Inveja Boa

Você já se pegou cobiçando a fé alheia? Feliz por estar orando mais que os outros? Ficou triste por saber que determinado irmão é mais santo e devoto do que você? Sua meta de santidade é ser igual àquele irmão? Já se alegrou por uma exortação sua não ter sido seguida por alguém, e esta pessoa ter se ferrado?

O demônio da inveja

Se você, como eu, já viveu uma dessas sentenças, saiba que estava sob ação do demônio da Inveja!

Há algum tempo eu percebi que estava invejando alguns irmãos fundadores, que são referências para mim em várias áreas. Invejando o conhecimento, a eloquência, a vida de oração, a busca pela santidade, o sucesso de vossas comunidades, a seriedade deles, dentre outras coisitas mais.

Não foi fácil descobrir isso. Não estou dizendo que foi difícil assumir. Assumir foi mais que difícil, foi humilhante e perturbador. Digo que foi difícil descobrir que o que eu sentia era inveja, e portanto, pecado mortal, passivo de inferno (7°, 8°, 9° e 10° mandamento da Lei de Deus, todos para combater aquilo que nasce com a inveja, isso dá até outro texto – Ex 20,1-17).

Vou deixar um link, para você entender ainda melhor o que falo (clique aqui e assista este vídeo). A comparação é o combustível da inveja, e foi quando eu descobri isso, e comecei a refletir a respeito dos tipos de inveja, e constatei que não era diferente de todo mundo. Eu padecia deste mal!

Tipos de inveja

Existem dois tipos de inveja:

1. A inveja boa ou benigna (cuidado com a cilada Bina) – envolve maior foco no objeto de sua inveja e como você pode alcançá-lo para si mesmo.

2. A inveja ruim ou maligna – seu foco está na pessoa e desejando que ela não tenha a vantagem que você deseja.

No nosso amado Brasil, o povo ainda adjetiva o primeiro tipo como sendo a inveja branca, e o segundo tipo como inveja negra. Deixo a reflexão sobre esta nomeação para você.

A inveja nos apodrece

O fato é que a maioria de nós padece do primeiro tipo, e se não tratarmos apodreceremos  e cairemos no segundo tipo. A verdade é que as duas são asquerosas e constituem pecados mortais. Claro que a proporção e as consequências geradas por ambas diferem, mas ambas são nojentas (Em outro texto falaremos da crise de proporcionalidade que vivemos).

Voltando para minha história, espero que ela te ajude a ter lucidez sobre sua própria vida. Eu me peguei usando a comparação para objetivar metas de minha caminhada como fundador. Querendo ser como este ou aquele fundador, orar como este, liderar como aquele, ou pregar como aquele outro.

E de fato, estas pessoas são bons exemplos em cada uma destas áreas, mas não posso colocar este peso motivacional sobre eles, pois são homens. Neste caso o risco de idolatria é muito grande, além de ser injusto de minha parte. Veja, não estou falando de admiração e reconhecimento, que é saudável, permitido e aproxima os homens de bem. Este é outro caso, estou falando de comparação, onde eu desejo ter o que o outro tem, mesmo que o objeto de cobiça seja subjetivo, no caso vida de oração, estilo de liderança e comunhão com Deus.

Admiração sim, Comparação não

Só para deixar ainda mais claro veja o que o Aurélio nos ensina:

Admiração: disposição emocional que traduz respeito, consideração, veneração.

Comparação: paralelo feito entre dois termos de um enunciado com sentidos diferentes.

Ou seja, respeitar, considerar, e no caso dos santos, venerar, são disposições legais e aceitáveis à qualquer ser humano justo. Porém, fazer paralelos entre seres diferentes, situações diferentes e objetos (talentos, dons ou qualidades) diferentes, é injusto, e eu diria bem burro e ingrato de nossa parte.

Eu já estava começando a feder

E só para piorar, eu apenas descobri que era invejoso, quando já estava fedendo. Quando percebi que estava procurando defeitos nestes meus irmãos, ou em seus ministérios, com o intuíto de afagar meu ego. Dizendo para mim mesmo e, o pior, para os outros que também os admiravam, que eles não eram tão bons assim e que a glória por seus talentos nem era tão gloriosa assim.

Que vergonha! Eu sei. Invejar algo que é graça, fruto do Espírito Santo. É duro se ver todo esmerdeado (para quem não sabe, gíria para cheio de merda), mas o bom é que aí nasce a possibilidade de se limpar. Fiz penitência, me confessei, e o mais duro, procurei estes irmãos e reconheci para eles o que sentia, pedi perdão e busco hoje ser um homem livre. Sei que a frase “respeito pela diversidade”, está batida e distorcida hoje em dia, mas neste caso temos que entender que somos todos iguais, porém bem diferentes, somos únicos para Deus.

Não preciso ser como o outro, preciso ser como Deus me sonhou. Dar vazão aos talentos que Ele me deu, e não ficar diminuindo ou cobiçando o dom alheio. Sem contar que a meta para tudo deve ser o Cristo crucificado e ressuscitado.

A ajuda do Espírito Santo

Ontem enquanto orava no pico do Jaraguá, olhando para toda a cidade, era lembrado pelo Espírito, como sou nada, e como faço pouco pela salvação das almas. Eu preciso correr, e invejoso não corre, fica esperando carona.

Hoje no metrô, vi uma moça andando em minha frente com um terço na mão e fiquei feliz em perceber que não fiquei constrangido por que ainda não tinha orado meu terço diário. Na verdade, fiquei feliz por ter ficado feliz em saber que existem, na cidade de São Paulo, mais 7 mil homens que não se dobraram à Baal (1 Reis 19, 18), fiéis, devotos a nossa mãe Maria, e que portanto, eu não luto sozinho como um invejoso, luto em comunidade como os santos!

Bora lutar e nos livrarmos desta maldita inveja, todos os dias.

Leia mais sobre o pecado capital da inveja, e veja como a luta é longa e diária: https://blog.cristolibertador.com/7-pecados-capitais-inveja/