Ainda há tempo!

Irmão, hoje eu vim pro Rap pra falar de algo que há muito está no meu coração e que o Criolo expressa muito bem. A música “Ainda Há Tempo” foi lançada em 2006 no álbum de mesmo nome e desde lá a frase principal desse som (“As pessoas não são más, elas só estão perdidas”) ecoa na minha mente.

Em 2016 ela foi regravada em comemoração aos 10 anos do lançamento do disco, junto com mais 8 das 22 músicas que compunham o álbum original.

Em 2018, com debates como o da pena de morte, frases como “bandido bom, é bandido morto” etc, faz-se necessário que essa mensagem seja entendida.

Curte esse som aí comigo!

Por que as pessoas sadias adoecem?

Nós vivemos em uma sociedade adoecida e em cada um isso se manifesta de uma forma, mas no geral, nossa doença é a carência de amor e a carência do Amor. Tem gente que desde o ventre experimentou a rejeição, gente que desde a infância provou da ausência dos pais, gente que desde sempre viveu o abandono. Ou então, essas pessoas experimentaram e ainda experimentam a traição, o abuso, a exploração, o descrédito e por aí vai.

Também existem pessoas que nasceram em um berço de ouro, mas que são tão pobres que só o que têm é o dinheiro. Pessoas que sempre tiveram tudo, menos amor, a presença dos pais, que por vaidade, a mãe não amamentou; que por conta do trabalho, o pai não está na festa da escola; que por apego ao dinheiro, a família briga, enlouquece e aqui eu poderia dar diversos exemplos. Em ambos os casos, faltou desde sempre, a “atenção que dá colo ao coração”. Ah, e como isso faz adoecer!

Um coração doente é um coração perdido, um coração dolorido que precisa se mover para tentar vencer a dor. Soma-se a isso uma vida sem o Cristo e falta de orientação de pessoas que possam ajudar. Esse coração se move a caminhos que não curam a dor e só o levam a se perder mais…

Tá escrito o roteiro de mais um drama brasileiro. E nós chegamos no meio da história e queremos declarar que essa pessoa merece a morte?

Bandido bom é bandido morto!

Eu me inspirei a escrever esse texto quando vi esse tweet do Sargento Fahur (que é meio que um ícone da internet), e não só o tweet, mas a quantidade de retweets, curtidas e respostas em apoio. Não acho que o sargento não tenha motivos para pensar assim, afinal, a vida dele foi construída em cima de um inimigo: o bandido.

Mas e se o nosso inimigo fosse o crime e não o criminoso? E se o nosso inimigo fosse, de fato, o pecado e não o pecador?

É fácil apontar o dedo e dizer que o bandido tem que morrer porque roubou, porque matou, porque estuprou e porque fez o mal. Mas e eu? E você? Quantas vezes não matamos também? Quantas vezes não roubamos os outros com as nossas mentiras? Quantas vezes nós, homens, não chegamos a abusar de uma mulher só da forma com a qual olhamos para ela? Quantas vezes a gente não fez o mal por inveja, vingança, rancor etc? Somos tão pecadores quanto… Somos um mesmo povo!

Não quer dizer que alguém que comete um crime não tenha que ser preso e pagar na justiça, mas significa que se olharmos com raiva ou desprezo, essa pessoa só pode continuar sendo um bandido, mas se nosso olhar de misericórdia alcançá-lo e se levarmos a ele o olhar misericordioso do Cristo, pode ser que ele tenha vida novamente, bem como Jesus olhou com misericórdia para nós e hoje podemos ser Igreja.

E Jesus se alegra mais por um pecador que retornou do que por cem justos que nunca foram embora.

Pessoas não são más, elas só estão perdidas!

Todos temos uma primeira vocação: Ser santo. Deus não chamaria todos a serem santos se todos não pudessem ser santos. Deus não chama ao sacerdócio alguém que não pode ser padre, nem chama ao matrimônio alguém que não pode casar. Do mesmo jeito, o Senhor não chamaria todos a serem santos se a humanidade não pudesse ser boa, ser santa. Quem não busca a santidade está perdido, não encontrou sua verdadeira essência.

Nas visitas que nós, como Comunidade, fazemos às Fundações Casa, percebemos claramente que as pessoas não são más, elas só estão perdidas.

Nós olhamos em rostos e não conseguimos entender como aquela menina chegou até àquela situação. Então, pesquisando a história, não dá outra: a família é desestruturada, a menina sempre conviveu ao lado de drogas, em situações de carência, com péssimas influências ao seu redor e muitas vezes sem amor. Ela está perdida. Nunca se encontrou de fato.

Vida que leva o amor…

Nós precisamos nos curar e curar essa sociedade, nós precisamos amar mais! Precisamos colocar em prática o mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.

Porque como canta o Criolo:

“Cá pra nós, até o mais desandado dá um tempo na função quando percebe que é amado”.

A morte não é a solução para nada. Que ao invés de sentenciar a morte, nossos corações possam ser inspirados pelo refrão dessa música e que nossa vida possa levar O Amor. Ainda há tempo!

“Não quero ver você triste assim, não
Que a minha música vida possa te levar amor
Não quero ver você triste assim, não
Que a minha música vida possa te levar amor”