Formação sobre o Tríduo Pascal

Iniciamos hoje, a vivência do maior e mais importante tempo celebrado em nossa Igreja, e em nossas vidas, o tríduo pascal.

A Igreja, como Mãe, nos dá instrumentos através de sua tradição para fazer memória da Páscoa do Nosso Senhor, de maneira que possamos viver isso novamente.

Para isso, tivemos uma formação com o Pe. Bruno Muta Vivas sobre o tríduo pascal. Ela foi tão boa que gostaríamos de compartilhar com todos, para que essa graça se multiplique e você possa viver essa páscoa de maneira profunda.

Quinta-feira Santa

 O tríduo pascal começa na quinta-feira com a missa de lava-pés.

“Desejei ardentemente beber essa ceia convosco” (Lc 22,15).

Durante a ceia judaica, na noite que antecede o dia de Páscoa, os judeus sempre fazem a seguinte pergunta, como parte de seu rito: “O que tem essa noite de diferente de todas as outras noites? Ela foi a noite da libertação do povo hebreu, e eles fazem memória desta libertação.

A ceia de Jesus não era apenas uma despedida. Era também a última celebração da antiga aliança, que fora celebrada as pressas, na noite que antecedeu a libertação do povo hebreu da escravidão do Egito.

Quando Jesus celebra essa ceia, ele estabelece uma nova aliança, e por consequência, uma nova celebração.

Agora, a lembrança mais importante que possuímos, não é mais a libertação da escravidão que vivíamos no Egito, mas sim a aliança feita no sangue de Cristo.

Na quinta-feira existem quatro grandes acontecimentos que marcam a primeira celebração do tríduo:

  1. Instituição da Eucaristia (Lc 22,14-20);
  2.  Instituição do Sacerdócio (para perpetuar a instituição eucarística) – um grande presente de Deus para a humanidade;
  3.  Mistério do Mandamento Novo“Amai uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34-35).
    Jesus nos oferta o pleno cumprimento da lei.
  4. Espirito de Serviço que temos que ter pelo o outro, demonstrado no momento que Cristo lava os pés de seus apóstolos (Jo 13,1-17);

Durante muitos anos, o ato de lavar os pés na celebração da missa, não fazia parte da liturgia, porém esse ato foi inserido como forma de dar exemplo a todos cristãos.

A Mãe Igreja dá exemplo aos seus filhos lavando seus pés, para que assim, eles lavem os pés um dos outros.

Vigília eucarística da quinta para sexta

 Nessa vigília temos a oportunidade de fazer o que os apóstolos não conseguiram fazer. Estar com Jesus! Ser amigo Dele, rezar com Ele e vigiar.

No horto, Cristo fez sua oração sacerdotal e orou por nós. O evangelho traz algumas palavras dessa oração, porém Cristo orou a noite toda, com certeza Ele disse mais do que o que está escrito.

Estando com Cristo hoje, podemos ter a graça de escutar o que Ele diz e ora.

Sexta-feira Santa

 Esse é o dia de fazermos memória de todo Seu sofrimento.

Não existe nada de mais importante nesse dia. Não é dia de resolver as coisas, de fazer a unha, de ir fazer compra, de passear com os filhos, de viajar, de ir no shopping, nada disso.

Precisamos meditar as dores de Cristo para pararmos de infringir dores em Seu corpo, para pararmos de flagelar sua carne com os nossos pecados.

A tortura dos romanos naquela época, era uma tortura de tirar pedaços do corpo humano. Não sei se você já viu o filme do Mel Gibson – “A Paixão de Cristo”, apesar de o filme ser muito bom, ele não mostra nem 1/3 do que Cristo sofreu em sua flagelação.

“Posso contar meus ossos um a um, mas as pessoas me encaram com desprezo.” Sl 22,17

Diz o salmo que era possível contar os ossos de Jesus. Era possível contá-los, porque era possível vê-los, lateralmente, através dos buracos que foram feitos em sua carne.

Cristo passou a noite toda apanhando. Nós precisamos reparar essa dor vivendo hoje uma contrição profunda em nossa vida.

Nessa sexta feira precisamos tirar os cravos que colocamos na carne de Jesus.

É para isso que serve a Sexta da Paixão, nada além.

Como o padre nos disse:

Fazer o churrasco na sexta-feira santa já prepara o churrasco que se viverá no inferno.

Celebração da Santa Cruz

 Nessa celebração assistimos a morte de Cristo. Ao nosso lado está Maria Madalena, Maria e João.

