ser, Senhor, celeiros fecundos do Seu amor e de novas vocações, sem massagem, sem alívio, estamos vivos!