O Diário do Filho Pródigo – Parte 2

O que seria da parábola do Filho Pródigo se ele tivesse aceitado aquela condição miserável que estava vivendo? Após se reconhecer pecador é preciso tomar uma decisão. Utilize o resto de forças que tiver para retornar a casa do Pai.

Se você chegou nesse texto primeiro, te aconselho a ler primeiramente o texto:

https://blog.cristolibertador.com/o-diario-do-filho-prodigo-parte-1/

Esse texto será dividido em duas partes e iluminado pelo Espírito Santo o separei em três etapas reflexivas: Um trecho da parábola, os pensamentos do filho naquele momento narrado (como uma espécie de relato pessoal do filho pródigo), e por fim, trago uma indicação de caminho e reflexões a serem vivenciadas pelo leitor.

 

A decisão

Lc 15, 18-19: “Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dirlhe-ei: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti, já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados.”

Já tem dias que estou ensaiando essas palavras e nenhuma me parece boa o suficiente para sarar a dor que lhe causei. Também não sei como ele irá me receber, já faz um bom tempo que não o vejo e nem mando notícias. Me vejo tão diferente de antes, já não sou a mesma pessoa. Me pego pensando, será que meu Pai me reconhecerá assim? Algo em meu coração me impulsiona a voltar para casa, mas também sinto medo de não me acostumar outra vez. Agora que não me sobrou nada, só me resta voltar para ele e implorar seu perdão.

Voltar para casa do Pai pode parecer algo muito difícil. É assustador pensar que ele não nos aceitará de volta. Porém, o Pai não nos acusa de nada que foi feito. Ele está sempre disposto a cuidar novamente de seus filhos arrependidos. Mais do que ensaiar belas palavras, o Pai vê o coração de seu filho e sabe reconhecer um arrependimento verdadeiro. Não existe lugar melhor para sarar as feridas do corpo e da alma do que junto do Pai misericordioso.

 

O retorno

Lc 15, 20: “Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se lhe ao pescoço e o beijou.

Nesse caminho de volta para casa pensei em desistir várias vezes. Meu coração deseja voltar mas minha mente diz que serei rejeitado por meu pai e meu irmão. Olho as pedras no caminho e tudo o que sinto nesse momento é a esperança de ser aceito de volta. Percebo que minha antiga decisão foi equivocada. Passei por uma lagoa e ao ver meu reflexo na água não me reconheci. Já são vários dias de caminhada e estou chegando em casa. Nesse momento, uma mistura de sentimentos vem ao meu encontro, medo e vergonha misturados com alegria e esperança.

Paro minha caminhada e observo minha antiga casa. Vejo um homem parado em frente dela como se esperasse alguém. Me aproximo e vejo o que é o meu Pai. Algo me fez entender que ele esteve sempre ali a me esperar. Ele vem ao meu encontro e meus olhos enchem de lágrimas. Quero correr ao encontro dele também mas estou paralisado. Meu corpo já não responde a minha vontade. Vejo meu Pai chegando mais perto e numa explosão de sentimentos e expectativas Ele apenas me abraça forte e me enche de beijos. Meu corpo não resiste a tamanho amor e começa a cair. Meus joelhos se dobram e caem por terra. Me senti tão amado que não precisava usar palavras. Minha alma ansiava por esse abraço. Naquele momento eu tive a certeza, aqui é o meu lugar!

O Pai é aquele que permite a escolha livre do filho. Esse mesmo Pai é aquele que espera em prontidão o retorno do filho pródigo. Se você ainda não voltou para casa, decida-se agora. Se você já voltou, assim como eu, louve e agradeça ao Pai por ter te devolvido a dignidade, te dado a melhor veste, anel no dedo e calçado nos pés.

 

O arrependimento

Lc 15, 21: “O filho lhe disse, então: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou mais digno de ser chamado teu filho.”