Precisamos ouvir as frases dessa celebração como se estivéssemos no calvário. Frases ditas por nós e para nós.

É o único dia que adoramos a uma coisa, adoramos a Cruz.

A Cruz que foi a árvore que deu vida para cada um de nós, remete a árvore que nos tirou a vida do paraíso.

Nessa celebração a Igreja faz uma oração com muitos pedidos, pede pela Igreja, pelas vocações, pelos sacerdotes, por tudo. Isso é o que a Igreja Primitiva fez (Maria, Madalena e João).

É muito fácil imaginar que João pedia pelos apóstolos que não estavam lá naquele momento, com certeza ele reconheceu que era privilegiado de estar ali e pedia para os seus irmãos também.

Maria que pedia também por toda a Igreja.

E como eles, a Igreja continua fazendo a oração desses pedidos até hoje.

Sábado Santo

Continua sendo dia de profundo silêncio e retidão. O nosso noivo está morto.

A terra toda está em silêncio. A terra que geme na presença divina, se silencia nesse dia.

Nesse dia a Igreja não realiza nenhum sacramento e só pode dar comunhão para alguém que estiver morrendo.

Também, nesse dia a alma e a divindade de Jesus desceram à mansão dos mortos, para abrir as portas do céu para aqueles que já tinham morrido em santidade.

A morte de Cristo é universal e eterna, e atinge os séculos sem fim. Se estende para frente, até nós. Mas também para trás, até Adão.

Vigília Pascal

 É noite, é o momento daquela missa longa, mas tão bela.

A Igreja não se contém em si mesma de tamanha alegria do noivo que ressuscita, que passa à noite toda louvando ao Senhor.

Lembramos aquilo que Deus fez ao seu povo.

No início da celebração vemos a Luz de Cristo, que remete também a Luz do início dos tempos lá em Gênesis.

Na liturgia da palavra ouvimos as histórias de nossas famílias, desde Gênesis (Adão e Eva) até as cartas Paulinas. É como uma reunião em família que os avós e mais antigos contam a história de nossa origem. Nesse dia, a Igreja, nossa Mãe, conta essa história. É uma grande celebração em família. Esperamos ansiosos o momento da ressurreição de nosso Senhor, e o cumprimento de todas as profecias.

A noite mil vezes feliz!

Domingo de Páscoa

 Como Maria Madalena, Pedro e João, saímos correndo em direção ao Cristo ressuscitado.

Celebramos juntos com os apóstolos a vida de Cristo.

Esta pequena formação não pretende extinguir todos os ricos sentidos e significados de cada elemento do tríduo pascal, mas sim dar luzes para a melhor compreensão e vivência deste momento de nosso ano litúrgico, que consiste o ápice de nossa fé.

Esperamos que todos tenham uma Santa Páscoa!

Leia mais reflexões sobre A Paixão de Cristo:

Nada de maior nos acontecerá: https://blog.cristolibertador.com/nada-de-maior-nos-acontecera/

A minha cura está na Cruz de Jesus: https://blog.cristolibertador.com/a-sua-dor-esta-na-paixao-de-jesus/

Desculpa Jesus, não sabíamos ser seus amigos: https://blog.cristolibertador.com/desculpa-jesus-nao-sabiamos-ser-seu-amigo/

Faça a sua páscoa: https://blog.cristolibertador.com/faca-sua-passagem/

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Referências:

  • Catecismo da Igreja Católica. Edição Típica Vaticana. Edições Loyola, São Paulo, 2000.

Sacerdócio da Antiga Aliança: 1539-41,1591;

Sacerdócio de Cristo: 1544-47,1551,1554,cf. Cristo;

Antiga celebração dominical: 1342-43,2178;

Estrutura da celebração eucarística conservada pelos séculos: 1346;

Figuras da Eucaristia, 1094,1335;

Missa de todos os santos, 1345;

Origens de celebração eucarística, 2176;

Acontecimento da Páscoa, 640;

Celebração da Páscoa entre os cristãos e os Judeus, 1096;

Consequências da Páscoa de Cristo, 1225, 1449;

Consumação da Páscoa, 1096, 1164;

Cumprimento da Páscoa do Reino de Deus, 1403;

Dia da celebração da Páscoa, 1170;

Eucaristia, memorial da Páscoa de Cristo, 1340, 1362-66;

Nomes da Páscoa, 1169;

Realização da Páscoa de Cristo, 731;

Significação da Páscoa dos Judeus, 1363;

Última Páscoa da Igreja, 677;

Última Páscoa dos cristão, 1680-83;

União dos fiéis na Páscoa de Cristo, 793.