Meu pai ouviu cuidadosamente cada uma das minhas palavras ensaiada. Minha voz estava tremula. Ele só me olhava, não dizia nenhuma palavra. Dava para perceber seu olhar de satisfação. Não era o olhar que eu esperava, daquele que se enche de vaidade e diz que tinha razão. Era diferente, era de gratidão pelo meu retorno. 

Algo dentro de cada um de nós acha que o Pai só nos aceitará de volta quando tivermos um lindo discurso de arrependido. Porém, o Pai não nos ama da mesma forma que nós. Ele tem o seu jeito próprio, ele sonda os corações. Encontra sentimentos verdadeiros em meio a frases de efeito. Se você está esperando o discurso certo para voltar para casa, ou até quer melhorar um pouco antes de se apresentar novamente, lembre-se o Pai é aquele que te ama na condição que está.

A festa

Lc 15, 22-24: “Mas o pai falou aos servos: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos festa. Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa.”

Eu esperava ser punido e estou ganhando uma recompensa? Isso seria um sonho? O amor de meu Pai por mim é tão grande que chega a me constranger. Queria saber amar como Ele, mas a mim só me cabe a partir de agora obedecê-lo. Agora eu entendo que Ele quer o melhor para mim. Eu ouvi ele dizendo para um dos seus empregados que eu estava morto. Nunca tinha me imaginado nessa condição, mas também não posso negar. Estar perto dele agora me faz reconhecer que antes eu não tinha vida!

Pode ser que você seja uma dessas pessoas que estão apenas sobrevivendo em vez de viver. Andam pelo mundo sem rumo e sem objetivos. Sendo levados por qualquer influência que a encontre. Gastam sua vida com coisas que vão acabar. A triste realidade é que essas pessoas não percebem. O Pai é aquele que chama de volta, que envia servos para te resgatar e quando você retorna, ele só te ama. Amor esse que cura todas as feridas e dá vida em abundância. Sabe porque o Pai preparou uma festa para seu filho? Porque ele sabia que o filho gostava de diversão, então o amou do jeito especifico que ele precisava. E você ai? Acha que o Pai não saberia como te amar do jeito que você precisa?

 

Permanecer

Lc 15, 25: “O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa ouviu a música e as danças.”

Vejo o meu irmão, que saudade que eu estava dele. Mas ele não veio até mim, está conversando com meu pai. Não entendo porque está bravo. Eu só queria que ele participasse da festa. Queria lhe contar que nos meus momentos de solidão senti falta até de nossas brigas. As vezes eu sonhava que ele chegava para me resgatar. Nesse tempo longe eu percebi que sempre quis ser como ele, forte, persistente e dedicado. Ele sempre foi o meu herói. Tentei me aproximar dele mas ele se esquivou. Meu coração se entristeceu, mas eu o compreendo. Não posso reparar o que eu fiz no passado porém mostrarei a ele, dia após dia, que eu mudei e quero ser um novo homem. Quem sabe um dia ele volte a ter confiança em mim.

Como seria lindo se ao retornássemos e fossemos acolhidos por todos com amor! Mas nosso mal cheiro e desconfiguração cria medo nos irmãos. Eles com suas feridas e decepções se afastam de nós e tem medo de se contaminar pelo pecado. O que cabe a nós fazer? Permanecer!

Permanecer não é uma tarefa fácil para quem passou muito tempo longe do pai. Não se iluda que tudo será perfeito e simples. Mesmo estando com o Pai haverá dificuldades a serem superadas. Terão momentos que passará pela cabeça em voltar para o mundo. Por isso é importante não esquecer de tudo que passou longe do Pai, não para sofrer todos os dias, e sim, para não desistir. A grande diferença de estar longe ou perto é que quando estamos em casa, temos o Amor do Pai.

Meus irmãos, espero que essa reflexão tenha ajudado a você a estar mais íntimos do Pai, aos que estão longe desejo coragem e ao que estão perto repito as palavras ditas por Deus a mim, Permaneça.

A todos convido a participarem de um retiro que certamente te tornará protagonista da sua conversão.